Foi
deputado pelas ilhas de São Jorge e Graciosa, juiz e autor de numerosas
publicações sobre a história da ilha de São Jorge e sobre temas da cultura
popular, incluindo numerosas recolhas de provérbios e cantigas tradicionais.
O
dr. João Teixeira Soares nasceu nos Terreiros, freguesia de Manadas, concelho
de Velas, filho do grande morgado e político Miguel Teixeira Soares de Sousa e
de sua mulher Maria Angélica Soares de Albergaria, família das mais abastadas
da ilha, detentora de importantes áreas agrícolas e ligada à produção de vinho
e de laranja.
Seguindo
o percurso típico dos jovens da classe abastada insular, aparentemente com o
objectivo de cursar Medicina, em Outubro de 1849 matriculou-se na Universidade
de Coimbra, onde obteve o grau de bacharel em Matemática em
1853 e de Filosofia em 1854. Tendo iniciado o curso de Medicina
em 1852, acabou por abandonar a Universidade sem o concluir.
Em
1854, regressou a São Jorge onde assumiu a direcção dos negócios familiares,
ingressando quase de imediato na política local: nos anos imediatos foi
escolhido para vereador da Câmara Municipal de Velas e depois nomeado
juiz substituto na comarca respectiva.
Nas
eleições gerais de 1864, foi eleito deputado, pelo novel círculo de S. Jorge e
Graciosa, partindo para Lisboa nos finais daquele ano.
Durante
a sua estadia em Lisboa, iniciou percursos de investigação da documentação
histórica referente à sua ilha natal, em particular no Arquivo da Torre do
Tombo. Desse labor resultou a transcrição de numerosos documentos e a
localização de outros que depois utilizará nos seus artigos sobre história
local.
A
solicitação de Teófilo Braga, recolheu numerosos contos, provérbios ditos e
cantigas populares, num trabalho pioneiro na recolha do cancioneiro e
romanceiro jorgense, transformando-se num dos principais colaboradores da obra “Cantos
Populares do Archipelago Açoriano” que Teófilo Braga editaria em 1876. É
também na revista “Era Nova” (1880/1881), dirigida por Teófilo Braga,
que se encontram dois textos da sua autoria, editados postumamente: “Camões
nas ilhas dos Açores” e “Os doze de Inglaterra” (estudo crítico-histórico).
Também de forma póstuma se encontra colaboração da sua autoria na “Revista
de Estudos Livres” (1883/1886) dirigida pelo mesmo.
Aproveitando
a proliferação que na época ocorreu na imprensa açoriana, manteve diversos
jornais em São Jorge, nos quais, a par de outros da ilha Terceira e da ilha de
São Miguel, publicou numerosos estudos históricos e etnográficos.
Com
apenas 54 anos de idade, faleceu na ilha de São Miguel,
ilha onde tinha ido procurar aconselhamento médico, após prolongada doença.
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