Nascida
e criada numa pequena vila na altitude da província de Arsi, no interior da
Etiópia, Dibaba, uma entre seis filhos, começou a praticar atletismo aos
quatorze anos de idade, em 1999.
A
sua primeira corrida internacional foi no ano seguinte, quando chegou em quinto
lugar na categoria juvenil do Campeonato Mundial de Cross-Country,
aos 15 anos.
As
suas mais importantes conquistas internacionais começaram em 2003, quando
ganhou a medalha de ouro nos 5 000 m do Campeonato Mundial de Atletismo.
Em 2005, em Helsinque, correndo contra a própria irmã mais velha, Ejegayehu
Dibaba, também atleta de elite internacional, e a compatriota Berhane Adere,
conquistou o ouro nas duas corridas de fundo, os 5 000 m e os 10 000 m, a
primeira mulher a realizar este feito num mesmo Campeonato Mundial. Em Atenas
2004, Dibaba ficou com a terceira posição e a medalha de bronze nos 5 000
m, o que causou certo desapontamento na imprensa especializada pelos seus
resultados anteriores mas, com apenas 19 anos, ela sagrou-se como a mais jovem nedalhada
etíope dos Jogos Olímpicos.
No
Campeonato Mundial de Osaka 2007, venceu a prova dos 10 000 m pela
segunda vez, depois de cair durante a corrida e se recuperar, completando então
quatro medalhas de ouro em campeonatos mundiais.
Em
Junho de 2008, conquistou o recorde mundial dos 5 000 m - 14:11.15 - no Grand
Prix de Atletismo de Oslo (ExxonMobil Bislett Games), no estádio
Bislett, local onde se bateram diversos recordes mundiais na história do
atletismo. A marca só foi batida em 2020, doze anos depois, pela sua
compatriota Letesenbet Gidey.
Lesões
afastaram-na dos dois campeonatos mundiais posteriores, Berlim 2009 e Daegu
2011. Retornando em Moscovo 2013, Dibaba conquistou pela terceira
vez o título mundial dos 10 000 m, a sua quinta medalha de ouro em Mundiais.
Conhecida
pelo seu final de corrida espectacular, Dibaba também é uma atleta vencedora de
cross-country, sendo cinco vezes campeã da prova em campeonatos mundiais
da modalidade.
Em
Agosto de 2008, sagrou-se campeã olímpica dos 10 000 m em Pequim 2008,
vencendo a prova em 29m54s6, recorde olímpico e a segunda melhor marca para a
distância na história e dos 5 000 metros, em 15m41s40. Foi a primeira mulher a
vencer as duas distâncias nos mesmos Jogos Olímpicos. Quatro anos depois, ela repetiu o primeiro
feito em Londres 2012, vencendo novamente os 10 000 m em 30m20s75. Por
coincidência, momentos antes de cruzar a chegada tornando-se bicampeã olímpica,
o polaco Tomasz Majewski também se sagrava bicampeão olímpico do lançamento de
peso, repetindo exactamente o que tinha acontecido em Pequim, quando os
dois venceram as duas finais de atletismo do primeiro dia da competição, ao
mesmo tempo, tornando-se campeões olímpicos juntos.
Após
os Jogos, Dibaba começou a experimentar distâncias mais longas. Estreou-se
em Setembro de 2012 na meia-maratona, na Bupa Great North Run, vencendo com
1:07.35. Em 2014, foi a vez de disputar a maratona, chegando em terceiro na Maratona
de Londres, com 2:20.35, um excelente tempo para uma estreante na prova dos
42,195 km. Por conta da gravidez do seu primeiro filho, retirou-se das pistas e
das competições durante toda a temporada de 2015.
De
volta às pistas no ano seguinte, na Rio 2016, Dibaba optou por disputar
apenas os 10 000 metros, tentando um então inédito tricampeonato olímpico nesta
distância, masculino ou feminino. Apesar de fazer a sua melhor marca pessoal na
prova, ficou apenas com a medalha de bronze e viu a compatriota Almaz Ayana
conquistar o ouro batendo o recorde mundial da distância, que durara 23 anos.
Em
2017, competindo na sua segunda maratona, conquistou o novo recorde nacional
etíope com a marca de 2:17:56, ficando em segundo lugar na Maratona de
Londres. No Campeonato Mundial de Atletismo do mesmo ano, também em
Londres, Dibaba voltou a correr os 10 000 metros, ficando com a medalha de
prata na prova ganha novamente por Ayana. Aos 31 anos de idade, foi a sua
primeira derrota nesta prova em mundiais desde Helsinque 2005.
Dibaba
é casada com o fundista etíope e medalhista olímpico Sileshi Sihine - o
casamento foi um acontecimento nacional na Etiópia, transmitido pela televisão
para todo o país e reunindo meio milhão de pessoas na praça principal da
capital Addis Abeba que assistiu à cerimónia. Têm um filho, Nathan, nascido em
2015, e tem a alcunha de «destruidora com cara-de-bebé» no meio do
atletismo. A sua irmã mais nova, Genzebe Dibaba, é a recordista mundial dos 1
500 metros e a família Dibaba - que também inclui a irmã mais velha Ejegayehu,
medalha de prata em Atenas 2004 e a prima Derartu Tulu, primeira negra
africana a conquistar o ouro olímpico em Barcelona 1992 - é considerada
a mais rápida do mundo.
O
dinheiro ganho pela família com os patrocínios do atletismo fez deles magnatas
do mercado imobiliário etíope e um hotel de luxo, o Tirunesh Hotel, foi
inaugurado em 2016 na principal avenida da capital.
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