"Escrita - Acto Solitário, mas que se deve Partilhar" - Gabriel de Sousa *** "Quanto mais envelhecemos, mais precisamos de ter que fazer" - Voltaire *** "Homens de poucas palavras são os melhores" - Shakespeare *** "Um Banco é como um tipo que nos empresta o chapéu-de-chuva quando está sol e que o pede assim que começa a chover" - Mark Twain
quinta-feira, 30 de junho de 2005
quarta-feira, 29 de junho de 2005
- Mãe, vou casar!...
- Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça?
- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.
- Você falou Murilo... ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
- Eu falei Murilo. Porquê, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
- Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo óptimo.
- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
- Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.
- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea...
- E quando eu vou conhecer o meu... a minha... o Murilo?
- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
- Tá! Biscoito... Já gostei dele. Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui?
- Porquê?
- Por nada. Só p'ra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
- Você acha que o papai não vai aceitar?
- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espectáculo as duas metades com bigode.
- Mãe, que besteira... hoje em dia... praticamente todos os meus amigos são gays.
- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... p'ra poder apresentar p'ra tua irmã.
- A Bel já tá namorando.
- A Bel? Namorando?! Ela não me falou nada... Quem é?
- Uma tal de Veruska.
- Como?
- Veruska...
- Ah! bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
- Mãe!!!...
- Tá.... tá... tudo bem... Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto.
- Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides e a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
- Quando ele era hétero... A Veruska.
- Que Veruska?
- Namorada da Bel...
- "Peraí". A ex-namorada do teu actual namorado... É a actual namorada da tua irmã... que é minha filha também... que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...
- É isso. Pois é... a Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
- De quem?
- Da Bel.
- Mas... logo da Bel?! Quer dizer então... que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska.
- Isso.
- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
- Em termos...
- A criança vai ter duas mães: você e o Biscoito. E dois pais, a Veruska e a Bel.
- Por aí...
- Por outro lado, a Bel... além de mãe, é tia... ou tio...porque é tua irmã.
- Exacto. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
- Só trocar, né? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.
- Exacto!
- Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...
- Entendeu o quê?
- Entendi que é uma espécie de troca dos tempos modernos!
- Que troca, mãe?!!
- É troca, sim! Uma troca de casais... com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...
- Mas...
- Mas... uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... com incesto no meio...
- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
- Sei!!!... E quando elas quiserem ter filhos...
- Nós ajudamos.
- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide... A única coisa que eu entendi é que...
- Que?...
- Fazer árvore genealógica daqui p'ra frente... vai ser uma MEEERRRDAAA...
Texto de Luiz Fernando Veríssimo
terça-feira, 28 de junho de 2005
Eis o texto na íntegra:"O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará.
Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante.
Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.
CONSIDERO:
QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ella e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer; conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas;
QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE.
A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos,
Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha
(Sergipe), 15 de outubro de 1833.".
domingo, 26 de junho de 2005
Um casal tinha dois filhos, um de 8 e outro de 10 anos, que eram umas pestes. Os pais sabiam que se houvesse alguma travessura onde moravam, eles com certeza estariam metidos nela.
A mãe das crianças soube que o novo padre da cidade tinha tido bastante sucesso em disciplinar crianças. Então, foi pedir ao padre que falasse com os meninos. O padre concordou, mas pediu para vê-los separadamente.
A mãe mandou primeiro o filho mais novo. O padre, um homem alto com uma voz de trovão, sentou o menino e perguntou-lhe austeramente:- Onde está Deus?O miúdo abriu a boca, mas não conseguiu emitir nenhum som, ficou sentado, com a boca aberta e os olhos arregalados.
Então, o padre repetiu a pergunta num tom ainda mais severo:- Onde está Deus?Mais uma vez o miúdo permaneceu de boca aberta sem conseguir emitir uma resposta. Então, o padre levantou ainda mais a voz e, com o dedo no rosto da criança, berrou:- ONDE ESTÁ DEUS?O miúdo saiu correndo da igreja directamente para casa e trancou-se no quarto. Quando o irmão mais velho chegou, perguntou-lhe:- O que aconteceu?O irmão mais novo, ainda tentando recuperar o fôlego, respondeu:- Desta vez estamos lixados... Deus desapareceu e acham que fomos nós!
sábado, 25 de junho de 2005
sexta-feira, 24 de junho de 2005
No outro dia, quando me ia deitar, notei que havia alguém a roubar dentro da minha garagem .
Liguei para a polícia, mas disseram-me que não havia ninguém por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém logo que possível.Desliguei.
Um minuto depois liguei de novo:
- Olá – disse eu. - Liguei há bocado porque estavam pessoas na minha garagem. Já não é preciso virem depressa, porque eu matei-os.
Passados alguns minutos, estavam meia dúzia de carros da polícia na área, uma ambulância e uma unidade do INEM.Apanharam os ladrões em flagrante. Um dos polícias disse-me:
Ao que eu respondi:
O amor não é algo que te faz sair do chão e te transporta para lugares que nunca viste.
O nome disso é avião.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que escondes dentro de ti e não mostras para ninguém.
Isso se chama vibrador tailandês de três velocidades.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala.
O nome disso é bronquite asmática.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que chega de repente e te transforma em refém.
Isso se chama sequestrador.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que voa alto no céu e deixa sua marca por onde passa.
Isso se chama pombo com caganeira.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que tu podes prender ou deitar fora de casa quando bem entender.
Isso se chama cão.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que lançou uma luz sobre ti, te levou para ver estrelas e te trouxe de volta com algo dele dentro de ti.
Isso se chama extraterrestre.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que desapareceu e que, se encontrado, poderia mudar o que está diante de ti.
Isso se chama controle remoto de TV.
O amor é outra coisa.
O amor é simplesmente... o amor.
(recebido por e-mail, autor desconhecido)
quarta-feira, 22 de junho de 2005
(quadras)
1
Nunca mais eu vou faltar
Às festas Sebastianas
Vi coisas de espantar
Até troquei as pestanas !
2
O cortejo a desfilar
Freamunde está em festa
Passam bandas a tocar...
...Eu hoje não durmo a sesta
3
Sorriem os corações
Há alegria a granel
Cor e iluminações
Vacas de fogo e o mel
4
Vejo nesta procissão
O sentimento que encerra:
- Viva São Sebastião
Padroeiro desta Terra !
Gabriel de Sousa

domingo, 19 de junho de 2005
de David Mourão Ferreira
sábado, 18 de junho de 2005
Sabe como salvar cinco advogados que estão a afogar-se?
R: Não.
- Óptimo!
Porque será que as cobras não mordem os advogados?
R: Ética profissional.
Como saber se um advogado está a mentir?
R: Seus lábios estão mexendo.
Qual a diferença entre uma pulga e um advogado?
R: Um é um parasita que suga o sangue até ao fim, o outro é um pequeno insecto.
Quais as perguntas mais frequentes feitas pelos advogados?
. Quanto dinheiro tem?
. Onde pode conseguir mais?
. Tem alguma coisa que possa vender?
Boas notícias: Um autocarro de advogados caiu de um penhasco; não houve sobreviventes.
Má notícia : Havia três lugares vazios.
sexta-feira, 17 de junho de 2005
(Em pleno século XXI...)
de Olympia Salete Rodrigues (Brasil)
Dia Santo. Feriado.
Mas o operariado
teria que trabalhar dia inteiro.
(Lei espertinha
do capitalismo matreiro.)
Alguém se revoltou,
os outros o seguiram,
e a revolta se generalizou.
O patrão - com pena ou medo? -
deixou que trabalhassem
só (?) meio expediente.
(Vejam bem que bonzinho...
Chega a ser comovente!)
E o operariado, sem nenhuma alegria,
mas cheio de garra,
soltou seu grito de guerra:
“Vamo güentá essa barra!”
... E trabalhou meio-dia...
É só uma historinha realista
deste triste, irónico e imundo
mundinho capitalista...
quinta-feira, 16 de junho de 2005
de Irene Lisboa
Formosa.
Esses peitos pequenos, cheios.
Esse ventre, o seu redondo espraiado!
O vinco da cinta, o gracioso umbigo, o escorrido
das ancas, o púbis discreto ligeiramente alteado,
as coxas esbeltas, um joelho único suave e agudo,
o coto de um braço, o tronco robusto, a linha
cariciosa do ombro...
Afrodite, não chorei quando te descobri?
Aquele museu plácido, tantas memórias da Grécia
e de Roma!
Tantas figuras graves, de gestos nobres e de
frontes tranquilas, abstractas...
Mas aquela sala vasta, cheia, não era uma necrópole.
Era uma assembleia de amáveis espíritos, divagadores,
entre si trocando serenas, eternas e nunca
desprezadas razões formais.
Afrodite, Afrodite, tão humana e sem tempo...
O descanso desse teu gesto!
A perna que encobre a outra, que aperta o corpo.
A doce oferta desse pomo tentador: peito e ventre.
E um fumo, uma impressão tão subtil e tão provocante
de pudor, de volúpia, de reserva, de abandono...
Já passaram sobre ti dois mil anos?
Estranha obra de um homem!
Que doçura espalhas e que grandeza...
És o equilíbrio e a harmonia e não és senão corpo.
Não és mística, não exacerbas, não angustias.
Geras o sonho do amor.
Praxíteles.
Como pudeste criar Afrodite?
E não a macerar, delapidar, arruinar, na ânsia de
a vencer, gozar!
Tinha de assim ser.
Eternizaste-a!
A beleza, o desejo, a promessa, a doce carne...
segunda-feira, 13 de junho de 2005
ADEUS
de Eugénio de Andrade
Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.
Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

de Gomes Leal
Porque andas tu mal comigo
Ó minha doce trigueira
Quem me dera ser o trigo
Que andando pisas na eira
Quando entre as mais raparigas
Vais cantando entre as searas
Eu choro ao ouvir-te as cantigas
Que cantas nas noites claras
Por isso nada me medra
Ando curvado e sombrio
Quem me dera ser a pedra
Em que tu lavas no rio
E falam com tristes vozes
Do teu amor singular
Aquela casa onde coses
Com varanda para o mar
domingo, 12 de junho de 2005
de Olavo Bilac
Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior... Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prémio e meu castigo,
baptismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

sábado, 11 de junho de 2005
2 – Afonso Costa (1871/1937). Advogado, parlamentar e ministro. Como Ministro das Finanças extinguiu o défice orçamental...
3 – João Chagas (1863/1925). Jornalista, escritor e diplomata.
4 – Cândido dos Reis (1852/1910). Militar e revolucionário. Suicidou-se em 1910.
5 – França Borges (1871/1915). Jornalista, escritor e político.
6 – Sidónio Pais (1872/1918). Militar, professor, diplomata, ministro e Presidente da República. Assassinado em Dezembro de 1918.
de José Craveirinha
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
sexta-feira, 10 de junho de 2005
Mário Cesariny
POEMA
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
quinta-feira, 9 de junho de 2005
Eu sou do tempo em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!
A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!
As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.
Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!
NB: - respeitada a ortografia brasileira
quarta-feira, 8 de junho de 2005
Florbela Espanca
FRÉMITO DO MEU CORPO...
Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...
E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...
terça-feira, 7 de junho de 2005
UM POETA DE VEZ EM QUANDO
Joaquim Pessoa
SONETO ANTI-COLONIALISTA
Ah Diogo! Ah Cão! Em que desaire
Pretendes colocar o teu padrão?
El-rei morreu. As naus de clarear
São agora de um povo nosso irmão.
Dispensámos as balas e os escravos
E mais para diante navegamos.
Negreiros não. Dissemos sim aos cravos.
O mar não dói. E a terra não tem amos.
Ah Diogo! Ah Cão! Que resultado
Esperavas deste povo a ver morrer
O seu corpo na farda de soldado?
Esta nau do futuro há-de vencer!
Mas há cães que só ladram o passado
Porque o presente é duro de roer!
segunda-feira, 6 de junho de 2005
domingo, 5 de junho de 2005
(quadras)
Para vencer o destino
Eu gritei como a cigarra
Aprendi desde menino:
O sonho também se agarra
Acredita no destino
Aguenta a tua barra
Mesmo sendo pequenino
O sonho também se agarra
Tanto choro e tanta dor
Tanto riso e tanta farra
Se viveres com amor
O sonho também se agarra
Que o destino não varra
Tanta pessoa querida
O sonho também se agarra
Mas é preciso ter vida
Olho as cordas da guitarra
E dou por mim a pensar
O sonho também se agarra
Se nós soubermos lutar
Gabriel de Sousa
* A pressa é inimiga da conexão!
* Amigos, amigos, senhas aparte.
* Antes só do que em chats aborrecidos!
* Arquivo dado não se olha o formato!
* Diga-me qual a sala de chat que você frequenta e te direi quem és!
* Para todo bom provedor uma senha basta.
* Não adianta chorar sobre o arquivo deletado.
* Em briga de namorados virtuais, não se mete o rato!
* Hacker que ladra, não morde!
* Rato sujo se limpa em casa!
* Melhor prevenir que formatar.
* O barato sai caro e lento...
* Programa velho é que faz site bom...
* Quando a esmola é demais, o santo desconfia que veio algum vírus anexado!
* Quem clica seus males multiplica!
* Quem com vírus infecta, com vírus será infectado!
* Quem envia o que quer, recebe o que não quer!
* Quem não tem banda larga, caça com modem!
* Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla!
* Quem tem dedo vai a Roma.
* Um é pouco, dois é bom, três é chat!
* Vão-se os arquivos e ficam os backups!
* Não deletei, não sei quem deletou e tenho raiva de quem deleta!
* O backup morreu de velho!
* É nos menores chips que se encontram as melhores informações!
... Natália Correia
Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Arquivo do blogue
-
▼
2005
(495)
-
▼
junho
(41)
- Avaria informática...(cliquar com o rato para ampl...
- a crise...
- DIÁLOGO SURREAL? - Mãe, vou casar!...- Jura, meu...
- SENTENÇA CONDENATÓRIA DE ALAGOAS, DE 1833. Eis o...
- OS PESTINHAS Um casal tinha dois filhos, um de 8 ...
- Clique para ampliar.
- PARA SORRIRNo outro dia, quando me ia deitar, note...
- UMA VISÃO BEM-HUMORADA DO AMORO amor não é algo qu...
- Os brasileiros não perdoam ao treinador os últimos...
- FESTAS SEBASTIANAS(quadras) 1Nunca mais eu vou fa...
- PENÉLOPEde David Mourão Ferreira mais do ...
- ANEDOTAS SOBRE ADVOGADOSSabe como salvar cinco adv...
- A VIDA NA FÁBRICA(Em pleno século XXI...)de Olympi...
- AFRODITEde Irene Lisboa Formosa.Esses peitos peque...
- Para afixar na casa de banho...
- Preito de Homenagem no Dia da Sua Morte TerrenaADE...
- Abstraindo-me de quaisquer comentários, sobretudo ...
- A CANTIGA DO CAMPOde Gomes LealPorque andas tu mal...
- POSTAL ANTIGOGomes da Costa (1863/1931).Militar e ...
- UM BEIJOde Olavo BilacFoste o beijo melhor da minh...
- Desapareceu um símbolo da Revolução dos Cravos. Ut...
- POSTAIS ANTIGOS – personalidades portuguesas: ...
- GRITO NEGROde José CraveirinhaEu sou carvão!E tu a...
- POSTAL comemorativo do IV Portugal – Espanha em fu...
- «Use borrachinha!»
- UM POETA DE VEZ EM QUANDO:Mário CesarinyPOEMAEm to...
- POEMINHA DE LOUVOR AO "STRIP-TEASE" SECULAR d...
- UM POETA DE VEZ EM QUANDO:Florbela EspancaFRÉMITO ...
- PATRÃO ESPERTO O empregado entrou no escritório ...
- UM POETA DE VEZ EM QUANDOJoaquim PessoaSONETO ANTI...
- UM POETA DE VEZ EM QUANDO:Matilde Rosa AraújoHISTÓ...
- Dias «Disto» e «Daquilo»...
- O SONHO TAMBÉM SE AGARRA(quadras)Para vencer o des...
- DITADOS POPULARES ADAPTADOS À ERA INFORMÁTICA.* A ...
- UM POETA DE VEZ EM QUANDO...... Natália CorreiaAut...
- (sem legenda)
- «Pirata Informático»
- UM POETA DE VEZ EM QUANDO...... José RégioSONETO D...
- UM POETA DE VEZ EM QUANDO...... José Carlos Ary do...
- PORQUÊ?- Por que é que os naturais de Espanha são ...
- SENSIBILIDADE MASCULINA...Um homem estava em coma ...
-
▼
junho
(41)
Links interessantes e (ou) úteis
Acerca de mim

- Gabriel de Sousa
- - Lisboa, Portugal
- Aposentado da Aviação Comercial, gosto de escrever nas horas livres que - agora - são muitas mais...