quarta-feira, 30 de novembro de 2022

30 DE NOVEMBRO - ANDRÉ BRADFORD

EFEMÉRIDE - André Jorge Dionísio Bradford, jornalista e político português, nasceu em Ponta Delgada no dia 30 de Novembro de 1970. Morreu na mesma cidade em 18 de Julho de 2019.

Depois de uma destacada carreira política pelo Partido Socialista no Arquipélago dos Açores, foi eleito como deputado para o Parlamento Europeu, tendo exercido apenas durante um curto período, devido à sua morte súbita.

Era filho de mãe açoriana e pai americano. Licenciou-se em Comunicação Social e Cultural na Faculdade de Ciências Humanas do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica e, depois, concluiu o mestrado em Teoria e Ciência Política e o 2º ano do curso de Direito, igualmente na Universidade Católica. Era doutorando em Ciências da Comunicação, na mesma Universidade, com investigação na área da Comunicação Política.

Trabalhou como jornalista no “Açoriano Oriental” desde 1992 e no “Diário de Notícias” em 1997. No “Açoriano Oriental”, foi adjunto do director editorial da empresa Açormedia e colaborou como comentador político e colunista em diversos órgãos da comunicação social.

Em 2000, assumiu funções de assessor de imprensa na Secretaria Regional do Ambiente do Governo dos Açores, tendo posteriormente sido assessor político e secretário regional.

Em 2001, empregou-se no gabinete do presidente do Governo dos Açores, inicialmente como assessor de Cooperação Externa e, depois, como assessor dos Assuntos Políticos.

Em 2006, passou a ser o coordenador da Comissão Permanente da divisão açoriana do Partido Socialista, tendo sido nomeado como deputado ao Parlamento Regional, em 2004 e 2008.

Entre 2008 e 2012, ocupou a posição de secretário Regional da Presidência do Governo Regional dos Açores.

Em 2016, tornou-se presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista na Assembleia Legislativa Regional dos Açores.

Em 26 de Maio de 2019, foi eleito para o Parlamento Europeu, tendo sido destacado pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas para fazer parte das comissões da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e das Pescas, e da Delegação para as Relações com os Estados Unidos.

Seria igualmente um membro suplente da Delegação para as Relações com o Canadá e da Comissão do Desenvolvimento Regional. Substituiu o eurodeputado Ricardo Serrão Santos. No entanto, exerceu durante pouco tempo, devido ao seu falecimento, tendo sido rendido no Parlamento Europeu por Isabel Estrada Carvalhais.

Em 8 de Julho de 2019, sofreu um episódio de síncope e paragem cardiorrespiratória na sua habitação, em Ponta Delgada. Transportado de emergência para o Hospital do Divino Espírito Santo, na mesma cidade, foi colocado em coma induzido, tendo falecido dez dias depois. Tinha 48 anos de idade, estava casado e era pai de quatro filhos.

Na sequência do seu falecimento, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, emitiu uma nota de pesar. Também o presidente da Delegação Socialista no Parlamento Europeu, Carlos Zorrinho, a delegação nacional do Partido Socialista, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, o Governo dos Açores, e as divisões açorianas do Partido Popular Monárquico, do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda publicaram notas de pesar.

A divisão açoriana do Partido Socialista elogiou André Bradford pela sua inteligência e capacidade como orador e destacou os seus esforços na defesa dos interesses do arquipélago, enquanto que a delegação do Partido Social Democrata colocou as bandeiras a meia-haste e suspendeu todas as acções partidárias durante vários dias.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

29 DE NOVEMBRO - ANA SOFIA MARTINS

EFEMÉRIDE - Ana Sofia Martins, modelo, apresentadora de televisão e actriz portuguesa, nasceu em Lisboa no dia 29 de Novembro de 1986.

Ana Sofia é filha de pai cabo-verdiano e mãe portuguesa. Viveu com o pai nas semanas após a mãe ter saído de casa. Foi educada pelos padrinhos do irmão.

Aos 15 anos de idade, foi abordada na rua por uma agência de modelos. Entrou para a agência DXL e ingressou no circuito da moda internacional. Venceu um concurso em Portugal, que a levou a viajar para Istambul, na Turquia, de modo a representar o país na final do “Look Models International”. Saiu de lá com o 1º lugar e com contratos de algumas agências internacionais.

Ana Sofia participou em inúmeras campanhas publicitárias, destacando-se a da Benetton, que a catapultou para a fama, seguida de outras como MAC e Victoria’s Secret.

Na sua carreira de modelo salientam-se ainda editoriais de moda na “Marie Claire”, “Glamour” e “Cosmo Girls”, entre muitos outros. Desfilou para Narciso Rodriguez, Perry Ellis e Baby Phat.

Reconhecida como uma das manequins que mais se destacaram em 2009, foi nomeada na categoria de “Moda: Melhor Modelo Feminino” dos Globos de Ouro de 2010, a XV Gala. Seria posteriormente nomeada em 2011, 2013 e 2014.

Em Julho de 2012, vence o casting da MTV Portugal, tornando-se VJ do canal, ao lado de Diogo Dias.

Em Abril de 2014, lançou o seu próprio blog, o “Universo da Ana Sofia”, e tornou-se apresentadora da SIC Mulher com o programa A Minha Vida Dava um Blog. No mesmo ano, 2014, apresentou a cerimónia de entrega dos Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema.

Já em 2015, Ana Sofia entrou no mundo da representação a convite de José Eduardo Moniz, para protagonizar a novela “A Única Mulher”, da TVI. Ainda na TVI, foi protagonista da também premiada “Ouro Verde” (2017).

Em 2018 representou o papel de Carolina em “Valor da Vida”.

A actriz casou-se com o músico David Fonseca em 27 de Setembro de 2019. À cerimónia, realizada numa quinta de Cascais, assistiram apenas familiares e amigos mais próximos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

28 DE NOVEMBRO - ED HARRIS

EFEMÉRIDE - Edward “Ed Allen Harris, actor e realizador norte-americano, nasceu em Englewood, Nova Jersey, no dia 28 de Novembro de 1950

Popularizou-se com os filmes “The Right Stuff”, “O Segredo do Abismo”, “Apollo 13”, “O Show de Truman - O Show da Vida” e, também, .com o telefilme “Game Change” e a série da HBO, “Westworld”.

O pai era cantor e a mãe uma agente de viagens. Durante os anos de escola, foi atleta de destaque, o que lhe valeu uma bolsa para estudar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Alguns anos mais tarde, a família mudou-se para Oklahoma, onde Harris descobriu o seu interesse pela representação.

Uma vez em Oklahoma, inscreveu-se na Faculdade de Artes Cénicas da universidade estadual. Começou a actuar diante do público no teatro local, onde conseguiu um sucesso notável. Com isto, mudou-se para Los Angeles, onde continuou os estudos de interpretação no California Institute of the Arts.

O primeiro papel importante que desempenhou no cinema foi em “Borderline”, com Charles Bronson, no qual interpretou um assassino. Actuou noutros filmes até que, em 1983, se tornou uma estrela, devido à sua participação em “The Right Stuff”, que relata a história dos primeiros astronautas americanos de maneira humorística. O seu papel foi o de John Glenn. A partir de então, Harris foi ganhando fama como actor, interpretando todo o tipo de personagens em diversos filmes.

Foi nomeado para os Oscars por quatro vezes, três como Melhor Actor coadjuvante e uma como Actor principal.

Mais recentemente, demonstrou interesse pela realização. Estreou-se como realizador, em 2000, com o filme “Pollock”, com o qual ganhou vários prémios.

Harris está casado, desde 1983, com Amy Madigan, com quem tem uma filha.

Durante a sua carreira, já actuou em cerca de 80 filmes (1978/2019), 15 séries televisivas (1976/2016) e oito telefilmes (1977/2012).  Realizou dois filmes.

domingo, 27 de novembro de 2022

27 DE NOVEMBRO - SOARES DE PASSOS

EFEMÉRIDE - António Augusto Soares de Passos, poeta, expoente máximo do Ultra-Romantismo em Portugal, nasceu no Porto em 27 de Novembro de 1826. Morreu na mesma cidade em 8 de Fevereiro de 1860.

Nascido no seio da média burguesia comerciante portuense, viveu largas temporadas da infância com o pai ausente, fugindo às perseguições que lhe moveram durante as guerras civis pelas suas ideias liberais, o que terá marcado o temperamento algo soturno do jovem António Augusto. Tendo aprendido francês e inglês durante a juventude, ingressou na Universidade de Coimbra, em 1849, para cursar Direito.

Em Coimbra, conviveu com outros estudantes do Porto, como Alexandre Braga, Silva Ferraz e Aires de Gouveia, com quem fundou, em 1851, a revista “Novo Trovador”.

Em 1854, já formado, regressou ao Porto e, depois de uma passagem pelo Tribunal da Relação do Porto, decidiu dedicar-se exclusivamente à literatura, colaborando activamente em jornais de poesia - “O Bardo” (1852/1854), “A Grinalda” (1855/1869) e preparando a edição em volume das suas “Poesias” (1856).

Para a sua celebridade contribuiu não apenas a sua imagem de misantropo e a frequência dos salões portuenses, como também o bom acolhimento dos críticos, nomeadamente de Alexandre Herculano que, em carta, considerou Soares de Passos como «o primeiro poeta lírico português deste século» (referindo-se ao século XIX).

A sua qualidade pode ser creditada ao fato de ter escrito com autenticidade, pois os sentimentos derramados nos seus textos são os que realmente viveu, já que foi pessoa extremamente sofrida, por vezes dominada por uma doença que, reza a lenda, o deixou preso durante anos no seu quarto. Isso explica a proeza de ter trabalhado muito bem com clichés que, nas mãos dos outros poetas, são extremamente ridículos. Melhor exemplo disso é “O Noivado no Sepulcro”.

Os seus poemas são fruto de uma angústia da sensação da proximidade da morte precoce mesclada ao desgosto pela situação em que se encontrava o seu país. O incrível é que sabe alternar esses aspectos soturnos a momentos de extrema confiança na mudança das condições sociais. Essas oposições dramáticas talvez sejam a causa da visão trágica com que o poeta enxerga o mundo. Quando parte para a religião, enfoca a tragédia de Deus castigando todos; quando enfoca a História, mostra uma sucessão de episódios lastimosos; quando olha o quotidiano, enxerga somente a desgraça.

Sendo um poeta muito divulgado no seu tempo, morreu precocemente aos trinta e três anos, vítima da tuberculose, deixando um único livro - “Poesias” - onde confluem todas as tendências do imaginário poético seu contemporâneo. Foi sepultado no Cemitério da Lapa, no Porto.

sábado, 26 de novembro de 2022

26 DE NOVEMBRO - JORGE LISTOPAD

EFEMÉRIDE - Jorge Listopad (František Listopad, nascido Jiří Synek), escritor, crítico, realizador, encenador e professor português de origem checoslovaca (hoje checa), nasceu em Praga no dia26 de Novembro de 1921. Morreu em Lisboa, em 1 de Outubro de 2017. Em Portugal, naturalizou-se em 1962, adoptando o nome pelo qual ficou conhecido.

Listopad era doutor em Filosofia pela Universidade Carolinum (Praga), estando há várias décadas a residir em Portugal.

Encenou cerca de 60 peças e óperas na Checoslováquia, França, Alemanha, Suíça e Portugal. Colaborador da ORTF (Paris) e da RTP, realizou algumas centenas de programas dramáticos, sociológicos e antropológicos. Foi também autor de cerca de 40 livros de prosa, poesia e ensaio, escritos em português, checo, francês, sueco, italiano, lituano e servo-croata.

Pertenceu à resistência e obteve pelos serviços prestados à causa da liberdade a Medalha do Presidente Tito.

Foi membro da Associação Portuguesa de Escritores, do Pen-Club Internacional, da Sociedade Portuguesa de Autores e da Associação Internacional de Críticos de Teatro.

Sobre a sua vida e obra foram realizados e projectados dois filmes: um da autoria do cineasta checo Jan Nemec (2000), e outro da autoria do cineasta português Pedro Sena Nunes - “Quatro estações e Outono” (2018).

Em Paris, onde permaneceu durante dez anos, escreveu no “Parallele 50” ao mesmo tempo que trabalhava na televisão. Na capital francesa, conheceu pessoalmente Aragon, Beckett, Camus, Céline, Cocteau, Ionesco, Malraux, Marcel Marceau, Marguerite Duras, Mitterrand, Romain Rolland, Sartre e Tristan Tzara, entre outros. Em 1958, deixou de trabalhar para a ORTF e passou a residir em Portugal.

Funda a RTP Porto, no Monte da Virgem, e entrou para os quadros da RTP como realizador de televisão. No Porto, encontrar-se com a intelectualidade portuense - Agustina Bessa-Luís, Ângelo de Sousa, António-Pedro Vasconcelos, Fernando Echevarría, Eugénio de Andrade, Marcela Torres, Óscar Lopes, Sophia de Mello Breyner Andresen, etc.

A convite do antropólogo Jorge Dias, Jorge Listopad veio para Lisboa leccionar Antropologia do Quotidiano no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Foi director da Sala Experimental do Teatro Nacional D. Maria II e vogal da Comissão Consultiva do mesmo teatro, de 1983 a 1986.

Em 1981, criou o Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa e dirigiu-o até 2008.

Foi presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema. Criou um novo edifício para a Escola Superior de Teatro e Cinema, na Amadora, com projecto do arquitecto Manuel Salgado.

Foi membro da Comissão Cultural da Universidade Técnica de Lisboa.

Depois da segunda guerra mundial, fundou com colegas o jornal “Mladá Fronta”, que ainda hoje se publica em Praga.

Colaborou nos principais jornais portugueses e checos, nomeadamente “O Comércio do Porto”, “Diário de Notícias”, “Diário de Lisboa” e “Expresso”, mantendo, à data da sua morte, as rubricas “Segunda Via” e “Coelhinho” no “Jornal de Letras, Artes e Ideias”.

Jorge Listopad faleceu a 2017, em Lisboa, aos 95 anos de idade.

Em Portugal, como encenador, recebeu quatro Prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.

Jorge Listopad recebeu o Prémio Bordalo (1969), ou Prémio da Imprensa, como encenador na categoria Teatro, pela peça “A Dança da Morte”, partilhado com o encenador Norberto Barroca (“Fando e Lis”). Em cerimónia realizada em 1970, a Casa da Imprensa distinguiu na mesma categoria (Teatro) os actores Cármen Dolores e João Perry e o autor Alves Redol a título póstumo. O Prémio Revelação foi para a actriz Manuela de Freitas e dois Prémios Especiais de Mérito foram atribuídos aos Grupos Cénicos das Faculdades de Direito e de Letras da Universidade de Lisboa.

Como encenador da peça “O Fim”, partilhou o Prémio Bordalo (1971), ou Prémio da Imprensa, entregue pela Casa da Imprensa em 1972, na categoria Teatro, com o encenador Carlos Avilez (“Ivone, Princesa da Borgonha”). Nesta categoria foram também distinguidos os actores Manuela de Freitas, Glória de Matos, Rui de Carvalho, António Montez e Maria Vitória (Revelação) e o cenógrafo Rui Mesquita.

Em 8 de Janeiro de2015, foi feito grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Fora de Portugal, Listopad foi distinguido com: Medalha Militar Checoslovaca da Resistência (1945); nomeado Companheiro do Marechal Tito (1946); Prémio da Academia de Artes e Ciências de Praga, pelo conjunto da sua obra; 1º Prémio do Conselho Cultural de Estocolmo (1952); 1º Prémio da Rádio Europa Livre de Poesia (1954); Prémio Academia Cristã em Roma pelo ensaio “Tristão ou a Traição de um Intelectual”, com versão portuguesa de Eugénio de Andrade; Prémio Itália (1977); Medalha de Ouro do Prémio Europeu Franz Kafka (2000); Medalha de Mérito Nacional da República Checa (2001); Prémio Gratias Agit (Praga, 2004); Man of the Year pelo International Biographical Centre (2005); Prémio Jaroslav Seifert (Praga, 2007); e doutor honoris causa pela Universidade de Brno (República Checa, 1992) e pela Universidade Carolina (Praga, 2002).

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

25 DE NOVEMBRO - ESPÍRITO SANTO

EFEMÉRIDE - Guilherme Santana Graça do Espírito Santo, futebolista internacional português, também praticante de atletismo, nas modalidades de salto em altura, salto em comprimento e triplo salto, morreu em Lisboa, no dia 25 de Novembro de 2012. Nascera na mesma cidade em 30 de Outubro de 1919.

Como jogador de futebol, representou sempre o SL e Benfica, de 1936 até 1949. Ao serviço dos encarnados, sagrou-se 4 vezes Campeão Nacional, venceu 3 Taças de Portugal e 1 Campeonato de Lisboa, marcando mais de 150 golos em 14 épocas.

No atletismo, foi recordista nacional do salto em altura, comprimento e triplo-salto, tendo conquistado vários títulos de Campeão Nacional, nas três especialidades de saltos.

Guilherme Espírito Santo era descendente de são-tomenses. Aos 8 anos de idade teve de se fixar com a mãe em Luanda. Foi na capital angolana que deu os primeiros passos para o futebol, entrando muito novo para a escola de formação do Sport Luanda e Benfica. Benfiquista de coração, o jovem Guilherme tinha Vítor Silva, grande avançado do seu futuro clube, como grande ídolo de juventude. Por ironia do destino, em 1936, foi contratado pelo Benfica para substituir a sua referência de infância, depois de ter agradado nos treinos que fez à experiência.

Aos 16 anos, estreou-se na primeira equipa dos encarnados, num encontro particular frente ao Vitória FC de Setúbal, em 20 de Setembro de 1936, vencendo por 5-2 e marcando um golo aos 85 minutos no campo dos Arcos. A estreia oficial ocorreu em 11 de Outubro, para o Campeonato Regional (ainda com Vítor Gonçalves como treinador) quando no campo do Casa Pia AC, denominado Restelo, o Benfica empatou sem golos com os casa-pianos. Espírito Santo estava a 19 dias de completar 17 anos. Sagrou-se Campeão Nacional, logo nessa época de estreia, em 1936/1937, revalidando o título conquistado pelo SL Benfica na época anterior, tendo sido totalista com 14 jornadas (1 260 minutos), marcando 16 golos, média superior a um golo por jogo.

Nas 4 épocas seguintes, o avançado centro africano, cedo alcunhado de “Pérola Negra”, ajudou a sua equipa a conquistar mais 3 títulos: o seu Bicampeonato Nacional (tricampeonato da equipa), em 1937/1938, bem como o Campeonato de Lisboa e a Taça de Portugal em 1939/1940.

Durante esse período temporal, destaque para os 9 golos apontados frente ao Casa Pia, numa vitória robusta por 13-1, em jogo a contar para o Campeonato de Lisboa de 1937/1938. Destaque também para o jogo das meias-finais da Taça de Portugal, na época 1938/1939, quando se disputava em duas mãos. Após ter perdido 6-1 no primeiro jogo, o Benfica operou uma reviravolta espectacular ganhando a segunda mão por 6-0, o que levou os jogadores do FC do Porto a abandonarem o relvado a 18 minutos do fim, tendo Espírito Santo apontado 2 golos.

Depois de 5 épocas recheadas de êxitos, não só a carreira do nº 7 do Benfica ficou em perigo, como também a sua própria vida. Uma grave inflamação nos pulmões impediu-se de disputar qualquer jogo de futebol entre 1941 e 1944. Depois de 2 temporadas em branco, Espírito Santo regressou, desta feita para actuar numa nova posição, a de extremo direito. Ainda disputou 7 jogos no final da época de 1943/1944, tendo apontado um golo no campeonato e venceu a sua segunda Taça de Portugal, conquistada na final frente ao GD Estoril-Praia, numa vitória recorde por 8-0.

Um ano mais tarde, mais um título de campeão, numa prova ganha ao sprint. O rival Sporting CP conquistou 27 pontos, menos 3 que as águias. Esta seria a última vitória no Nacional de Futebol até 1949/1950, última época da carreira de Espírito Santo.

Entretanto, o CF Belenenses conquistou o seu primeiro título e o Sporting sagrou-se Tricampeão Nacional. O Benfica, contudo, vendeu sempre cara a derrota, ficando as quatro vezes em 2º lugar, tendo inclusive perdido em 1947/1948 pelo confronto directo, pois terminou em igualdade pontual com os leões.

Em 1948/1949, e já em final de carreira, triunfou novamente na Taça de Portugal, desta vez derrotando na final o Atlético CP, por 2-1. A época seguinte marca o final de jejum do Benfica, que conquistou sem contestação o seu 7º Campeonato Nacional, 4º com o contributo de Guilherme Espírito Santo. No entanto, o extremo apenas actuou num jogo nesta época. Despediu-se dos relvados em 8 de Dezembro de 1949, com 30 anos, num jogo onde o Benfica venceu a A. Académica de Coimbra por 7-1. Jogou os últimos 15 minutos, a avançado-centro, despedindo-se para sempre do futebol. Participou durante 12 temporadas na equipa principal do “Glorioso”, com nove épocas a titular. Jogou um total de 24 561 minutos (correspondentes a 17 dias a jogar ininterruptamente) em 285 jogos, marcando 199 golos. Entre 4 de Abril de 1937 e 17 de Abril de 1938, durante um ano, participou nos 42 jogos consecutivos da equipa principal, num total de 3 735 minutos. Entre 285 jogos e 199 golos, em destaque 116 jornadas e 79 golos no Campeonato Nacional, 22 jogos (e 16 golos) na Taça de Portugal, 60 jornadas (e 45 golos) no Campeonato Regional de Lisboa, oito encontros (seis golos) na Taça de Honra da AFL, um jogo e um golo na Taça Império (inauguração do Estádio Nacional, no Vale do Jamor), 44 jogos (e 36 golos) em particulares nacionais, sete jogos internacionais particulares e 15 encontros (e sete golos) em jogos nacionais em torneios.

Sempre ligado ao seu clube, continuou a representar o Benfica na modalidade de Ténis, jogando durante três décadas, mostrando nos courts a sua vocação de desportista, sagrando-se campeão regional e nacional em representação do clube. Foi homenageado pelo Benfica, com o mais alto galardão da história do clube, a Águia de Ouro, em 15 de Junho de 2000 e designado presidente Honorário do Centenário do Sport Lisboa e Benfica.

Espírito Santo entrou na história ao ser o primeiro futebolista negro a representar Portugal. A sua estreia deu-se num jogo contra a selecção espanhola e logo na primeira vitória conseguida pelas cores portuguesas. Foi em 28 de Novembro de 1937, em Vigo, depois de 11 derrotas e 1 empate, frente à congénere espanhola. Numa altura em que os jogos internacionais escasseavam, foi 8 vezes internacional A pela formação das Quinas, tendo apontado 1 golo.

Foi por acaso que o jovem futebolista do Benfica descobriu que também tinha jeito para outra modalidade. Em 1938, num treino da sua equipa, no Estádio das Amoreiras, a bola escapou-se para o local onde se praticava atletismo e quando buscava o esférico, o futebolista do Benfica saltou despreocupadamente por cima de um obstáculo, colocado a 1 metro e 70 do chão, surpreendendo até os próprios atletas que não conseguiam transpor essa barreira.

Num tempo em que o desporto era amador, tornava-se possível conciliar várias modalidades. Guilherme Espírito Santo foi então convidado para praticar salto em altura, salto em comprimento e triplo-salto, pela secção de atletismo do Benfica. Sagrou-se bicampeão nacional em todas as actividades, altura, comprimento e triplo-salto. Melhorou o recorde nacional do salto em altura, por duas vezes, em 1940, e no salto em altura, a sua marca de 1.88 metros foi mesmo recorde ibérico e manteve-se como o máximo nacional durante 20 anos. A sua aptidão para o desporto, aliada ao desportivismo que sempre o caracterizou, valeram-lhe a condecoração com o prémio fair-play, pelo Comité Olímpico Internacional, em 1999.

Mesmo depois de retirado, tanto do futebol como do atletismo, a vocação desportiva de Espírito Santo manteve-se inalterada. Praticou ténis até uns impressionantes 85 anos de idade e sagrou-se Campeão Nacional em terceiras-categorias, com 60 anos.

Faleceu com 93 anos de idade. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

24 DE NOVEMBRO - VIRGÍNIA ALMEIDA

EFEMÉRIDE - Virgínia Folque de Castro e Almeida Pimentel Sequeira e Abreu, escritora e tradutora portuguesa do século XIX e XX, nasceu em Lisboa no dia 24 de Novembro de 1874. Morreu na mesma cidade em   20 de Fevereiro de 1945.

Era fluente em português, francês, inglês e alemão. O seu trabalho focou-se na literatura infantil e juvenil, mas também publicou obras de divulgação da história e da cultura portuguesas, em francês e em inglês.

Virgínia Almeida nasceu na freguesia da Lapa. Era filha de Luís Caetano de Castro e Almeida Pimentel de Sequeira e Abreu, conde de Nova Goa, e de Virgínia Folque.

Em 20 de Julho de 1895, com 20 anos, Virgínia casou com João Coelho Prego Meira Vasconcelos, de quem se divorciou. Desta relação resultaram três filhos.

Junto com os dois filhos mais velhos, Virgínia Almeida investiu o seu próprio dinheiro na criação de uma empresa produtora de filmes, a Fortuna Films, em 1922, com sede na sua própria residência em Paris. A empresa lançou apenas dois filmes: “A Sereia de Pedra” (1922) e “Os Olhos da Alma” (1923), ambos com argumento de Castro e Almeida e dirigidos pelo realizador francês Roger Lion.

Os Olhos da Alma” desenrola-se na Nazaré, cidade portuguesa que foi assim descoberta pela primeira vez para o cinema. Embora não tenha sido creditada como tal em “Os Olhos da Alma”, Virgínia de Castro e Almeida foi a produtora do filme e também trabalhou na sua edição final com Ayres d’Aguiar.

Faleceu em Lisboa, na freguesia da Lapa, aos 70 anos de idade, vítima de cancro. Jaz no Cemitério da Ajuda, em Lisboa.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

23 DE NOVEMBRO - PAUL CELAN

EFEMÉRIDE - Paul Celan, de seu verdadeiro nome Paul Pessakh Ancel, poeta, tradutor e ensaísta romeno radicado em França e naturalizado francês em 1955, nasceu em Cernăuţi no dia 23 de Novembro de 1920. Morreu em Paris, em 20 de Abril de 1970.

Até ao fim da Primeira Guerra Mundial, a região onde nasceu pertencera ao Império Austro-Húngaro e, por isso, o alemão, ao lado do romeno, eram as principais línguas de comunicação da aristocracia cultural de origem judaica, à qual o poeta pertencia e que constituía quase metade da população da cidade.

Entre 1918 a 1939, Cernăuţi foi predominantemente uma cidade judia de língua alemã, com uma produção literária expressiva, que se encerrou no fim da Segunda Guerra Mundial. Todavia, mesmo algum tempo depois de 1945, predominava ainda a língua alemã. Paul traduziu mais de quarenta poetas de diferentes línguas, inclusive do português Fernando Pessoa.

Os seus progenitores foram enviados em 1942 para um campo de concentração nazi, onde o pai morreu vítima do tifo e a mãe teria sido executada com um tiro na nuca.  Paul, pelo seu lado, esteve num campo de concentração desde 1943, sendo libertado pelo Exército Vermelho em 1944, sobrevivendo assim ao Holocausto.

Instalou-se em Bucareste, como tradutor e editor. Adoptou vários pseudónimos para os seus trabalhos literários, fixando-se finalmente em “Paul Celan”.

Em 1947, deixou a Roménia e foi para Viena, onde publicou o seu primeiro livro. Fixou-se depois em Paris, onde trabalhou como leitor de alemão e tradutor, na Escola Normal Superior.

Casou-se em 1942 com uma senhora francesa, que conhecera um ano antes. No resto da vida, escreveu-lhe mais de 700 cartas, publicadas postumamente em livro (2001).

Paul Celan foi considerado um dos mais importantes poetas modernos de língua alemã.

Nos últimos anos de vida, apresentava tendências autodestrutivas, delírio persecutório e episódios de amnésia. Esteve internando várias vezes, desde 1965, em hospitais psiquiátricos, onde escreveu alguns textos em hebreu. Em Outubro de 1969, ainda se desloca a Israel, para proferir várias conferências.

Suicidou-se por afogamento, no rio Sena, aos 49 anos de idade.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

22 DE NOVEMBRO - MARJANE SATRAPI

EFEMÉRIDE - Marjane Satrapi, de seu verdadeiro nome Marjane Ebihamis, romancista gráfica, ilustradora, cineasta e escritora franco-iraniana, nasceu em Rasht, Irão, no dia 22 de Novembro de 1969.

Ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever história em banda desenhada. A adaptação animada da sua série de quadradinhos “Persépolis”, que ela co-dirigiu com Vincent Paronnaud, foi nomeada para o Oscar.

Marjane Satrapi cresceu em Teerã numa família que se envolveu com os movimentos comunista e socialista no Irã, antes da Revolução Iraniana. Ali frequentou o Lycée Français e presenciou, durante a infância, à crescente repressão das liberdades civis e às consequências da política iraniana na vida quotidiana dos habitantes do país, incluindo a queda do Xá, o regime inicial de Ruhollah Khomeini e os primeiros anos da Guerra Irã-Iraque.

Em 1983, então com 14 anos, Satrapi foi mandada para Viena de Áustria, pelos seus pais, a fim de fugir do regime iraniano.

Lá, estudou no Liceu Francês de Viena. De acordo com a sua autobiografia gráfica, “Persépolis”, ela permaneceu em Viena durante o ensino médio, morando na casa de amigos, em pensionatos e repúblicas estudantis, até finalmente ficar desabrigada e viver nas ruas.

Após um ataque quase mortal de pneumonia, em decorrência das graves condições de vida, ela voltou ao Irã. Conheceu um homem chamado Reza, com quem se casou aos 21 anos e divorciou-se cerca de três anos depois.

Em seguida, estudou Comunicação Visual e, posteriormente, obteve o mestrado em Comunicação Visual pela Faculdade de Belas-Artes em Teerã, Universidade Islâmica Azad.

Satrapi, em seguida, mudou-se para Estrasburgo, França. Vive actualmente em Paris, onde trabalha como ilustradora e é autora de livros infantis.

Satrapi também foi responsável pela arte do álbum “Préliminaires”, do roqueiro Iggy Pop.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

21 DE NOVEMBRO - FERNANDO MAURÍCIO

EFEMÉRIDE - Fernando da Silva Maurício, fadista português, nasceu na Mouraria, Lisboa, em 21 de Novembro de 1933. Morreu em Lisboa no dia15 de Julho de 2003.

Um dos maiores símbolos do fado castiço, Fernando Maurício nasceu na Rua do Capelão, no coração do tradicional Bairro da Mouraria. De uma família centenária deste bairro, com apenas oito anos começou a cantar numa taberna da rua onde morava, O Chico da Severa.

Em 1947, ficou em 3º lugar no concurso João Maria dos Anjos, organizado no Café Latino e participou na Marcha Infantil da Mouraria, interpretando o papel do conde de Vimioso.

Tendo abandonado a escola antes de finalizar a instrução primária, o pai mandou-o aprender o ofício de sapateiro, onde Fernando Maurício passava o tempo a estudar as letras de fado. Seria o seu próprio patrão a incentivá-lo a dedicar-se à carreira de fadista.

Durante um período de três anos, aos fins-de-semana, cantou em locais como o Café Latino, o Retiro dos Marialvas, o Vera Cruz ou o Casablanca, ao Parque Mayer.

Aos 17 anos, interrompeu a actividade a que voltaria apenas em 1954, no conhecido Café Luso. Actuou depois noutras casas como a Adega Machado e O Faia.

Nos anos 1960 e 1970, passou pela Nau Catrineta, a Kaverna, o Poeta, a Taverna d’El Rey e, novamente, o Café Luso. Estas casas conquistaram novos públicos com as suas actuações e Fernando Maurício, reconhecido pela autenticidade com que interpretava o fado, passou a ser apelidado de “Rei do Fado”.

Em 1969, recebeu o Prémio da Imprensa. É do mesmo período a sua dupla com Francisco Martinho, com quem partilhou muitas noites de fado na Adega Mesquita, cantando com êxito à desgarrada e a solo.

O disco “De Corpo e Alma sou Fadista” foi editado em 1984 pela Movieplay. Fernando Maurício recebeu os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da Imprensa em 1985 e 1986.

Em 1989, Amália descerrou na rua onde Maurício nasceu duas lápides evocativas das vozes do fado emblemáticas deste bairro: Maria Severa Onofriana e Fernando da Silva Maurício.

Em 1991, integrou o elenco de Os Ferreiras” deixando escola, ajudando a desenvolver grandes nomes do fado actual como, por exemplo, Ricardo Ribeiro, Raquel Tavares, Miguel Ramos, Diogo Rocha, Pedro Galveias, Mariza, Ana Maurício, entre outros, criando um mito eterno de uma das grandes referências do Fado.

A Câmara Municipal de Lisboa assinalou, em 1994, as bodas de ouro artísticas de Fernando Maurício no Teatro São Luiz.

Em 2001, foi publicada a sua biografia “O Fado É o meu Bairro” da autoria de Sara Pereira. Fernando Maurício faleceu em Julho de 2003.

Em 2004, foi lançada a compilação “Saudade de Fernando Maurício - Antologia 1961-1995”.

O realizador e produtor Diogo Varela Silva realizou o documentário “O Rei Sem Coroa”, um trabalho que também retrata o que foi a Lisboa popular entre os anos 1930 e 1980 do século XX.

Detentor de uma voz genuína e arreigado às suas raízes lisboetas, é considerado por muitos conhecedores da especialidade como o maior fadista da sua geração. São vários os fados que celebrizou, entre eles a “Igreja de Santo Estêvão”, com composição de Gabriel Oliveira e Joaquim Campos.

Nas proximidades do local onde nasceu, foi inaugurado - em 22 de Junho de 2014 - um busto em bronze do fadista, da autoria do escultor José Carlos Almeida.

Em 10 de Maio de 2001, no Coliseu dos Recreios, fora agraciado pelo presidente da República, com o grau de comendador da Ordem do Mérito.

Em Setembro de 2014, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade e aclamação a atribuição do nome de Fernando Maurício a um largo da Mouraria, bairro onde o fadista nasceu e cresceu.

domingo, 20 de novembro de 2022

20 DE NOVEMBRO - IAN SMITH

EFEMÉRIDE - Ian Douglas Smith, político, fazendeiro e militar que serviu como primeiro-ministro da colónia britânica da Rodésia do Sul entre 13 de Abril de 1964 e 11 de Novembro de 1965 e, depois, primeiro-ministro da Rodésia, após a Declaração Unilateral de Independência, em 11 de Novembro de 1965, até 1 de Junho de 1979, morreu na Cidade do Cabo em 20 de Novembro de 2007. Nascera em Shurugwi, em 8 de Abril de 1919.  

Ian Smith nasceu numa pequena cidade mineira da antiga Rodésia e foi piloto na Força Aérea Britânica durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante os anos 1960, foi concedida a independência a todas as colónias britânicas em África. A Rodésia procurou também a sua independência, mas o governo britânico não a concordou porque pretendia um governo negro a reger os rumos do país. A alternativa à independência, seria uma continuação do status-quo, onde os brancos constituíam a classe dominante.

Contrário à participação da população negra no poder (uma minoria de 200 mil brancos contra uma população maioritária de mais de cinco milhões de negros), sancionado na Constituição de 1961, Ian Smith fundou nesse ano a Frente Rodesiana. Após sua vitória eleitoral, ascendeu ao cargo de ministro das Finanças (até 1964), passando a chefe de Governo e ministro da Defesa nesse mesmo ano.

Em 1965, proclamou unilateralmente a independência da Rodésia, não reconhecida pela Grã-Bretanha, e provocou de imediato sanções internacionais, incluindo as primeiras sanções económicas da história das Nações Unidas, conduzidas em grande parte pela Grã-Bretanha, pela OUA e mesmo o governo da África do Sul do apartheid, que apoiava clandestinamente, mas não reconhecia o novo Estado.

As sanções das Nações Unidas eram bastante severas e envolviam todas as transacções comerciais e financeiras com a Rodésia.

Entretanto, em 1971, a oposição negra foi ficando mais intensa e surgem os primeiros ataques dos guerrilheiros rebeldes, em diversas propriedades rurais de brancos. Estava marcado o início da Guerra Civil da Rodésia. Grande parte das movimentações dos guerrilheiros possuía estruturas de apoio em países vizinhos, com destaque para Moçambique.

Durante a longa guerra civil que se seguiu, Smith teve de combater as guerrilhas de Robert Mugabe e Joshua Nkomo e a intervenção exterior. O isolamento internacional intensifica-se após a independência de Moçambique em 1975 e, também, devido a um recuo do apoio sul-africano. As sanções económicas estrangulavam cada vez mais o país, ao mesmo tempo que as forças rebeldes começavam a tomar a dianteira na guerra.

Em 1978, viu-se forçado a aceitar a entrada de membros negros no governo e a minoria branca encara pela primeira vez um acordo político com alguns partidos negros, mas garantindo 28% dos assentos do parlamento para os brancos, o controlo das forças armadas e o poder judicial. Um ano mais tarde, são realizadas as primeiras eleições multirraciais e o país muda de nome para Zimbabwe-Rodésia. Teria que ceder o seu cargo ao líder da oposição moderada, Abel Muzorewa (chefe de Governo entre Maio e Dezembro de 1979). No ano de 1980, ocorrem umas segundas eleições e Robert Mugabe sobe ao poder.

A sua influência diminuiu consideravelmente no Zimbabwe independente, ainda que tenha sido ministro sem pasta em 1979/1980, durante o governo de transição. Ele permaneceu na política activa e no Zimbabué e membro do parlamento até 1987 quando Robert Mugabe eliminou do parlamento as vagas reservadas à minoria branca do Zimbabwe.

Nos últimos anos da sua vida, ele costumava chamar a atenção para o estado do Zimbabwe, com o seu declínio económico e instabilidade política como prova de que ele estava certo. Ele tornou público o que pensava nas suas memórias intituladas “A Grande Traição”. Numa entrevista à BBC em 1998, Ian Smith explicava assim o conflito sangrento que se seguiu à autoproclamarão da independência em 1965: «A guerra civil foi causada por indivíduos que deixaram o país e que foram sujeitos a uma lavagem cerebral na Rússia e na China. Eram pessoas com sede do poder e que queriam tomar as suas rédeas e que não quiseram esperar pela evolução normal das coisas».

Ian Smith afirmou em várias ocasiões que a população da antiga Rodésia, brancos e negros, teriam tido um futuro melhor sob a sua administração do que sob a de Robert Mugabe e o Partido Zanu-PF, que ficou no poder. O ex-primeiro-ministro da antiga Rodésia, Ian Smith, morreu aos 88 anos de idade na sua residência da Cidade do Cabo, na África do Sul.

A reacção à sua morte foi mista, com os seus antigos inimigos a descrevê-lo como um racista sem remorsos e os seus apoiantes a designá-lo como um homem de convicções fortes.

sábado, 19 de novembro de 2022

19 DE NOVEMBRO - MATT SORUM

EFEMÉRIDE - Matt Sorum, de seu nome completo Matthew William Sorum, baterista norte-americano, conhecido pelos seus trabalhos com os grupos The Cult, Guns N’ Roses e Velvet Revolver, nasceu em Mission Viejo, Califórnia, no dia 19 de Novembro de 1960.

Entrou para o Rock and Roll Hall of Fame como membro do Guns N’ Roses em 2012.

Em 1990, Steven Adler, então baterista do grupo, enfrentava sérios problemas com drogas, o vicio em heroína e cocaína não o deixava tocar. «Tivemos que fazer 30 takes para gravar “Civil War”, ele tinha-se drogado demais e passou mal com a heroína e a faixa foi extremamente editada pela gravadora», declarou Slash (na época, guitarrista da banda).

Uma cláusula no contrato dizia que cada vez que Adler se drogasse perderia $30,00 dólares, mas não deu certo, então Axl mudou a cláusula para se ele se drogasse ele sairia da banda, e foi o que aconteceu, em 1990. Eele foi despedido do Guns N’ Roses, que começou à procura de um bom baterista. Slash já havia visto Matt tocar com os ingleses The Cult e indicou-o a Axl Rose.

Sorum estreou-se no Guns tocando no Rock in Rio II em 1991. As aparições de Matt no Guns N’Roses foram um sucesso, ele fazia solos com pedal duplo que deixavam os fãs loucos e o levou a ser eleito o melhor baterista do mundo.

Sorum tinha no Guns N’ Roses um estilo de tocar muito peculiar e levava uma vida tranquila, apesar das várias polémicas da banda que teve que aguentar. Em Agosto de 1997, saiu da banda devido a uma discussão que teve com Axl, pois tinha ouvido falar mal de Slash junto com o - na época - guitarrista rítmico Paul Tobias, os dois brigaram e acabou ali a história de Matt com a banda.

Em 1995, Matt Sorum ajudou Slash na composição de novas músicas que, segundo os planos da dupla, seriam usadas para o novo álbum do Guns N’ Roses. Como o material não foi aprovado por Axl Rose, Slash decidiu formar um novo grupo, a que deu o nome de Snakepit.

Por influência de produtores, que queriam chamar a atenção da imprensa e dos fãs, o nome escolhido acabou por ser Slash’s Snakepit. Matt foi chamado para a bateria e Gilby Clarke, que acabara de ser demitido do Guns n’ Roses por Axl, foi o escolhido para outra guitarra. Para o baixo, Mike Inez, do Alice in Chains, foi o escolhido. Para os vocais, o eleito foi Eric Dover.

Algum tempo depois de Matt ter saído do Guns N’ Roses, começou a tocar bateria com os seus antigos amigos Slash, Duff e Izzy Stradlin. Os quatro planeavam uma nova banda, mas para isso, Matt, Slash e Duff achavam que precisariam de um vocalista, ideia que desagradou a Izzy, que sugerira dividir os vocais com Duff. Além disso, Izzy queria fazer uma pequena tournée por clubes, viajando em vans, enquanto o resto da banda pensava em algo maior.

Já com o guitarrista Dave Kushner substituindo Stradlin, o grupo, ainda chamado The Project, tentou vários vocalistas, entre eles Sebastian Bach, mas não deu certo com ninguém. Myles Kennedy, Ian Astbury e Mike Patton nem sequer aceitaram fazer testes. Outro que inicialmente recusou ensaiar com o grupo foi Scott Weiland, que naquele momento ainda estava ocupado com o Stone Temple Pilots. No entanto, com o fim daquele grupo, Weiland aceitou o teste e foi recrutado.

O grupo gravou dois álbuns: “Contraband” (2004) e “Libertad” (2007). Em 1 de Abril de 2008, Weiland deixou o grupo, ficando a banda parada.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

FERNANDO MAURÍCIO - "Igreja de Santo Estêvão"

18 DE NOVEMBRO - BORGES COUTINHO

EFEMÉRIDE - Duarte António Borges Coutinho, 4º marquês da Praia e Monforte e representante do título de barão do Linhó, empresário português que serviu como presidente do SL e Benfica entre 12 de Abril de 1969 e 26 de Maio de 1977, nasceu em Lisboa no dia18 de Novembro de 1921. Morreu em Londres, em 19 de Maio de 1981.

Educado entre a Grã-Bretanha, a Irlanda do Norte e Portugal, Borges Coutinho inscreveu-se como sócio do SL e Benfica em 1959, com 37 anos de idade.

Dez anos depois, tornou-se presidente do clube após derrotar Fernando Martins e Romão Martins nas eleições de 12 de Abril, com 58% dos votos.

Ficou encarregue dos destinos do clube durante oito anos (quatro mandatos bienais consecutivos). Durante este período, a equipa de futebol profissional venceu sete Campeonatos Nacionais (um deles sem derrotas, na época de 1972/73) e três Taças de Portugal. Este período permitiu ao Benfica consolidar a sua hegemonia no futebol português.

Durante a presidência de Borges Coutinho, em 1969, o Benfica tomou posse dos terrenos perto do Estádio da Luz, a fim de criar três campos de futebol, uma pista de atletismo sintética e oito campos de ténis. Foi premiado com a Águia de Ouro pelo clube, em 1973.

Após decidir não concorrer às eleições de 26 de Maio de 1977, foi sucedido na presidência do clube por José Ferreira Queimado.

Quatro anos depois, com 59 anos, faleceu em Inglaterra. Após a sua morte, o Benfica homenageou-o dando o seu nome ao novo pavilhão, o Pavilhão Borges Coutinho.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

17 DE NOVEMBRO - DANNY DEVITO

EFEMÉRIDE - Daniel Michael “Danny DeVito Jr., actor, humorista, realizador, produtor, guionista e dobrador norte-americano de origem italiana, nasceu em Asbury Park no dia 17 de Novembro de 1944.

Alcançou a fama com o papel de Louie De Palma na série “Taxi”, produzida entre 1978 e 1983, pelo qual venceu um Globo de Ouro e um Emmy do Primetime. Especializado em papéis cómicos, DeVito, desde muito cedo, mostrou reais capacidades interpretativas. A partir desta série, DeVito destacou-se em diversos filmes de Hollywood, entre eles “Terms of Endearment”, “Ruthless People”, “Romancing the Stone”, “Throw Momma from the Train” e “The Jewel of the Nile”, além de “Twins e o filme Batman Returns”, no qual interpretou o vilão Pinguim.

DeVito também se destacou na dobragem e como produtor e director de cinema. Em 1992, ele e a sua esposa Rhea fundaram a Jersey Films, que já produziu diversos filmes como “Pulp Fiction”, “Erin Brockovich” e “Garden State”. Ele dirigiu os filmes “The War of the Roses”, “Throw Momma from the Train”, “Hoffa, Matilda, Death to Smoochy” e “Duplex” (na maioria destas produções, Devito também actuou como actor ou como narrador).

Como dobrador, Devito já dobrou Herbert Powell Simpson (irmão do Homer) em “Os Simpsons”, o Sr. Swackhammer em “Space Jam”, o Filoctetes em “Hércules”, o Lorax no filme de mesmo nome, entre outros trabalhos na área.

A baixa estatura de DeVito é resultado de múltiplas displasias epifisárias (doença de Fairbank), uma desordem genética rara que afecta o crescimento ósseo em determinados locais do corpo.

DeVito nasceu n um município de Nova Jersey, filho do empreendedor Daniel DeVito, Sr. e de Julia DeVito Moccello. Ele cresceu numa família de cinco, com seus pais e duas irmãs mais velhas. É de ascendência italiana.  A sua família é originalmente de San Fele, Basilicata. Foi criado em Asbury Park, Nova Jersey.

DeVito foi criado como católico e frequentou a Oratory Preparatory School, um internato em Summit, Nova Jersey, formando-se em 1962. Ele foi ao internato pela primeira vez quando tinha 14 anos, depois de persuadir o seu pai para enviá-lo para lá e assim mantê-lo fora de problemas. Depois de deixar o internato, ele ingressou na Academia Americana de Artes Dramáticas, em Nova Iorque, formando-se em 1966.

Nos seus primeiros dias de teatro, ele apresentou-se com o Colonnades Theatre Lab, no Eugene O’Neill Theatre Centre de Waterford e, junto com a sua futura esposa, Rhea Perlman, apareceu em diversas peças produzidas pela Westbeth Playwrights Feminist Collective.

DeVito é casado com a também actriz Rhea Perlman, com quem contracenou na série “Taxi” e no filme “Matilda”, de 1996. O actor e sua esposa conheceram-se em 17 de Janeiro de 1971 quando ela foi assistir a uma peça de teatro na Broadway, onde ele participava. Tornaram-se amigos e começaram depois a namorar. Oficializaram a relação em 28 de Janeiro de 1982. Eles têm três filhos: Lucy Chet DeVito (nascida em 1983), Grace Fan DeVito (nascida em 1985) e Jacob Daniel DeVito (nascido em 1987).

DeVito e Perlman separaram-se em Outubro de 2012. No entanto, em Março de 2013, foi relatado que eles se reconciliaram e cancelaram o divórcio. O casal, mais tarde, separou-se pela segunda vez, em 2017, em termos amigáveis. Em Março de 2018, foi informado que DeVito e Perlman haviam-se reconciliado novamente e estavam planeando renovar os seus votos matrimoniais.

Entre vários prémios, Danny foi ainda nomeado para um Oscar de Melhor Filme, em 2001.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

16 DE NOVMBRO - GEORGES MARCHAIS

EFEMÉRIDE - Georges René Louis Marchais, político francês, secretário do Partido Comunista Francês de 1972 a 1994, morreu em Paris no dia 16 de Novembro de 1997. Nascera em La Hoguette, Calvados, em 7 de Junho de 1920.  

Nascido numa família muito católica, foi recrutado pouco antes da Segunda Guerra Mundial para trabalhar como operário na indústria da Força Aérea Francesa.

Concluído o armistício entre o marechal Pétain e Hitler, foi recrutado como voluntário na indústria aeronáutica do Terceiro Reich, que havia invadido a França em 1940. Os velhos bolcheviques (Charles Tillon) culparam Georges Marchais por isso quando os excluiu do Partido Comunista.

Secretário da seção da Confederação Geral do Trabalho (CGT) de Issy-les-Molineaux em 1946, tornou-se membro do Partido Comunista a partir de 1947 e, graças à estima que o então secretário nacional do partido, Maurice Thorez, tinha por ele, iniciou a sua ascensão dentro do PCF, onde ingressou no Comité Central em 1956 e no Comité Político em 1959.

Vice-secretário-geral do partido, substituiu muitas vezes o secretário gravemente doente, Pierre Waldeck Rochet, até que se tornou secretário em 1970 e assumiu o seu lugar dois anos depois.

Deputado nacional desde 1973 (e posteriormente reeleito continuamente), apoiou a candidatura do socialista François Mitterrand nas eleições presidenciais de 1974, mas três anos depois rompeu o pacto de aliança à esquerda formalizado no chamado “Programa Comum”.

Candidato pelo seu partido nas eleições presidenciais de 1981, recebeu cerca de 15% dos votos: na segunda volta, decidiu que, oficialmente, o seu partido apoiaria Mitterrand. O PCF entrou então no governo de Mitterrand com 4 ministros.

Georges Marchais, como secretário político, distinguiu-se como um comunista ortodoxo e um marxista-leninista convicto. Ingressou no eurocomunismo em 1977 junto com o seu colega italiano Enrico Berlinguer e o seu colega espanhol Santiago Carrillo, mas isso não o impediu de - muitas vezes - se declarar alinhado com a linha política soviética. Ele não impediu o declínio do PCF: após a queda do Muro de Berlim, alguns membros do PCF pediram uma séria autocrítica e uma profunda reflexão sobre as perspectivas políticas futuras. Não satisfeito com a sua reacção, este grupo moderado provocou uma cisão liderada por Pierre Juquin.

Nas eleições presidenciais de 1988 o PCF obteve apenas 6,8% dos votos, enquanto Juquin obteve 3,3% das preferências. Essa cisão contribuiu para causar uma forte crise dentro do movimento, até porque Marchais foi acusado de não ter feito nada para evitá-la.

Após a modificação do estatuto que permitia abandonar o princípio do “centralismo democrático” na organização do partido, em 1994 foi substituído como director do PCF por Robert Hue. Hue foi apoiado por Marchais nas eleições presidenciais de 1995, nas quais obteve 8,6% dos votos (a corrente dissidente havia, entretanto, voltado). Georges Marchais morreu dois anos depois no hospital Lariboisière devido a um problema cardíaco.

Figura política completa que fez da seriedade e da honestidade os seus pontos fortes, Marchais era conhecido pelo seu respeito perante a lei («cela c’est un scandale», «isso é um escândalo», dizia ele quando percebia algo obscuro) e pelas maneiras francas, às vezes abruptas, de fazer as coisas, o que foram retomadas em forma de paródia pelo comediante francês Thierry Le Luron.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

15 DE NOVEMBRO - CLAUS VON STAUFFENBERG

EFEMÉRIDE - Claus Philipp Maria Schenk Graf von Stauffenberg, oficial do exército alemão, mais conhecido pela sua participação na liderança do Atentado de 20 de Julho de 1944, que tentou assassinar Adolf Hitler e remover o Partido Nazi do poder (Operação Valkyrie), nasceu em Jettingen-Scheppach no dia 15 de Novembro de 1907. Morreu em Berlim, em 21 de Julho de 1944.

Junto com outros oficiais, como Henning von Tresckow e Hans Oster, ele era uma das figuras centrais da Resistência Alemã dentro da Wehrmacht. Após o fracassado atentado, ele e outros conspiradores foram executados pelos nazis.

Claus, conde de Stauffenberg, pertencia a uma família nobre da Baviera, tradicionalmente católica, mais precisamente ligada ao antigo Reino de Württemberg, detentores do título nobiliárquico de graf, que na nobreza latina equivale a conde. Os seus pais eram Alfred Schenk Graf von Stauffenberg e Caroline Schenk Gräfin von Stauffenberg.

Claus era um intelectual e estudou Literatura e História antes de se juntar ao exército alemão. Foi o oficial alemão mais jovem a chegar ao posto de coronel, sendo uma estrela em ascendência no exército (Heer) das forças armadas alemãs (a Wehrmacht).

É sabido que Stauffenberg concordava com alguns aspectos da ideologia nacionalista do Partido Nazi alemão, chegando a apoiar a invasão da Alemanha contra a Polónia. Ele ainda foi ouvido fazendo comentários anti-semitas e expressou apoio pelo uso de mão de obra escrava polaca. Ainda assim, ele já era conhecido por não ser um simpatizante entusiasmado, expressando repugnância por várias ideias nazis e recusou-se a tornar-se membro do partido.

Stauffenberg vacilava entre o seu desgosto pessoal por Hitler e o respeito pelo que o Führer havia feito com o país, rearmando o exército e reerguendo a nação. Mas, o tratamento dispensado aos judeus alemães e a supressão religiosa ofenderam o seu senso de catolicismo e moralidade.

Foi ferido num ataque aéreo em 7 de Abril de 1943 na campanha Norte-Africana quando servia no Afrika Korps. Perdeu dois dedos da mão esquerda, a mão direita e o olho esquerdo, além de graves ferimentos num joelho.

Stauffenberg, junto com vários militares alemães que já não suportavam as ordens de Hitler, organizou um atentado à bomba contra o mesmo. Tinham em mente levar duas pastas com explosivos a uma reunião militar onde ele estaria presente. Todo projecto foi coordenado com ajuda de cúmplices que aguardariam Stauffenberg a                                                                                                                                            colocar os dispositivos próximos de Hitler. Antes da explosão, ele forjaria uma saída inesperada da sala, alegando querer fazer um telefonema.

Foi um dos principais articuladores deste malsucedido atentado que tentou remover o líder nazis do poder. A tentativa de matar Hitler aconteceu no seu quartel-general, conhecido como a Toca do Lobo (em alemão, Wolfsschanze) situado nas proximidades de Rastenburg (actualmente Kętrzyn, junto à aldeia na época chamada de Görlitz, hoje Gierłoż na Prússia Oriental, actual território da Polónia).

Stauffenberg carregou consigo as duas pastas com 1 kg de explosivos cada, sendo que só conseguiu levar uma das bombas à sala de reunião onde ocorreu o atentado. Os explosivos foram preparados para simularem o efeito de uma bomba britânica. Isto foi feito para encobrir a acção dos conspiradores. Uma grande e pesada mesa de madeira de carvalho protegeu o Führer da explosão.

Entre 11 feridos e 4 mortos, Hitler teve apenas ferimentos leves. Enquanto recebia socorro médico, Hitler disse: «eu sou imortal».

Horas mais tarde, Hitler recebeu Benito Mussolini no local. O duce ficou impressionado com os estragos causados pela explosão. Mas o líder italiano vê um bom presságio no facto de Hitler ter sobrevivido.

Este malsucedido atentado custou a vida do coronel von Stauffenberg e de outros conspiradores que se encontravam em Berlim. Foram traídos por um cúmplice,  o general Friedrich Fromm. Ao saber que Hitler tinha sobrevivido, Fromm denunciou os seus companheiros, como os generais Friedrich Olbricht, Hoepner, Erwin von Witzleben (posteriormente enforcado), o coronel Mertz e o tenente Werner von Haeften, os quais foram fuzilados naquele mesmo dia, após julgamento sumário.

No dia seguinte, uma lista com nomes do futuro governo da Alemanha pós-Hitler foi encontrada no cofre de Fromm. Esta era a prova de que ele participara no atentado e tentativa de golpe de estado. O ministro Albert Speer, em vão, tentou interceder em seu favor. Friedrich Fromm foi condenado a morte e fuzilado em 12 de Março de 1945.

Conforme apresentado no filme “The Desert Fox: The Story of Rommel”, o outro suspeito de participar da conspiração, ao marechal de Campo Erwin Rommel, conhecido como a “Raposa do Deserto”, foi-lhe concedida a opção de se suicidar, de que ele fez uso.

Claus von Stauffenberg dissera à sua família: «se eu conseguir, serei chamado pelo povo alemão de traidor, mas se eu não conseguir, estarei traindo a minha consciência».

Actualmente, Von Stauffenberg é considerado o modelo de soldado alemão pelo Bundeswehr: «um cidadão fardado».

Foi fuzilado nas primeiras horas do dia 21 de Julho de 1944, no Bendlerblock de Berlim. Diante do pelotão de fuzilamento, as suas últimas palavras foram: «Es lebe das heilige Deutschland!» («Vida Longa para a sagrada Alemanha!»).

Encontra-se sepultado no Memorial para a Resistência Alemã, na Stauffenbergstrasse, em Berlim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

14 DE NOVEMBRO - VALETE

EFEMÉRIDE - Valete, de verdadeiro nome Keidje Torres Lima, rapper português, de origem santomense, nasceu em São Tomé no dia 14 de Novembro de 1981.  

Começou a participar activamente no movimento de hip-hop em Portugal no ano de 1997. É conhecido por pautas anticapitalistas, de esquerda, que retratam temas sociais da sociedade contemporânea. Actualmente, tem dois álbuns editados e cerca de 11 000 cópias vendidas.

Valete também é conhecido por Viris, Keidje Lima. Filho de são-tomenses, começou por residir em Benfica, depois foi morar em Odivelas, voltando depois a Benfica, tendo-se após isso mudado para a Amora e finalmente fixado na Damaia.

Durante a sua juventude, manteve relações com a JCP (Juventude Comunista Portuguesa) e o PCP (Partido Comunista Português). Contudo, numa entrevista, admitiu que - apesar de ser um partido com o qual se identifica ideologicamente, tem problemas com a sua estrutura e pautas sociais. Assim, prefere apoiar o Bloco de Esquerda, por estar muito próximo das suas referências políticas.

Em 1997, iniciou a sua actividade musical e com Adamastor e Bónus formou o Canal 115 e, mais tarde, a editora Horizontal Records. Nesse mesmo ano, e ainda com 16 anos, começou a ser convidado para as mixtapes lançadas por DJs como Bomberjack e Cruzfader. Actuou com Canal 115 durante 2 anos em vários concertos pelo país, até que fez um interregno para se dedicar mais aos estudos, tendo-se mais tarde licenciado em Ciências da Comunicação pelo ISCSP.

Em 2002, regressou com o álbum Educação Visual”, lançado de forma independente. Valete, que antes deste álbum era mais conhecido como um freestyler e battle mc, pôde mostrar em “Educação Visual” uma linha de rap de cariz social, que muitos não lhe reconheciam. Na música “Anti-Herói”, do seu álbum seguinte, viria a definir-se como um Trotskista belicista.

Em 2006, foi lançado o álbum “Serviço Público”. Em 2009, o rapper disse que irá lançar um novo álbum, “Homo Libero”, que iria suceder ao disco “Serviço Público”. No entanto, o lançamento deste álbum foi sempre adiado pelo rapper.

Em 2017, Valete entra no projecto Língua Franca” com Emicida, Rael e Capicua. Valete participa em 3 das 10 músicas que fazem parte do álbum. No mês de Junho, Valete lança 2 singles: “Poder” e Rap Consciente”. O rapper anuncia ainda o lançamento de um novo álbum em breve.

Em 2019, o rapper anuncia que o seu terceiro álbum terá o título de “Em Movimento”, e não 360 Graus”, nem “Homo Líber”, como fora anunciando ao longo dos últimos onze anos. Valete pretende, com este novo álbum, entrar num registo mais adequado aos dias de hoje, por isso, anunciou que as faixas do álbum serão lançadas separadamente, originando, no fim, uma compilação que será lançada em formato físico.

No lançamento da 2ª faixa do álbum “Em Movimento”, denominou-a “BFF”. Valete foi alvo de vastas críticas provenientes da comunidade feminista burguesa e de algumas celebridades portuguesas, nomeadamente, actrizes.

No seguimento destes acontecimentos, Valete lançou um vídeo, onde explica o seu tema e aquilo que representa, deixando, também, fortes críticas às mulheres que o acusaram. Várias foram as celebridades que vieram a público defender Valete e a sua mais recente canção.

domingo, 13 de novembro de 2022

13 DE NOVEMBRO - JORGE JRDIM

EFEMÉRIDE - Jorge Pereira Jardim, engenheiro agrónomo, empresário, político e agente secreto português, nasceu em Lisboa no dia13 de Novembro de 1919. Morreu em Libreville, em 1 de Dezembro de 1982.

Foi secretário de Estado de Salazar e administrador de várias empresas do grupo Champalimaud, em Moçambique, tendo construído um império económico. 

Licenciado pelo Instituto Superior de Agronomia e elemento activo dos Escuteiros, foi presidente da Associação dos Escuteiros de Portugal e, a seguir, presidente da Juventude Agrária e Rural Católica.

Começou por ser um apoiante incondicional do Estado Novo e da sua política ultramarina, da qual mais tarde se viria a demarcar, já que na década de 1970 admitia a desvinculação de Moçambique de Portugal.

Subsecretário de Estado do Comércio e Indústria aos 29 anos, Jardim parecia talhado para uma carreira governativa no regime salazarista. Apesar de no primeiro contacto com Salazar, este o ter exortado a usar chapéu: «Vá, tenha Juízo, compre um chapéu», contou Baltasar Rebelo de Sousa a Freire Antunes - e do desgaste provocado pelo duelo com o ministro Ulisses Cortez, ele estava bem cotado junto do chefe do Governo e não lhe faltariam oportunidades no quadro do regime.

Mas quando abandonou o Governo, em 1952, com quatro filhos e a mulher grávida do quinto, operou um corte radical na sua vida, aceitando um convite do empresário Raul Abecasis para dirigir a fábrica da Lusalite no Dondo, em Moçambique.

Foi amigo pessoal de Ian Smith, primeiro-ministro da Rodésia (hoje Zimbabwe), e do presidente Hastings Kamuzu Banda, do Malawi. Ainda antes do 25 de Abril de 1974, tentou pela via diplomática resolver a independência de Moçambique, apresentando o seu “Plano de Lusaka”, posteriormente substituído pelo Acordo de Lusaka, a seguir a conversações entre o governo português e a Frelimo, movimento que lutava pela independência.

Originalmente, o “Plano de Lusaka” previa a independência de Moçambique sem a entrega unilateral do poder à Frelimo. Joaquim Chissano, na altura responsável pelos serviços de segurança da Frelimo, soube em Lusaka dos planos de Jardim. Contudo, desconfiava que este estivesse envolvido no massacre de Wiriyamu: Jardim visitara o local para se aperceber da dimensão da tragédia e julga-se que terá sido precisamente devido a posterior contacto com Marcello Caetano que este, na posse de informações de Jardim, terá dado fim à carreira do general Kaúlza de Arriaga, comandante militar das forças coloniais em Moçambique.

Jorge Jardim passaria os seus últimos anos no Gabão como banqueiro associado do presidente Omar Bongo. Já viúvo de Teresa, vivia num apartamento luxuoso no mesmo edifício da sede do Interbanque com Palmira Barral, a sua segunda esposa, que fora candidata a Miss Moçambique e também servira de espia em alguns dos seus esquemas. Num fio que usava ao peito, mantinha a aliança do primeiro casamento e uma medalha de Nossa Senhora de Fátima.

Mas o banco tinha alguns problemas de capitalização e, talvez por isso, o seu médico e amigo Carlos Graça sentia-o angustiado. Um dia, ligaram-lhe: - Jardim estava numa reunião com o filho Carlos Frederico e caiu com a cabeça sobre a mesa. Levaram-no para um hospital a 100 metros de distância, mas não conseguiram reanimá-lo.

Carlos Graça achava que lhe deviam ter feito uma autópsia. O médico, que foi primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, diz que foi uma morte natural, mas não se esquece que este lhe pedia sempre para a investigarem porque tinha receio. «Andava sempre com uma cápsula de cianeto para não cair nas mãos dos inimigos».

Em 15 de Abril de 1952, fora distinguido como grande-oficial da Ordem Militar de Cristo; e, em 26 de Junho de 1962, foi agraciado como grande-oficial da Ordem do Império.

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