terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

28 DE FEVEREIRO - YAŞAR KEMAL

EFEMÉRIDEYaşar Kemal, de seu verdadeiro nome Kemal Sadık Gökçeli, escritor e jornalista turco de origem curda, morreu em Istambul no dia 28 de Fevereiro de 2015. Nascera em Osmaniye, em 6 de Outubro de 1923. Foi candidato ao Prémio Nobel de Literatura (1072).
Kemal era oriundo de uma família pobre. Teve uma infância difícil, tendo perdido um olho acidentalmente quando o pai esquartejava uma ovelha e, aos cinco anos, assistiu ao assassinato do progenitor perpetrado por um filho adoptivo. Esta experiência traumatizante provocou-lhe dificuldades na fala, que subsistiram até aos doze anos. Iniciou a escolaridade aos nove. Continuou depois com os estudos secundários, trabalhando simultaneamente como operário. Deixou os estudos formais, quando frequentava o 3º ano.
Foi depois contramestre, guarda campestre, escrivão público e bibliotecário. Poemas seus começaram a ser publicados em diversas revistas, como a “Ülke”, a “Kovan”, a “Millet” e a “Beşpinar”.
Em 1943, começou a escrever sobre assuntos da contemporaneidade, como a Segunda Guerra Mundial e o folclore da Europa Oriental. O seu primeiro livro foi “Ağıtlar”, no qual compilou lendas e personagens folclóricos. Mais tarde, lançaria várias obras de grande repercussão no Modernismo do seu país e conquistou importantes prémios e galardões literários.
Passou um ano na prisão em 1950 por «propaganda comunista». Instalou-se em Istambul no ano seguinte. Fez reportagens para o diário “Cumhuriyet”. Obteve o Prémio Especial da Associação de Jornalistas pela sua reportagem “Sete dias na maior quinta do mundo”. A polícia turca teria apreendido as suas duas primeiras novelas.
Ainda em 1951, quando estava de visita à ilha de Akdamar, assistiu à destruição da igreja de Santa Cruz de Aghtamar. Graças à sua notoriedade, ajudou a parar com a destruição. A igreja ficou assim até 2005, ano em que o governo turco de então começou a restaurá-la.
Em 1955, o seu primeiro romance (“Mèmed”) teve grande sucesso, sucesso que foi aumentando de tal modo que o candidatou ao Nobel de 1972. Traduzido em mais de quarenta línguas, transformou Kemal numa figura marcante da literatura mundial. Recebeu a Legião de Honra Francesa em 1984 (comendador) e 2011 (oficial).
A sua militância contra a brutalidade do poder turco para com a minoria curda valeu-lhe vários processos judiciais. Em 1996, foi mesmo condenado a vinte meses de prisão por um artigo publicado em 1995, em que denunciava o modo como o Estado turco tratava a questão curda.
O ministério da Cultura Arménio concedeu-lhe – em 2013 – a Medalha Krikor Narégatsi pelo seu respeito pela cultura e pela identidade arménia. Yaşar Kemal foi, ao longo da sua carreira literária, doutorado honoris causa por seis universidades.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

27 DE FEVEREIRO - RUY ROQUE GAMEIRO

EFEMÉRIDE – Ruy Roque Gameiro, escultor português, nasceu na Amadora no dia 27 de Fevereiro de 1906. Morreu na estrada de Sintra em 18 de Agosto de 1935.
Cresceu na Venteira, hoje Amadora, numa casa traçada segundo os cânones da “casa portuguesa”, assinada a quatro mãos pelo pai e pelo arquitecto Raul Lino. Um outro amigo, Rafael Bordalo Pinheiro, desenhara os azulejos da sala de jantar. O futuro escultor habituara-se a ver, como visitas frequentes da casa, o escritor Afonso Lopes Vieira, o escultor Teixeira Lopes e o pintor José Malhoa, entre outros artistas. Ruy gostava de vaguear pelos campos e de se vestir como um pescador. Amava os seus cães, o mar e o sol.
Apesar de ter morrido relativamente jovem, mereceu a atenção favorável da crítica, ocupando um lugar de destaque entre os escultores da segunda geração de artistas modernistas portugueses.
Frequentou o curso de mecânico de automóveis na Escola Industrial Marquês de Pombal em Lisboa. Terminou o curso da Escola de Belas Artes de Lisboa em 1928, com uma escultura intitulada “Abel e Caim”. No ano seguinte, expôs pela primeira vez, apresentando uma estilizada “Salomé” na Sociedade Nacional de Belas Artes. Participou no I e II Salões dos Independentes (SNBA, 1930 e 1931).
Entre as suas obras mais importantes, sobressaem os monumentos aos Mortos da Primeira Guerra Mundial, em Abrantes e em Lourenço Marques (actual Maputo). Datada de 1930, a estátua de Abrantes (“Monumento aos Mortos pela Pátria, 1914/1918”) foi a primeira em Portugal a ser fundida em cimento. A de Maputo, projectada em colaboração com o arquitecto Veloso Reis, foi primeiro prémio no concurso para o “Monumento aos Mortos da Primeira Guerra Mundial” (1931), tendo sido exposta em 1934 na Avenida da Liberdade em Lisboa e entregue à cidade moçambicana no ano seguinte. A invulgar dignidade formal destas obras, onde avulta a figura imponente da Mulher/Pátria, de vestes moldantes, destaca-as como das mais notáveis da produção escultórica nacional do seu tempo.
Ruy Roque Gameiro ganhou ainda o concurso para uma estátua a “D. João II” na Avenida da Índia, Lisboa (1930) e participou na Exposição Internacional de Paris de 1932.
Foi premiado postumamente no primeiro concurso para o “Monumento ao Infante D. Henrique”, Sagres, 1936 (em colaboração com os arquitectos Carlos e Guilherme Rebelo de Andrade), embora esse projecto vencedor não tenha sido construído. A escultura de Gameiro que o integrava foi apresentada nos pavilhões portugueses das Feiras Internacionais de Paris (1937) e de Nova Iorque (1939).
Casou em 1933, com Maria Helena Castelo Branco. Ambos morreram dois anos mais tarde, num desastre de viação ocorrido na estrada de Sintra, em que a sua moto colidiu com um automóvel. A morte prematura, aos 29 anos de idade, impediu-o de realizar uma obra que, a julgar pelo espólio que deixou, seria determinante na sua geração.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

26 DE FEVEREIRO - ANTÓNIO DA CUNHA TELLES

EFEMÉRIDEAntónio Alexandre Cohen da Cunha Telles, realizador, produtor e distribuidor de cinema português, nasceu no Funchal em 26 de Fevereiro de 1935. Foi um dos iniciadores do Cinema Novo português, como realizador e como produtor.
Estuda Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, acabando por se dedicar ao Cinema. Instalou-se em Paris, por volta de 1956, e estudou Realização no Institut des Hautes Études Cinématographiques, de onde saiu diplomado em 1961.
Regressado a Portugal, dirigiu o jornal de actualidades “Imagens de Portugal”, assumindo funções directivas nos Serviços de Cinema da Direcção de Geral do Ensino Primário.
Estreou-se como realizador, com o documentário “Os Transportes” (1962), encomendado pela Direcção-Geral do Ensino Primário, e deu início a uma actividade de produtor que o tornaria indissociável do movimento do Novo Cinema português. Produziu “Os Verdes Anos” (1963) de Paulo Rocha e “Belarmino” (1964) de Fernando Lopes. Em 1967, por falta de êxito comercial dos filmes daquele novo movimento, abandonou por curto período a produção e realizou “Cine-Almanaque”, jornal de actualidades cinematográficas de que foram exibidas doze edições.
Em 1969, começou verdadeiramente a carreira de realizador. A sua primeira longa-metragem é de 1970, “O Cerco”. Fundou, entretanto, uma distribuidora (Animatógrafo) que seria responsável por uma quase revolução no tipo de cinema visto em Portugal na primeira metade dos anos 1970 (Bertolucci, Oshima, Eisenstein e Glauber Rocha foram alguns dos realizadores que entraram em contacto com o público português através desta distribuidora).
Na década de 1970, realizou três filmes: “Meus Amigos” (1974) e “Continuar a Viver” (1976), em nome próprio, e “As Armas e o Povo” (1975), um filme realizado colectivamente. No final da mesma década, encontramos Cunha Telles em lugares tão ilustres como o topo da administração do Instituto Português de Cinema e da Tobis Portuguesa.
Em 1983, voltou à produção, depois de cindir a firma Animatógrafo entre um sector de distribuição (que ainda hoje mantém actividade sob a direcção de Renée Gagnon – a actual Marfilmes) e um de produção, que Cunha Telles encabeça (juntamente com a sua filha Pandora da Cunha Telles – a actual Filmes de Fundo), onde se vem dedicando a produções próprias e a assegurar produções executivas de filmes estrangeiros parcialmente rodados em Portugal. Conta desde então com um número impressionante de películas produzidas, de realizadores como Fonseca e Costa, Eduardo Geada, Joaquim Leitão, Edgar Pêra, António de Macedo e António Pedro Vasconcelos, vários telefilmes e inúmeras produções executivas internacionais.
Realizou ainda “Vidas” (1984), “Pandora” (1996) e, mais recentemente, “Kiss Me” (2004), primeira e única experiência cinematográfica da manequim Marisa Cruz.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

25 DE FEVEREIRO - BENEDETTO CROCE

EFEMÉRIDEBenedetto Croce, historiador, escritor, filósofo e político italiano, nasceu em Pescasseroli no dia 25 de Fevereiro de 1866. Morreu em Nápoles, em 20 de Novembro de 1952. Os seus escritos giram em torno de um largo espectro temático, de que se salienta a estética e a filosofia da história. É considerado uma das personalidades mais importantes da Itália no século XX.
Benedetto nasceu no seio de uma família rica, influente e conservadora. A sua educação foi marcada por uma atmosfera fortemente religiosa, da qual cedo se distanciou.
Em 1883, perdeu os pais assim como a irmã, todos mortos num terramoto que assolou a vila de Casamicciola Terme, na ilha de Ísquia, onde a família passava férias. Nessa ocasião, o próprio Benedetto permaneceu soterrado durante largo tempo. Herdou a fortuna da família, o que lhe permitiu viver com relativo conforto e dedicar tempo à reflexão filosófica.
Na política, foi nomeado senador em 1910. Entre 1920 e 1921, foi ministro da Instrução Pública. Croce opôs-se ao governo fascista de Benito Mussolini, embora o tivesse apoiado até 1924. Depois da Segunda Guerra Mundial, fundou o Partido Liberal Italiano, do qual foi presidente. Foi eleito para a Assembleia Constituinte (1946/48).
Teve um AVC em 1949, que limitou a sua capacidade de andar. Sem sair de casa, continuou os seus estudos. Veio a morrer na sua biblioteca particular, enquanto lia.
O filósofo e político Antonio Gramsci escreveu, enquanto esteve detido, os seus célebres 29 “Cadernos de Prisão”. O caderno nº 10, escrito em 1932/35, foi inteiramente dedicado à “Filosofia de Benedetto Croce”.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

24 DE FEVEREIRO - STANISŁAW IGNACY WITKIEWICZ

EFEMÉRIDEStanisław Ignacy Witkiewicz (“Witkacy”), panfletário, dramaturgo, romancista, pintor, fotógrafo e filósofo polaco, nasceu em Varsóvia no dia 24 de Fevereiro de 1885. Morreu em Jeziory, actualmente em território ucraniano, em 18 de Setembro de 1939.
Witkiewicz passou a infância em Zakopane, recebendo uma educação liberal. Em 1910, escreveu um longo romance que só foi publicado postumamente. Quatro anos mais tarde, a noiva suicidou-se. Desesperado, decidiu partir para a Nova Guiné. Amigo de infância de Malinowski, fundador da antropologia cultural, colaborou inicialmente com ele na expedição à Austrália, actuando como pintor, fotógrafo e secretário.
Foi oficial do Exército Russo durante a Primeira Guerra Mundial (a Polónia estava então sob tutela da Rússia). Depois, entre 1918 e 1926, escreveu mais de trinta peças teatrais, algumas das quais foram representadas naquela época. Simultaneamente, pintou numerosas telas. Tornou-se notado e célebre pelas suas excentricidades.  
Elaborou o conceito de “forma pura” na arte, sendo um dos autores polacos mais traduzidos. Suicidou-se, cortando as veias da garganta, quando fugia da invasão do exército soviético em Setembro de 1939.
Witkiewicz foi uma das figuras principais do teatro polaco e da chamada vanguarda europeia no início do século passado, antecipando assim o teatro que seria chamado posteriormente “teatro “do absurdo”.
Por curiosidade, diga-se que Witkiewicz nunca foi encenado em Portugal. Uma única vez, e em francês, foi tentado mostrar uma das suas obras (proibida pela censura do Estado Novo).
Há apenas tradução em português de uma peça teatral de Witkiewicz, elaborada por Luís Francisco Rebelo. Trata-se de “A Mãe”, publicada pela editora Prelo, em 1972.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

23 DE FEVEREIRO - RUI UNAS

EFEMÉRIDERui Miguel Guerra Unas, apresentador, produtor, autor de programas de televisão e actor português, nasceu em Lisboa no dia 23 de Fevereiro de 1974.
Criado na Margem Sul, a sua paixão pelo entretenimento cedo se manifestou, animando os intervalos e as festas escolares na rádio da Escola Secundária do Fogueteiro.
Depressa ingressou no mundo da rádio profissional, com um programa na Rádio Seixal e, mais tarde, na Antena 3 e Antena 1.
Dali à televisão foi um ápice. A apresentação de programas como “Alta Voltagem”, “Curto Circuito” e “Cabaret da Coxa” valeram-lhe o epíteto de «Ganda Maluco» e abriram-lhe as portas do teatro e do cinema (com “Os Imortais” de António Pedro Vasconcelos).
Na televisão, passou por telenovelas e por programas de ficção como “O Último a Sair” e “Anti-Crise”. O êxito de “Margem Sul State of Mind”, de sua autoria, é um hino ao sítio que o viu crescer e onde ainda vive.
Já entrou ou foi autor de mais de quarenta programas de televisão (1995/2016) e quatro de rádio (2006/14). Protagonizou treze filmes (2002/15) e cinco peças de teatro (2005t/15). Fez mais de trinta dobragens (1992/2017) e – também – publicidade.
Rui Unas publicou dois livros: “A Minha Vida é um Cabaret” (2004) e “Nascido e Criado na Margem Sul” (2014). É casado e tem dois filhos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

22 DE FEVEREIRO - RENATO ROCHA

EFEMÉRIDERenato da Silva Rocha, músico brasileiro, morreu em Guarujá no dia 22 de Fevereiro de 2015. Nascera no Rio de Janeiro em 27 de Maio de 1961. Foi baixista e compositor da banda Legião Urbana, tendo participado nos três primeiros discos deste grupo: “Legião Urbana”, “Dois” e “Que País É Este”.
Nascido em São Cristóvão, no Rio, mudou-se para Brasília em 1970, visto que o pai era militar e fora colocado na capital. Em 1974, Renato Rocha passou a ter contacto com a banda Tela (um dos vários grupos surgidos na década de 1970), mas nunca a integrou.  
As primeiras alcunhas que teve foram Renatão, por causa da sua envergadura, e Romeu (herói olímpico grego de luta), em virtude de ser bastante brigão. Quando entrou para a equipa de voleibol da Associação Atlética Banco do Brasil, passou a ser conhecido por Negrelle, que fora um famoso jogador do clube. Mais tarde, porém, o apelido foi mudado para Negrete, numa brincadeira dos seus amigos. Ainda em Brasília, foi membro dos Cabeças Raspadas, subcultura urbana inspirada nos Skinheads ingleses.
Juntamente com Toninho Maia, fundou a banda Smegma. Em 1981, passou a integrar o grupo Dents Kents, que existiu até 1982.
A Legião Urbana era originalmente um trio, com Renato Russo (baixo), Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria). Renato Rocha ingressou na banda logo após eles terem assinado contrato com a EMI, em 1984, a quatro dias do início das gravações do primeiro LP. O motivo foi a tentativa de suicídio de Renato Russo ao cortar os pulsos, ficando assim impossibilitado de gravar. Renato Rocha já era amigo de Marcelo Bonfá, o que facilitou a sua entrada imediata. A partir daí, tornou-se integrante fixo do grupo e compôs “'Quase sem querer”, “Daniel na cova dos leões” e diversas canções juntamente com outros membros da banda.
Renato Rocha deixou a Legião em 1989, quando a banda estava prestes a gravar o álbum “As Quatro Estações”. Numa entrevista concedida anos mais tarde, ele afirmou que fora expulso por Renato Russo. Em entrevistas posteriores, Dado Villa-Lobos precisou que os reais motivos da saída de Renato Rocha foram os seus problemas com bebidas alcoólicas e os atrasos nos shows.
Depois da Legião Urbana, integrou a banda Cartilage, com a qual lançou os discos “Cartilage Virtual” e “Solana Star”.
Em Março de 2012, o programa jornalístico “Domingo Espectacular”, da Record, exibiu uma reportagem na qual mostrava que o baixista se havia transformado num sem-abrigo do Rio de Janeiro. Descrevia a série de acontecimentos que o levaram a perder tudo e a ir morar nas ruas cariocas. Especulava também o porquê de os direitos autorais não serem suficientes para que o músico conseguisse levar uma vida digna e igualmente o porquê da sua vida se ter transformado tão radicalmente. Ainda na reportagem, o ECAD comunicou que entregava ao músico um valor de cerca de 900 reais mensais.
Em 2002, numa entrevista, Renato Rocha assumira consumir maconha e bebidas alcoólicas e que tivera uma juventude marcada por estas e outras drogas.
Em 2013, actuou – com outros músicos – no Estádio Nacional Mané Garrincha, no show “Renato Russo Sinfónico”. Neste tributo, a imagem de Renato Russo, falecido em 1996, apareceu projectada no palco.
Em 2014, foi convidado para uma participação no projecto “Urbana Legion”. Renato voltou então aos palcos para tocar os sucessos do Legião Urbana, juntamente com o também ex-integrante Eduardo Paraná.
Em 22 de Fevereiro de 2015, por volta das 8h30, uma governanta encontrou o ex-baixista morto dentro de um hotel em Guarujá, no bairro da Enseada, no litoral de São Paulo. O funeral teve lugar dois dias depois para o Cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, na região da Grande São Paulo. Renato deixou um casal de filhos e uma neta.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

JOSÉ AFONSO - "A morte saiu à rua".

21 DE FEVEREIRO - JOSÉ ZORRILLA

EFEMÉRIDEJosé Zorrilla y Moral, escritor espanhol, nasceu em Valladolid no dia 21 de Fevereiro de 1817. Morreu em Madrid, em 23 de Janeiro de 1893. É considerado um dos principais dramaturgos espanhóis do século XIX.
As suas primeiras poesias líricas surgiram em 1837 e principalmente em 1841, com a publicação de “Os Cantos do Trovador”. No entanto, a sua reputação atingiu proporções ainda maiores com poemas inspirados em lendas e tradições nacionais.
Entre as suas obras mais notáveis, contam-se “Rosa de Alexandria”, “Álbum de um Louco”, “O Punhal do Godo”, “D. João Tenório”, “O Sapateiro e o Rei” e “Recordações de Viagem”.
Em 1837, foi escolhido para ler um poema durante o funeral do escritor Mariano José de Larra.
Escreveu para a revista cultural “Museo de las Familias” (1843/1870), realizando mesmo algumas ilustrações, fazendo-se passar por um «artista italiano».
José Zorrilla é citado no best-seller “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marques, Prémio Nobel de Literatura.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

20 DE FEVEREIRO - ANTÓNIO SALVADO

EFEMÉRIDEAntónio Forte Salvado, escritor português, nasceu em Castelo Branco no dia 20 de Fevereiro de 1936.
Autor de uma extensa obra poética, tem escrito também ensaios e organizado antologias. Vários dos seus trabalhos foram distinguidos com prémios nacionais e estrangeiros.
Nascido na zona antiga de Castelo Branco, foi o mais novo de cinco irmãos. Desde cedo se interessou pela literatura, tendo publicado o seu primeiro livro aos dezoito anos.
Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa. Entre 1955 e 2015, publicou mais de vinte livros de poesia.
Em Fevereiro de 2010, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Vive actualmente em Castelo Branco, sua terra natal.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

19 DE FEVEREIRO - BENICIO DEL TORO

EFEMÉRIDEBenicio Monserrate Rafael del Toro Sánchez, actor porto-riquenho, nasceu em San Germán no dia 19 de Fevereiro de 1967. Foi o segundo actor de Porto Rico a conquistar um Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, após Rita Moreno.
Filho de um casal de advogados, cresceu em Santurce, um bairro de San Juan. A mãe morreu de hepatite quando ele tinha nove anos. A família mudou-se três anos mais tarde para Mercersburg, na Pensilvânia. Com 13 anos, foi inscrito num pensionato para se preparar para um curso superior. O pai queria que ele fosse advogado e Benicio prosseguiu os estudos na Universidade da Califórnia em San Diego. Em breve, porém, abandonou a universidade para ingressar na célebre Square Acting School de Nova Iorque.
Em 1986, participou no videoclipe “La Isla Bonita” da cantora Madonna, aparecendo a dançar na rua com a cantora e os demais actores.
Iniciou-se no cinema no fim da década de 1980, fazendo pequenos papéis. O filme “Usual Suspects” de 1995 teve sucesso mundial e foi um marco na sua carreira, trazendo-lhe o reconhecimento dos meios cinematográficos e dando-lhe a possibilidade de escolher os seus projectos.   
Deu réplica a Johnny Depp em “Fear and Loathing in Las Vegas” (1998), num papel para o qual teve de aumentar 20 kg de peso,  para interpretar o excêntrico Dr Gonzo. Depois de um hiato de dois anos, voltou ao primeiro plano em 2000, com vários filmes, entre eles “Traffic”, com que ganhou o Oscar de Melhor Actor Coadjuvante (2001), o Golden Globe Award, o BAFTA e um Urso de Prata no Festival de Berlim.
Conquistou o Prémio de Interpretação Masculina no Festival de Cannes (2008) e o Goya 2009 para o Melhor Actor Principal, pelo seu papel de Ernesto Guevara no filme “Che”. Foi a consagração definitiva.
Ao longo da sua carreira, já protagonizou cerca de 40 películas (1988/2017) e algumas séries de televisão (1987/2008). Tem sido premiado inúmeras vezes.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

18 DE FEVEREIRO - GABRIEL MARIANO

EFEMÉRIDEGabriel Mariano, de seu verdadeiro nome José Gabriel Lopes da Silva, juiz, poeta, contista e ensaísta cabo-verdiano, morreu em Lisboa no dia 18 de Fevereiro de 2002. Nascera em Vila de Ribeira Grande, em 18 de Maio de 1928.
Estudou na Faculdade de Direito de Lisboa, onde se licenciou em Direito. Foi juiz em Lisboa e regressou a Cabo Verde nos anos 1950. Participou na criação do jornal “Restauração” (com Jorge Pedro Barbosa e outros), do “Suplemento Cultural” (com Carlos Alberto Monteiro e outros) e do “Boletim Cabo Verde”.
A sua intensa actividade cultural acabou por ser considerada subversiva pelo governo local, que o deportou para Moçambique.
Da sua obra literária, fazem parte poemas, contos, romances e ensaios, tanto em português como em crioulo. De salientar, entre outros, “A Mestiçagem: seu papel na formação da sociedade cabo-verdiana” (ensaio, 1958); “Do Funco ao Sobrado ou o Mundo que o Mulato Criou” (ensaio, 1959); “Vida e Morte de João Cabafume” (contos, 1976); “Cultura Cabo-verdiana” (ensaios, 1991); e “Ladeira Grande” (antologia poética, 1993).
Ganhou o Prémio de Literatura Africana em 1976, com 0 livro de contos “Vida e Morte de João Cabafume”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

17 DE FEVEREIRO - DOROTHY CANFIELD FISHER

EFEMÉRIDEDorothy Frances Canfield Fisher, romancista norte-americana, nasceu em Lawrence no dia 17 de Fevereiro de 1879. Morreu em Arlington, em 9 de Novembro de 1958. Escreveu uma longa série de romances, começando com “Gunhild” (1907) e prosseguindo com “The Spirret Cage” e muitos outros. Publicou igualmente vários livros de contos, em colaboração com o marido.
A mãe era artista e escritora e o pai ensinou Economia Política na Universidade do Kansas, sendo depois nomeado chanceler na Universidade de Nebraska em 1891.
A família mudou-se em 1895 para Colombus, quando o pai foi escolhido para presidente da Universidade de Ohio. Dorothy estudou ali Francês, recebendo o bacharelato em 1899. Prosseguiu depois os estudos na Universidade de Paris, antes de obter – em 1904 – o doutoramento em Línguas Romanas na Universidade de Colombus.
Dorothy Canfield foi co-autora de um manual escolar e publicou as suas primeiras novelas em diversas revistas. Para poder dar assistência aos seus pais já idosos, declinou um lugar de professora e trabalhou como secretária numa escola experimental de Nova Iorque.
Em 1907, casou-se com John Redwood Fisher, também antigo estudante da Universidade de Colombus. No mesmo ano, publicou o primeiro romance e instalou-se com o marido em Arlington.
Durante a Primeira Guerra Mundial, John Fisher serviu no American Volunteer Ambulance Corps. Enquanto isso, Dorothy foi para França (1916/19) com os dois filhos e participou no “Socorro de Guerra”. Escreveu então uma dezena de romances, que vieram a ter grande sucesso nos anos 1920.
Consagrou igualmente várias obras à pedagogia Montessori e foi a primeira mulher a ser eleita para o Conselho de Educação do Vermont, presidindo também a American Association for Adult Education.
Durante vinte e cinco anos, fez parte do comité de selecção de um clube de livros, o Book of the Month Club. Foi ainda a primeira mulher a receber o doutoramento honoris causa do Dartmouth College.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

16 DE FEVEREIRO - JOÃO FERREIRA ROSA

EFEMÉRIDEJoão Manuel Soares Ferreira Rosa, fadista português, nasceu em Lisboa no dia 16 de Fevereiro de 1937. Autor e intérprete de uma obra singular, pelo seu lirismo, pureza e musicalidade, João Ferreira Rosa é um dos maiores expoentes do fado tradicional.
Monárquico convicto e fascinado pelas tradições portuguesas, os seus fados abordam o amor e o sentimento de perda — “Triste sorte”, “Os lugares por onde andámos”, “Fado das Mágoas”, “Mansarda” ou “Pedi a Deus”, todos com letra de sua autoria —, mas também, de forma recorrente, a nostalgia dos tempos perdidos, de um Portugal esquecido, da terra e do mar, das romarias e das touradas, onde se podem encontrar temas como “Acabou o Arraial”, “Fado Alcochete” ou o “Fado dos Saltimbancos”, os dois primeiros também com letra sua.
No entanto, o fado que tornou Ferreira Rosa conhecido do grande público foi o “Fado do Embuçado”, tema incluído no seu primeiro EP, editado em 1961. Tem música do “Fado Tradição” da fadista Alcídia Rodrigues, com letra de Gabriel de Oliveira, sendo incontornável em qualquer noite ou tertúlia fadista.
João Ferreira Rosa actuou pela primeira vez em público aos catorze anos, no velho Teatro Rosa Damasceno, em Santarém, durante uma festa da Escola de Regentes Agrícolas. A actuação tinha uma razão de ser – cantar o fado era, na Escola Agrícola, uma forma excelente de escapar às praxes dos colegas mais velhos.
Em 1961, estreou-se na rádio, ao participar no programa “Nova Onda” da Emissora Nacional, ao lado de outros fadistas amadores como Teresa Tarouca e Hermano da Câmara.
Em 1965, adquiriu um espaço, no Beco dos Curtumes, no carismático bairro de Alfama, a que chamou A Taverna do Embuçado. Inaugurada no ano seguinte, esta casa viria a marcar toda uma era do fado, ao longo dos 20 anos que se seguiram, até que Ferreira Rosa deixou a gestão na década de 1980, cedendo-a a Teresa Siqueira. O espaço ainda hoje existe.
Ainda nos anos 1960, adquiriu o Palácio Pintéus, no concelho de Loures, que estava praticamente em ruínas e destinado a converter-se num complexo de prédios. Ferreira Rosa recuperou o palácio, lutando contra diversos obstáculos burocráticos e administrativos que lhe foram sendo colocados. O Palácio só abriu as suas portas ao público em 2007 e lá se realizam diversos eventos ligados ao fado. Muito antes, houve diversas actuações transmitidas pela RTP, casos de Alfredo Marceneiro, João Braga ou José Pracana. De resto, Ferreira Rosa que, à semelhança do velho Alfredo Marceneiro, tem uma certa aversão a estúdios de gravação e à comercialização do fado, prefere cantar o fado entre amigos, como refere nos versos do “Fado Alcochete”. Gravou dentro das paredes do Palácio Pintéus o seu disco “Ontem e Hoje”, editado em 1996 e considerado um dos seus melhores trabalhos.
Entre 2001 e 2003, amigos e seguidores tiveram ainda a oportunidade de o ouvir regularmente em ciclos de espectáculos organizados no Wonder Bar do Casino do Estoril.
Casou-se em Loures, em Julho de 1987, com Ana Maria Gago da Câmara Botelho de Medeiros. Anteriormente, fora casado com a pianista Maria João Pires. Nutre uma especial paixão por Alcochete, terra onde tem vivido nos últimos anos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

JOÃO FERREIRA ROSA - "Triste sorte"


15 DE FEVEREIRO - JENS BAGGESEN

EFEMÉRIDEJens Immanuel Baggesen, poeta dinamarquês, nasceu em Korsør no dia 15 de Fevereiro de 1764. Morreu em Hamburgo, em 3 de Outubro de 1826.
Os pais eram muito pobres e, antes de completar doze anos, Jens foi colocado no escritório do escrivão da comarca, para copiar documentos. Era uma criança frágil, melancólica e tentou mesmo o suicídio por mais de uma vez. À força de muita perseverança, conseguiu concluir o ensino básico e, em 1782, entrou para a Universidade de Copenhaga.
O sucesso como escritor surgiu logo com as primeiras publicações – os seus “Contos cómicosem verso. OJovem”, publicado uma década depois, tomou de assalto a cidade e o jovem problemático transformou-se repentinamente num poeta popular, aos vinte e um anos de idade.
Baggesen tentou então a poesia lírica e, com o seu tacto, elegância de forma e versatilidade, conquistou um lugar no melhor da sociedade local.
Todo aquele sucesso recebeu um golpe em Março de 1789, quando a sua ópera “Holger Danske” foi recebida com grande controvérsia e uma reacção nacionalista contra ela (em relação aos alemães). Deixou a Dinamarca num acesso de raiva e passou os anos seguintes na Alemanha, França e Suíça. Casou-se em Berna, em 1790, começando a escrever em alemão e publicando nessa língua o seu poema “Alpenlied”.
No Inverno do mesmo ano, voltou à Dinamarca, trazendo consigo – como uma oferta de paz – o seu excelente poema descritivo “Labirinto”, escrito em dinamarquês. Foi recebido com inúmeras homenagens.
Os anos seguintes foram gastos em constantes andanças pelo norte da Europa, fixando depois residência em Paris. Continuou a publicar alternadamente em dinamarquês e alemão. Em alemão, o mais importante foi a epopeia idílica “Parthenais” (1803).
Em 1806, voltou a Copenhaga para se “defrontar” com o jovem Adam Oehlenschläger, considerado o grande poeta do momento. Até 1820, Baggesen residiu em Copenhaga, numa disputa literária quase incessante com um ou outro escritor, insultando e sendo insultado. A característica mais importante de tudo isso era a determinação de Baggesen em não permitir que Oehlenschläger fosse considerado um poeta maior do que ele.
Baggesen deixou então a Dinamarca pela última vez e voltou para a sua amada cidade de Paris, onde perdeu a segunda esposa e o filho mais novo (1822). Após uma prisão por dívidas, caiu num estado desesperado de depressão. Em 1826, depois de ter recuperado ligeiramente a saúde, quis rever a Dinamarca, mas morreu a caminho, num hospital em Hamburgo, sendo sepultado em Kiel.
O seu talento multifacetado teve sucesso em todas as formas de escrita. Um pouco mais de esforço em restringir o seu egoísmo e paixão teria feito dele um dos mais brilhantes e maiores autores de sátiras modernos. Os seus poemas cómicos são intemporais. A literatura dinamarquesa tem para com Baggesen uma grande dívida pela sua firmeza e forma, num estilo sempre elaborado e elegante.
Com todos os seus defeitos, ele destaca-se como a maior figura entre Holberg e Oehlenschläger. Especialmente significativa é a sua canção “Houve um tempo quando eu era muito pequeno”, que permanece popular quase duzentos anos depois da sua morte.
Existe uma estátua de Baggesen em Havnepladsen, Korsør, inaugurada em Maio de 1906. Não muito longe, em Batterivej, localiza-se o Hotel Jens Baggesen também assim chamado em sua homenagem.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

14 DE FEVEREIRO - DICK FRANCIS

EFEMÉRIDEDick Francis, de seu verdadeiro nome Richard Stanley Francis, jóquei e escritor galês, morreu em Grand Cayman, nas ilhas Caimão, no dia 14 de Fevereiro de 2010. Nascera em Lawrenn, no País de Gales, em 31 de Outubro 1920. Muitos dos seus romances têm por tema as corridas de cavalos, outros são romances policiais.
Filho de um jóquei, Dick foi piloto de caça e de bombardeiros durante a Segunda Guerra Mundial.
Passou também a ser jóquei em 1948, vencendo mais de 350 corridas até 1957, ano em que abandonou o hipismo devido a uma queda grave. Logo nesse ano, publicou o primeiro livro, uma autobiografia (“The Sport of Queens”), e passou a ser o cronista hípico do “ London Sunday Express”, função que desempenhou durante dezasseis anos.
Em 1962, escreveu o seu primeiro romance policial, que obteve grande sucesso. Seguiram-se outros, à razão de um por ano, durante os 38 anos seguintes. Em 1998, publicou igualmente uma recolha de novelas. Todos estes livros relacionam-se, mais ou menos, com o mundo das corridas de cavalos, se bem que os seus heróis sejam personagens muito variados, desde um artista até a um detective privado, de um negociante de vinhos a um piloto de avião…
Recebeu três Prémios Edgar de Melhor Romance, sendo o único autor a conseguir tal performance. Em 1984, foi feito Oficial da Ordem do Império Britânico. Em 1999, uma biografia não autorizada dava a entender que os seus romances eram na realidade escritos por Mary, a sua esposa.
É um facto que Dick Francis esteve muito tempo sem publicar nenhum livro depois do falecimento de Mary, em 2000. Para fazer calar aquele rumor, Dick anunciou e fez publicar, em 2006, um novo livro intitulado “Under Orders” cujo personagem principal é um antigo jóquei, detective privado e herói de três romances precedentes. Este personagem tinha inspirado uma série televisiva britânica em seis episódios (“The Racing Game”, 1978).
Dick Francis escreveu ainda mais quatro obras, estas em colaboração com o filho, Félix Francis. Alguns dos seus livros foram adaptados – ainda em sua vida – ao cinema e sobretudo à televisão, em Inglaterra, na União Soviética, na Irlanda e no Canadá. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

13 DE FEVEREIRO - MAYRA ANDRADE

EFEMÉRIDEMayra Andrade, cantora cabo-verdiana, nasceu em Havana no dia 13 de Fevereiro de 1985, É reconhecida como uma das cantoras mais promissoras da música de Cabo Verde.           
Nascida em Cuba, viveu em Cabo Verde até 1990, saltitando depois entre o Senegal, Angola, Alemanha, Cabo Verde e Paris, onde se veio a radicar.
As primeiras canções que ouviu foram brasileiras, mas foi com uma canção em crioulo que ganhou a Medalha de Ouro nos Jogos da Francofonia, no Canadá. Tinha apenas dezasseis anos de idade (2001).
A partir de 2002, actuou na Praia, no Mindelo, em Lisboa e em Paris, cidade na qual passou a residir (2003). Em Janeiro de 2004, cantou num dos mais consagrados bares de lançamento de artistas da world music – o Satellite Café.
Após participar nos festivais de Verão portugueses, fez a primeira parte de um espectáculo de Cesária Évora e, no Brasil, colaborou em duetos com Lenine e Chico Buarque. Em 2005, Charles Aznavour convidou-a para um seu novo álbum, num dueto em francês. O guitarrista Hernâni Almeida, outra grande promessa da música cabo-verdiana, acompanhou-a em alguns concertos em 2006.
Ainda em 2006, foi editado o seu primeiro disco, “Navega”, cantado em crioulo cabo-verdiano, com excepção de uma canção em francês (“Comme s'il en pleuvait”), que incluiu composições de Orlando Pantera, como “Lapidu Na Bô”, “Dispidida”, “Regasu” e “Tunuka”.
Em 2008, venceu o Prémio BBC Radio 3 World Music na categoria Revelação. Colaborou com diversos cantores de renome, como Cesária Évora, Chico Buarque, Caetano Veloso, Charles Aznavour, Mariza e Pedro Moutinho.
Em 2009, foi lançado o álbum “Stória, Stória” e, em 2010, o disco “Studio 105” (gravação ao vivo, na Casa da Rádio em Paris).
Participou na compilação “Red Hot + Rio 2” (em conjunto com o Trio Mocotó) e no DVD “Mart'nália – Em África ao Vivo”. Em Novembro de 2013, lançou o CD “Lovely Difficult”, que foi nomeado para o Prémio Victoires de la Musique, na categoria de World Music (França, 2014).

domingo, 12 de fevereiro de 2017

MAYRA ANDRADE - "We Used to Call It Love"


12 DE FEVEREIRO - JOAQUÍN SABINA

EFEMÉRIDEJoaquín Ramón Martínez Sabina, cantor, autor, compositor e poeta espanhol, nasceu em Úbeda, Jaén, na região andaluza em 12 de Fevereiro de 1949. Os seus trabalhos são reconhecidos e apreciados em todo o mundo de língua espanhola, especialmente na Argentina.
Filho de um polícia e de uma dona de casa, começou a escrever poemas aos catorze anos e a tocar canções com os amigos. Um pouco mais tarde, apaixonou-se por escritores como Marcel Proust e James Joyce. Criou um grupo musical com outros adolescentes – os Merry Youngs – que cantavam temas de Elvis Presley, Chuck Berry, etc.
Em 1968, foi estudar na Universidade de Granada, mas em breve deixou os estudos para um exílio em Londres. As razões precisas que levaram Sabina a esta decisão são objecto de polémica, mas sabe-se que ele chegou a quebrar a montra de um banco, no furor do movimento estudantil espanhol contra o regime do general Franco.
Em Londres, Sabina organizava sessões de cinema com filmes proibidos na Espanha franquista, além de participar em montagens teatrais de esquerda, especialmente com obras de Bertolt Brecht. Nessa época, também amadureceu como artista musical, pois – para sobreviver – via-se obrigado a tocar canções espanholas e latinas tradicionais nos restaurantes e bares dos arredores de Portobello Road, um reduto hispânico tradicional, na capital britânica.
Em 1977, com a morte de Franco, Sabina voltou a Espanha e casou-se com a argentina Lucia, dando início a uma movimentada vida amorosa. Em 1978, instalou-se em Madrid com a mulher e lançou o seu primeiro disco de canções, “Inventario”.
Logo após o primeiro disco, Sabina afastou-se do estereótipo do “compositor engajado” e adoptou uma roupagem mais roqueira e mais contemporânea. Discos como “Malas compañías” e “Ruleta rusa” consagraram-no como um artista de sucesso, sobretudo em Espanha e na América hispânica.
Em 2001, sofreu um AVC que colocou a sua vida em perigo, mas recuperou em poucas semanas, sem ficar com sequelas físicas. O incidente influiu, no entanto, na sua forma de pensar e viu-se imerso numa forte depressão, que o levou a abandonar os palcos durante algum tempo. Depois da crise ultrapassada, publicou o seu décimo oitavo álbum – “Alivio de luto” (2005). Em Novembro de 2009, publicou “Vinagre y rosas”.
Em 2005, foi condecorado com a Medalha de Ouro de Mérito das Belas Artes pelo Ministério da Educação, da Cultura e dos Desportos de Espanha.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

11 DE FEVEREIRO - ALFREDO REINADO

EFEMÉRIDEAlfredo Alves Reinado (ou Reinhado), major timorense, morreu em Díli no dia 11 de Fevereiro de 2008. Nascera na mesma cidade em 1967.
Foi capturado pelo exército indonésio, quando da invasão de Timor-Leste em 1975. Fugiu para a Austrália e trabalhou nas docas até à independência de Timor. Entrou para a resistência timorense à ocupação indonésia após ter conhecido, na Austrália, nos anos 1990, José Ramos-Horta (futuro presidente da República).
Depois da independência de Timor-Leste, a pedido do governo, ingressou nas forças armadas. Entre 2003 e 2005, foi comandante da Polícia Militar e recebeu treino militar da Austrália, de Portugal e do Brasil.
Desertou em Maio de 2006 para se juntar a um grupo de antigos soldados, que tinham sido demitidos do exército após se terem queixado de discriminação regional nas promoções, o que provocou uma crise em Timor. Reinado era um dos líderes desta rebelião e o elemento com posto mais elevado.
Esteve fugido à justiça desde Agosto de 2006, depois de ter sido acusado de homicídio, rebelião e posse ilegal de material de guerra.
Em 11 de Fevereiro de 2008, o porta-voz do governo de Timor-Leste, major Domingos da Câmara, declarou que «Reinado fora morto durante um ataque coordenado à residência de José Ramos-Horta, que também fora atingido por tiros.». O objectivo do ataque seria o de assassinar Ramos-Horta e Xanana Gusmão (primeiro ministro).

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

10 DE FEVEREIRO - JOSEPH LISTER

EFEMÉRIDEJoseph Lister, 1º barão de Lister, cirurgião e pesquisador inglês, morreu em Walmer, Kent, no dia 10 de Fevereiro de 1912. Nascera em Upton, Essex, em 5 de Abril de 1827.  
Iniciou uma nova era no campo da cirurgia, quando demonstrou – em 1865 – que o ácido fénico (fenol) era um efectivo agente anti-séptico, cuja utilização veio a reduzir significativamente o número de mortes por infecções pós-operatórias.
Joseph era filho de um bem sucedido enólogo e cientista amador. O pai desenvolveu lentes de microscópio que não distorciam as cores, abrindo caminho para que esse equipamento fosse usado como uma importante ferramenta científica. Com essa contribuição para a ciência, foi conduzido a membro da Royal Society.
Joseph Lister foi professor de clínica cirúrgica em Glasgow e, depois, em Edimburgo e no King's College de Londres. Na década de 1860, usando a teoria dos germes de Louis Pasteur, introduziu a anti-sepsia que viria transformar a prática cirúrgica, com a redução de infecções pós-operatórias. Em reconhecimento, foi feito membro da Royal Society (a mesma honra concedida ao pai) e, mais tarde – de 1895 a 1900 – foi mesmo seu presidente. Em 1860, utilizou desinfectante para instrumentos e roupas cirúrgicas e, em 1867, realizou a primeira cirurgia asséptica.
Em 1869, a taxa de mortalidade tinha sido já reduzida de 40 para quinze por cento. O seu método começou por ser acolhido com cepticismo mas, nos anos 1880, foi aceite por todos. Laureado com a Medalha Real (1880) e com a Medalha Copley (1902), foi doutorado honoris causa pela Universidade Jagellonne de Cracóvia em 1900.   
Faleceu na sua casa de campo em Walmer, com 84 anos, sendo sepultado no cemitério de Hampstead, Fortune Green, em Londres.
O Instituto de Medicina Preventiva do Reino Unido, antes conhecido por Edward Jenner, teve o seu nome trocado em homenagem a Lister. Desde 1899, é chamado The Lister Institute of Preventive Medicine.
Lister é um dos dois cirurgiões do Reino Unido que têm um monumento público em Londres, localizado em Portland Place, Marylebone (o outro cirurgião é John Hunter). Há também uma estátua de Lister em Kelvingrove Park, Glasgow, celebrando a sua ligação a esta cidade.
Os inventores do elixir oral “Listerine” nomearam assim o seu produto, em homenagem a Lister. Em 1940, uma bactéria foi igualmente chamada Listeria em sua honra. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

9 DE FEVEREIRO - ROBERT KEARNS

EFEMÉRIDERobert William Kearns, engenheiro e inventor norte-americano, morreu em Baltimore no dia 9 de Fevereiro de 2005. Nascera em Gary, em 10 de Março de 1927. Foi reconhecido como o inventor do Temporizador para o Limpador de Pára-brisas usado na grande maioria dos automóveis a partir de 1969. A sua primeira patente para esta invenção foi registada em 1 de Dezembro de 1964.
A invenção, que seria utilizada em todos os carros do mundo sem excepção, foi disputada por empresas como a Ford Motor Company e a Chrysler Corporation, que desejavam ter a patente daquele novo produto.
A história da sua invenção e o processo contra a Ford é contada no filme “Jogada de Génio”, lançado em 2009 e protagonizado pelo actor Greg Kinnear. O filme relata a história verídica da vida de Kearns e a brilhante vitória nos tribunais, onde ele mesmo fez a sua defesa dispensando advogados. Era casado com Phyllis Kearns e teve seis filhos. O filme relata a desestrutura familiar gerada pelos anos de luta judicial.
Kearns faleceu vitimado por um tumor cerebral provocado pelo mal de Alzheimer.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

8 DE FEVEREIRO - EDITH EVANS

EFEMÉRIDEEdith Mary Evans, actriz britânica, nasceu em Pimlico, Londres, no dia 8 de Fevereiro de 1888. Morreu em à Cranbrook, Kent, em 14 de Outubro de 1976. Era mais conhecida pelo seu trabalho no teatro, mas também apareceu em vários filmes, tendo recebido mesmo três nomeações para os Oscars, um Prémio BAFTA e um Globo de Ouro.
Estudou em St Michael's Church of England, antes de seguir um curso de aprendizagem para modista, aos 15 amos (1903).
Desempenhou o seu primeiro papel numa peça baseada em Shakespeare, “Noite de Reis”, em Outubro de 1910. Em 1912, foi descoberta pelo famoso produtor William Poel e fez a sua primeira aparição profissional em Agosto do mesmo ano.
Na sua carreira, que durou mais de sessenta anos, actuou em cerca de 150 papéis diferentes, em obras de Shakespeare, Congreve, Ibsen, Wilde e outros dramaturgos da sua época, incluindo George Bernard Shaw.
Entre as suas performances mais marcantes estão Millamant em “The Way of the World” (1924), Rosalind em “As You Like It” (1926 e 1936), a enfermeira em “Romeu e Julieta” (1932, 1934, 1935 e 1961) e, mais notavelmente, como Lady Bracknell em “The Importance of Being Earnest” (1939).
Edith Evans começou a sua carreira no cinema em 1915, mas foi mais notada pelo seu trabalho nos palcos, até aparecer nos filmes de 1949 “The Queen of Spades” e “Os Últimos Dias de Dolwyn”.
Edith foi particularmente eficaz ao retratar aristocratas arrogantes, como em dois dos seus papéis mais famosos: Lady Bracknell, em “The Importance of Being Earnest” (tanto no palco como no filme em 1952), e Miss Ocidental no filme “Tom Jones” (1963). Recebeu aclamação unânime da crítica, ao interpretar uma pobre velha na película “The Whisperers” (1967).

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

PEDRO BARROSO - "Viva quem canta"


7 DE FEVEREIRO - WALTER LANG

EFEMÉRIDE Walter Lang, actor, cenarista, director de fotografia e realizador de cinema norte-americano, morreu em Palm Springs (Califórnia) no dia 7 de Fevereiro de 1972. Nascera em Memphis, Tennessee, em 10 de Agosto de 1896.
Ainda jovem, foi para Nova Iorque onde conseguiu emprego num escritório de uma companhia produtora de filmes. Despertado o seu interesse artístico, começou a aprender as várias funções cinematográficas, tendo chegado a trabalhar como assistente de direcção.
Lang, no entanto, tinha a ambição de se tornar pintor e viajou para França, onde conheceu os escritores e artistas que frequentavam o bairro de Montparnasse, em Paris. As coisas não correram porém como ele esperava e regressou aos Estado Unidos e à indústria cinematográfica.
Em 1926, Walter Lang dirigiu o seu primeiro filme mudo – “The Red Kimona”. Em meados da década de 1930, foi contratado pela 20th Century Fox, onde – como realizador – fez um grande número de musicais espectacularmente coloridos, alguns com a participação de Cármen Miranda. O estúdio tornou-se assim famoso na década de 1940.
Realizou cerca de 70 películas. Uma das mais conhecidas foi o épico “O Rei e Eu” de 1956, que foi nomeado para o Oscar de Melhor Realização.
Pelas suas contribuições para o cinema, Walter Lang teve direito a uma estrela na Calçada da Fama, no Hollywood Boulevard.
Foi casado com Madalynne Field, desde 1937 até à sua morte. Madalynne, que morreu dois anos depois, era uma ex-actriz, que Lang conhecera quando realizava “Love Before Breakfast” (1936). Walter Lang está sepultado no Cemitério de Inglewood, na Califórnia.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

6 DE FEVEREIRO - ASSIA DJEBAR

EFEMÉRIDEAssia Djebar, de seu verdadeiro nome Fatima-Zohra Imalayène, escritora argelina de expressão francesa, autora de romances, novelas, poesia, ensaios, teatro e argumentos de cinema, morreu em Paris no dia 6 de Fevereiro de 2015. Nascera em Ouled Hamou, em 30 de Junho de 1936.
A sua obra tem por temas centrais a emancipação feminina, a história e a Argélia, suas línguas e culturas. É considerada uma das mais conhecidas e influentes personalidades da cultura do Magreb. Era membro da Academia Francesa desde 2005, sendo o primeiro autor norte-africano a ser eleito para esta instituição.
Nasceu numa família da pequena burguesia tradicional argelina. Estudou numa escola francesa e, depois, numa escola corânica privada. A partir dos 10 anos, ingressou no colégio de Blida, onde – não havendo curso de Árabe Clássico – começou a aprender grego antigo, latim e inglês. Obteve o bacharelato em 1953. 
Em 1954, entrou para o Liceu Fénelon em Paris. No ano seguinte, integrou a Escola Normal Superior de Sèvres, onde optou por História. Foi a primeira argelina e a primeira mulher muçulmana a frequentar esta escola.
Em 1956, aderiu a uma greve de estudantes argelinos em Paris e, como resultado, não passou nos exames. Por essa época, escreveu o primeiro romance, “La Soif”, assinando já com o pseudónimo Assia Djebar. “Assia” significa “Consolação” e “Djebar”, “Intransigência”. Casou com o escritor Walid Carn e saiu de França para a África do Norte.
A partir de 1958/59, ensinou História Moderna e Contemporânea do Magreb na Faculdade de Letras de Rabat. Em 1958, começou a colaborar em “El Moudjahid”, a revista da Frente de Libertação Nacional.
Em Julho de 1962, após a independência da Argélia, passou a ensinar História na Universidade de Argel mas, com o golpe de estado de Boumediene, mudou-se para Paris, onde se dedicou à crítica (literária e cinematográfica), e ao teatro. Em 1965, juntamente com o marido, decidiu adoptar uma criança órfã.
Entre 1966 e 1975, residiu em França, mas ia com regularidade à Argélia. Casou-se pela segunda vez, então com Malek Alloula, do qual se separou posteriormente.
Em 1974, reentrou na Universidade de Argel e, paralelamente, durante um dezena de anos dedicou-se também ao cinema, realizando uma longa-metragem, “La Nouba des femmes du Mont Chenoua” (1978), Prémio da Crítica da Bienal de Veneza de 1979, e a curta-metragem “La Zerda ou les chants de l'oubli” (1982).  
A sua carreira literária, iniciada com “La Soif”, prosseguiu com “Les Impatients” (1958), “Les Enfants du nouveau monde” (1962), “Les Alouettes naïves” (1967), “Femmes d'Alger dans leur appartement” (1980) e “Loin de Médine” (1992). O seu nome foi apontado como forte candidato ao Prémio Nobel de Literatura.
Em 1999, defendeu a sua tese sobre a própria obra, na Universidade Paul-Valéry em Montpellier. No mesmo ano, foi eleita membro da Academia Real da Língua e da Literatura Francesa da Bélgica.
Repartindo-se depois entre a França e os Estados Unidos, foi professora no Departamento de Estudos Franceses da Universidade de Nova Iorque. Era Doutora Honoris Causa das Universidades de Viena, de Concordia (Montreal) e de Osnabrück (Alemanha).
Entre inúmeros prémios e condecorações que recebeu, salientam-se: os graus de Cavaleiro da Legião de Honra e de Comendador da Ordem das Artes e das Letras, ambas de França. Em 2015, foi criado – na Argélia – o Prémio Assia Djebar de Romance. Uma das salas da Escola Normal Superior de Paris tem o seu nome.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

5 DE FEVEREIRO - HENFIL

EFEMÉRIDE Henfil, de seu verdadeiro nome Henrique de Souza Filho, cartoonista, jornalista e escritor humorista brasileiro, nasceu em Ribeirão das Neves no dia 5 de Fevereiro de 1944. Morreu no Rio de Janeiro em 4 de Janeiro de 1988.
Como outros dois dos seus irmãos — o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário — herdou da mãe a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais susceptível a hemorragias.
Henfil cresceu na periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso supletivo nocturno e um curso superior de Sociologia na Faculdade de Ciências Económicas da UFMG, que abandonou meses depois.
Foi embalador de queijos, contínuo numa agência de publicidade e jornalista, até se especializar, no início dos anos 1960, em ilustração e produção de bandas desenhadas.
A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando – a convite do editor e escritor Robert Dummond – começou a trabalhar na revista “Alterosa” de Belo Horizonte, onde criou “Os Franguinhos”. Em 1965, passou a colaborar no jornal “Diário de Minas”, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges desportivas para o “Jornal dos Sports” do Rio de Janeiro. Também teve trabalhos publicados nas revistas “Realidade”, “Visão”, “Placar” e “O Cruzeiro”. A partir de 1969, passou a colaborar no “Jornal do Brasil” e em “O Pasquim”.
Nestas publicações, os seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou nos anos 1970 a revista “Fradim”, que tinha como timbre o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros. Foi precisamente durante o período em que houve censura nos meios de comunicação, com os órgãos de repressão a prender e torturar os “subversivos”, que Henfil lançou esta revista.
Trabalhou igualmente para cinema, teatro, televisão (na Rede Globo, foi redactor do extinto programa “TV Mulher”) e literatura. Actuou em diversos movimentos sociais e políticos brasileiros.
Tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos a tratar da sua doença. Como não teve lugar nos tradicionais jornais norte-americanos, sendo relegado para publicações underground, Henfil escreveu o livro “Diário de um Cucaracha”. De regresso ao Brasil, colaborou na revista “Isto É”, onde teve uma coluna intitulada “Cartas da Mãe”.
Após uma transfusão de sangue, acabou por contrair o vírus da SIDA, tendo falecido vítima das complicações da doença. Estava no auge da carreira, com os seus trabalhos a serem publicados nas principais revistas brasileiras. No ano de 2009, o seu único filho criou o Instituto Cultural Henfil. Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas “Fradim” publicadas por Henfil, entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas.
Entre os prémios que recebeu, salienta-se o Troféu Cid Rebelo Horta de Melhor Cartoonista (1965) e o Prémio Vladimir Herzog na categoria Artes pelo conjunto da sua obra na revista “Isto É” (1981).

sábado, 4 de fevereiro de 2017

4 DE FEVEREIRO - FERNAND LÉGER

EFEMÉRIDE – Jules-Fernand-Henri Léger, pintor, criador de tapeçarias e vitrais, decorador, ceramista, escultor, desenhador e ilustrador francês, nasceu em Argentan no dia 4 de Fevereiro de 1881. Morreu em Gif-sur-Yvette, em 17 de Agosto de 1955.
Iniciou a sua formação artística aos catorze anos, sendo aprendiz de um arquitecto em Caen. Em 1900, rumou para Paris, onde ingressou na Escola de Artes Decorativas, após uma tentativa frustrada de ingressar na Escola das Belas-Artes.
Em 1908, e na mesma cidade, instalou-se num edifício conhecido como “Ruche” (colmeia), onde conviveu com outros artistas, como Blaise Cendrars, Max Jacob, Guillaume Apollinaire, Robert Delaunay e Marc Chagall, de quem se tornou um dos melhores amigos.
Entre 1909 e 1910, realizou a sua primeira grande obra, “Nus no bosque”, uma pintura onde são notáveis as aspirações impressionistas.
A partir do de 1911, conheceu Pablo Picasso e Georges Braque, os quais lhe transmitiram influências cubistas, nas quais se aplicou e trabalhou durante a maior parte da sua carreira.
Em 1914, com o início da Primeira Grande Guerra, Léger foi recrutado para as trincheiras. Após esta etapa da sua vida, a pintura de Fernand Léger passou a representar a sua admiração pelos objectos mecânicos, tendo especial interesse pelos tanques de guerra.
A partir de 1920, passaram a predominar na sua obra as figuras humanas, enquadradas por elementos industriais. Ainda na segunda década do século, numa nova fase da sua vida, produziu e dirigiu o filme “O ballet mecânico”.
Devido à Segunda Grande Guerra, exilou-se nos Estados Unidos, onde foi professor na Universidade de Yale e no Mills College, tendo voltado para França em 1945.
De volta à sua terra natal, concebeu os 17 vitrais da Igreja do Sacré-Coeur de Audincourt e um painel para o Palácio das Nações Unidas de Nova Iorque.
Em 1945, filiou-se no Partido Comunista, no qual militou até ao fim da vida, e a sua obra passou a focar o trabalhador e o proletariado.
Pintou, em 1954, o seu mais conhecido quadro, “A grande parada”. Em 1955, ano do seu falecimento, foi homenageado com o prémio da Bienal de São Paulo.
O trabalho de Léger exerceu uma influência importante no construtivismo soviético. Os modernos posters comerciais e outros tipos de arte aplicada, também foram influenciados pelos seus desenhos.
Em Biot (Alpes Marítimos), o Museu Nacional Fernand Léger, mandado erigir por sua esposa Nadia Léger e por Georges Bauquier, expõe a maior colecção das suas obras. Em 1969, o museu foi doado por ambos ao Estado francês (o terreno, a construção e uma colecção de mais de trezentas obras).

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

3 DE FEVEREIRO - SARAH KANE

EFEMÉRIDESarah Kane, dramaturga inglesa, nasceu em Brentwood (Essex) no dia 3 de Fevereiro de 1971. Morreu em Londres, em 20 de Fevereiro de 1999. A sua obra caracteriza-se pela profundidade psicológica dos personagens e por imagens agressivas e chocantes.
Sarah Kane estudou Teatro na Universidade de Bristol, especializando-se em Artes na Universidade de Birmingham.
Mel Kenyon ficou encantado com a sua peça “Blasted” (“Ruínas”), uma produção estudantil, e tornou-se seu agente. A partir daí, os seus trabalhos passaram a ser representados no Royal Court Theatre, sendo logo reconhecidos e encenados em todo o mundo.
Sarah utilizou o pseudónimo “Marie Kelvedon” para escrever “Crave”, criando uma pequena biografia para o seu alter-ego. Tal medida foi tomada como forma de fugir ao furor dos críticos que haviam mal reagido à peça “Blasted”, caracterizando-a como «repugnante e obscena» e de ser escrita por «uma adolescente suicidária e frustrada». No entanto, numerosos actores e escritores de renome tinham gostado da obra, entre eles o consagrado Harold Pinter.
Uma depressão fez com que a dramaturga fosse internada por duas vezes em hospitais psiquiátricos. Nesse período extremamente conturbado, escreveu “4.48 Psychosis”, a sua última peça e a mais radical. Numa narrativa densa, fragmentada, não linear, evidenciou uma mente conturbada, depressiva e esquizofrénica, à beira da loucura (segundo a trama desta obra, 4:48 seria a hora em que a maioria dos suicídios acontecem).
Este texto só foi publicado e encenado após a sua morte, no Royal Court Theatre, em Junho de 2000, sob a direcção de James MacDonalds, o mesmo que produzira “Blasted”.
A depressão fez com que Sarah Kane tentasse o suicídio sem sucesso com pílulas para dormir mas, em Fevereiro de 1999, a escritora enforcou-se numa casa de banho do London's King's College Hospital. Tinha apenas 28 anos.
Na actualidade, Sarah é considerada a maior dramaturga do final do século XX na Inglaterra, sendo as suas obras encenadas frequentemente por todo o mundo. Além de várias peças teatrais, escreveu o guião para o filme “Skin”.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

2 DE FEVEREIRO - LENINE

EFEMÉRIDE – Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, cantor, compositor, arranjador, letrista, actor, escritor, produtor musical, engenheiro químico e ecologista brasileiro, nasceu no Recife em 2 de Fevereiro de 1959. Lenine recebeu este nome devido à homenagem que o pai quis prestar ao líder soviético e à Revolução Russa de 1917.
Já recebeu cinco Latin Grammys, dois prémios da APCA e nove Prémios da Música Brasileira. Julga-se que tenha escrito, gravado e produzido mais de quinhentas canções, algumas das quais gravadas por Elba Ramalho, Milton Nascimento e Gilberto Gil, entre outros. Actualmente, ocupa uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras.
A mãe era católica e levava os filhos à missa todos os domingos, enquanto o pai ficava em casa a escutar música. Aos oito anos de idade, juntamente com os irmãos, optou pelas audições de álbuns aos domingos em detrimento das missas dominicais.
Lenine começou a pegar no violão da irmã mais velha, que estava escondido, e tocava canções “de ouvido”. Aos domingos, ouvia música alemã, folclore russo, Tchaikovsky, Glenn Miller, Chopin e, mais tarde, os tropicalistas, entre outros.
É licenciado em Engenharia Química, tendo estudado no Colégio Salesiano e na Universidade Católica de Pernambuco.
Foi para o Rio de Janeiro no final dos anos 1970, porque naquela época, no Recife, havia pouco espaço ou recursos para música. Morou com alguns amigos compositores. Dividiram por algum tempo um apartamento na Urca e, depois, uma casinha numa vila em Botafogo, famosa por ter sido habitada por Sónia Braga. Mais tarde, foram para Santa Teresa.
Lenine teve o seu som gravado por Elba Ramalho, sendo ela a primeira cantora de sucesso a gravar uma música sua. Depois, vieram Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e muitos outros.
Trabalhou em televisão com os realizadores Guel Arraes e Jorge Furtado. Para eles, fez a parte musical de “Caramuru, a Invenção do Brasil”, que foi uma mini-série e seguidamente uma longa-metragem. Participou também na direcção musical de “Cambaio”, espectáculo baseado em canções de Chico Buarque e Edu Lobo.
Em 2013, celebrou os 30 anos de carreira. No programa, houve homenagens, documentários e 30 projectos especiais, como a grande tournée europeia “The Bridge” com a Martin Fondse Orchestra, além dos shows “Lenine Solo”. Ainda em 2013, assinou a banda sonora de um novo espectáculo do Grupo Corpo.

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