
Os contos e romances de João Guimarães Rosa decorrem quase todos no sertão brasileiro. A sua obra tem a particularidade de inovar na linguagem, sendo influenciada pelos vários modos de falar populares e regionais. Esta faceta, aliada à sua erudição, permitiu a criação de muitos vocábulos a partir de palavras antigas e palavras populares, neologismos e intervenções semânticas e sintácticas.
Autodidacta, começou a estudar diversos idiomas ainda em criança, começando pelo francês com menos de 7 anos. Poliglota quase inacreditável, falava - além do português - alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto e um pouco de russo; lia sueco, holandês, latim e grego; entendia alguns dialectos alemães e estudou gramática húngara, árabe, lituana, polaca, tupi, hebraica, japonesa, checa, finlandesa e dinamarquesa. «Mas tudo mal», segundo dizia. Estudava por divertimento, gosto e distracção.
Em 1925, matriculou-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos, tendo-se licenciado em 1930, ano em que também se casou com uma jovem de dezasseis anos de quem teve duas filhas. Exerceu a profissão em Itaguara, então município de Itaúna, durante dois anos.
Guimarães Rosa serviu depois, como médico voluntário, na Força Pública (actual Polícia Militar), durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Posteriormente entrou para o quadro da Força Pública, por concurso, indo para Barbacena na qualidade de Oficial Médico de Infantaria.
Aprovado em concurso para o Itamaraty, passou alguns anos da sua vida como diplomata, na Europa e na América Latina. Esteve na Alemanha, de 1938 a 1942, onde auxiliou judeus a fugir para o Brasil, ao emitir - juntamente com a sua segunda esposa - mais vistos do que os legalmente autorizados. Por essa acção ganhou o reconhecimento posterior do Estado de Israel. Sua esposa Aracy é aliás a única mulher homenageada no “Jardim dos Justos entre as Nações”, no Museu do Holocausto, em Israel.
Foi eleito por unanimidade para a Academia Brasileira de Letras em 1963. Adiou a cerimónia de posse enquanto pôde, afirmando ter medo de morrer no dia do evento. Só veio a tomar posse em 1967, falecendo três dias depois, com apenas 59 anos.
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