
Hitler dera tais incentivos aos atletas alemães “não judeus” que eles conseguiriam arrecadar 33 medalhas de ouro contra 24 dos Estados Unidos. Segundo os nazis estaria ali a prova da excelência da sua ideologia.
Para desgosto de Hitler, porém, um negro (Cornelius Johnson) ganhou a medalha de ouro no salto em altura. Hitler, que já tinha apertado a mão de um atleta finlandês e de outro alemão, ambos vencedores, ter-se-ia retirado do estádio logo no primeiro dia, após ter sido alertado pelo Comité Olímpico Internacional de que teria de cumprimentar todos os vencedores ou nenhum.
Daí em diante começou o show de Jesse Owens, que saiu vitorioso das quatro provas atrás aludidas. Curiosamente esta performance seria igualada nos Jogos de 1984 por outro atleta americano - Carl Lewis.
Suprema ironia, Franklin Roosevelt, que preparava as eleições americanas, temendo a reacção do eleitorado do Sul, recusou receber Owens na Casa Branca. Depois dos Jogos, Jesse Owens viveu com dificuldades, continuando a fazer a promoção do atletismo. Organizavam-se espectáculos em que ele dava avanço a outros corredores, acabando por ganhar e chegou a vencer corridas contra cavalos. Modesto, confessou mais tarde que só podia ter ganho aos cavalos porque estes se retraíam ao ouvir o ruído dos tiros de partida.
Recebeu em 1976, quarenta anos depois do seu feito, a Medalha da Liberdade e em 1990 a Medalha de Ouro do Congresso a título póstumo. Em 1984, foi dado o seu nome a uma rua de Berlim.
A maior lição de vida de Owens não é porém a sua história com Adolf Hitler, que está aliás cheia de especulações, mas sim o facto de ter contribuído para que muitos dos seus conterrâneos americanos passassem a aceitar e a respeitar os cidadãos de raça negra.