
Filho de um comerciante, foi educado no colégio interno “Ujisenda”, em Matsusaka, não tendo sido um aluno particularmente bem sucedido. Desde cedo se interessou mais pelo cinema e aproveitava o tempo para ver o máximo de filmes que podia, sobretudo os realizados em Hollywood. Trabalhou um breve período como “professor” primário, antes de voltar a Tóquio, em 1923, para trabalhar na companhia cinematográfica Shōchiku Kinema. Começou como assistente de fotografia e de realização. Três anos depois, dirigiu o seu primeiro filme, “A espada da penitência”. Ao todo, realizaria mais 53 filmes.
Em 1937, numa época em que os estúdios demonstravam algum descontentamento com o insucesso comercial dos filmes de Ozu, apesar dos louvores e prémios com que a crítica o celebrava, foi recrutado para o exército como cabo de infantaria, estando vinte meses na China. A sua experiência militar levou-o a escrever um extenso diário onde se inspiraria mais tarde para fazer guiões cinematográficos. O primeiro filme realizado por Ozu, após o regresso ao Japão, foi um sucesso de bilheteira e junto da crítica. Em 1943 foi, de novo, alistado no exército para realizar um filme de propaganda política em Singapura, onde passou grande parte do seu tempo a ver filmes norte-americanos confiscados pelo exército. O seu filme preferido era a obra-prima de Orson Welles “Citizen Kane”. Acabou por ser feito prisioneiro, só regressando ao Japão em 1946.
Ozu começou por realizar comédias, antes de se dedicar a obras com maiores preocupações sociais. Os temas recorrentes nos seus filmes são a velhice, o conflito entre gerações, a nostalgia, a solidão e a inevitabilidade da decadência.
Os seus filmes só tiveram uma recepção mais favorável a partir do final da década de 1940, com películas como “Primavera tardia”, “ Viagem a Tóquio”, considerada a sua obra-prima, “O gosto do saké”, “Primavera prematura”, “Ervas flutuantes” e “Dia de Outono”. O seu último filme foi “A rotina tem o seu encanto” (1962).
Yasujirō Ozu era considerado excêntrico e perfeccionista. Foi relutante em aceitar a revolução do cinema sonoro (o seu primeiro filme com som foi "Filho único" em 1936). O primeiro filme a cores foi também tardio: “Flores do equinócio” em 1958.
Para além do cinema, os seus únicos centros de interesse eram a literatura, a pintura, a música e a bebida. Influenciou realizadores de vários pontos do globo. Em Portugal, João Botelho inspirou-se no seu filme “Viagem a Tóquio”, para realizar “Um adeus português”.
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