
Viveu em Aveiro até aos dois anos. Foi depois para Penela, vila do distrito de Coimbra, onde recebeu a instrução primária. Fez o exame da 4ª classe em 1911, em Coimbra, onde viveu até 1921.
Concluídos os estudos secundários, em que se preparou para os exames de admissão à “Escola de Guerra”, tentou o ingresso na carreira militar como oficial de Cavalaria. Porém, como resultado da Primeira Guerra Mundial, havia oficiais em excesso e só era admitido quem estivesse a frequentar o Colégio Militar de Lisboa.
Antes de se decidir pela carreira de jornalista, trabalhou numa companhia de seguros e num banco. Em 1926 foi trabalhar numa seguradora no Brasil, regressando a Portugal em 1934.
Candidatou-se à recém criada Emissora Nacional, tendo ficado classificado em segundo lugar, iniciando uma carreira em que nunca tinha pensado. Com uma semana de rádio, Pessa fez a sua primeira reportagem: a cobertura de um festival de acrobacia aérea na antiga Porcalhota, actual Amadora.
Após quatro anos na Emissora Nacional, foi convidado para a BBC, em Londres. Começou por trabalhar, com sotaque, na secção brasileira e, só quando um colega português adoeceu, é que foi chamado para ler o noticiário. Foi neste ambiente que sofreu os bombardeamentos alemães sobre Londres e se profissionalizou e notabilizou como correspondente durante a Segunda Guerra Mundial. A censura e a restrição das liberdades, impostas pela ditadura salazarista, contribuíram imenso para o aumento da popularidade das transmissões da BBC em português.
Conheceu em Londres a sua futura esposa, uma brasileira de ascendência inglesa e norte-americana. Casou-se em 1947, num novo regresso a Portugal. A reentrada na Emissora Nacional foi-lhe vedada por influência do regime, sendo forçado a voltar ao ramo dos seguros. Nesta época fez igualmente dobragens de filmes e documentários, nomeadamente em “O Último Temporal - Cheias do Tejo” e “Portugal já faz automóveis” do cineasta Manoel de Oliveira.
Realizou a primeira emissão em directo da RTP, em 7 de Março de 1957, na Feira Popular de Lisboa. Só entrou no entanto para os quadros da RTP em 1 de Janeiro de 1976, quase com 74 anos. Foi nas suas pequenas reportagens (“Bilhetes Postais”) sobre situações do quotidiano, principalmente em Lisboa, que a expressão «E esta, hein?» se tornou muito popular.
Pelo seu trabalho como correspondente na Segunda Guerra Mundial, Fernando Pessa foi distinguido com a Ordem do Império Britânico. Em Portugal, no dia 10 de Junho de 1981, o Presidente da República atribuiu-lhe o título de Comendador.
Só se reformou com a idade de 93 anos, tendo falecido dias depois de completar os cem anos de vida. A Agência France Presse, ao noticiar a sua morte, apelidou-o de «decano mundial dos jornalistas».
Junto ao Fórum Lisboa (antigo Cinema Roma) existe um jardim com o seu nome, homenagem ao jornalista que tinha a sua residência na Avenida de Roma, justamente em frente desse cinema, e na qual dava os seus passeios de bicicleta até bem perto dos 99 anos.
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