
Licenciou-se em Medicina e Cirurgia em Lisboa em 1929, tendo estagiado com Egas Moniz, Nobel de Medicina.
De 1931 a 1937, trabalhou no Laboratório de Neuropatologia da Faculdade de Medicina de Estrasburgo. Em 1937 partiu para Berlim, a fim de fazer um estágio nas áreas da Neurologia Clínica e da Neuropatologia, sob orientação do professor Oscar Voght.
Regressado a Portugal, radicou-se no Porto, cidade onde viveu até morrer. Em 1938, contratado como neurologista pelo Hospital de Santo António, ali criou e dirigiu o respectivo Serviço de Neurologia a partir do início da década de 1940.
Investigou mais tarde, em colaboração com Paula Coutinho, a epidemiologia e genética da doença de Machado-Joseph.
Fundou, com Nuno Grande, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
Corino Andrade foi o primeiro cientista a identificar e caracterizar, como nova entidade nosológica, a paramiloidose (ou polineuropatia amilóide familiar), uma doença neuro-degenerativa, cuja neuropatologia clínica e bases genéticas investigou em trabalho pioneiro na década de 1950 e que é hoje conhecida como doença de Andrade. Popularmente é também chamada “doença dos pezinhos”, uma condição neurológica típica das regiões piscatórias do Norte e Centro de Portugal, e que haveria de ser identificada noutras regiões litorais do Mundo (por exemplo, no Japão e na Suécia).
Cidadão de reconhecida intervenção cívica, fazendo muitas vezes questão de recordar que vivera os tempos da primeira e da segunda grandes guerras, Corino de Andrade escapou ao nazismo mas não à polícia política portuguesa (PIDE) do Estado Novo, que lhe moveu perseguições, no início da década de 1950, pelas suas convicções democráticas .
«Os meses que passei na cadeia serviram-me para muita informação e muita reflexão. Tirei disso muito proveito», diria ele em 1991.
Apoiou a candidatura de Norton de Matos à Presidência da República. Como opositor ao Estado Novo, fez parte do núcleo de homens de ciência do Porto, entre os quais se destacaram figuras notáveis, como Abel Salazar e Ruy Luís Gomes.
Confessava-se agnóstico e admitia que a Terra há-de tornar-se um planeta morto. As suas actividades, científica e cívica, mereceram-lhe distinções ao longo da vida, designadamente o Grau de Grande Oficial de Santiago de Espada (1979), a Grã-Cruz da Ordem do Mérito (1990), o Grande Prémio Fundação Oriente da Ciência (1990) e o Prémio Excelência de Uma Vida e Obra da Fundação Glaxo Wellcome (2000).
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