domingo, 2 de maio de 2021

2 DE MAIO - CELESTE CAEIRO

EFEMÉRIDE - Celeste Martins Caeiro, a mulher que, no dia 25 de Abril de 1974, distribuiu cravos pelos militares que levavam a efeito um golpe de estado para derrubar o regime liderado então por Marcelo Caetano, nasceu em Lisboa, no dia 2 de Maio de 1933. Por este motivo, a revolta ficou conhecida pela Revolução dos Cravos.

De mãe galega, Celeste era a mais nova de três irmãos e quase não conheceu o pai, que os abandonou. Tinha família na Amareleja, que nos anos finais do Estado Novo era considerada «a aldeia mais vermelha de Portugal».

Em 1974, Celeste Caeiro tinha 40 anos e vivia num quarto que alugara no Chiado. Trabalhava num restaurante self-service chamado “Sir” no edifício Franjinhas, da Rua Braamcamp em Lisboa. O restaurante, inaugurado em 25 de Abril de 1973, fazia um ano de abertura nesse dia e a gerência planeava oferecer flores às senhoras clientes e um cálice de Porto aos cavalheiros. Nesse dia, todavia, como estava a decorrer o golpe de estado, o restaurante não abriu. A gerente, Isabel Falcão, disse aos funcionários para voltarem para casa e deu-lhes os cravos para levarem consigo, já que não poderiam ser distribuídos pelas clientes. Cada um levou um molhe de cravos vermelhos e brancos que se encontravam no armazém.

Ao regressar a casa, Celeste apanhou o metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado, onde se deparou imediatamente com os tanques dos revolucionários. Aproximando-se de um dos tanques, perguntou o que se passava, ao que um soldado lhe respondeu: «Nós vamos para o Carmo para deter o Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!». O soldado pediu-lhe ainda, um cigarro, mas Celeste não tinha nenhum. Ela queria comprar-lhes qualquer coisa para comer, mas as lojas estavam todas fechadas. Assim, deu-lhe as únicas coisas que tinha para lhe dar, os molhos de cravos, dizendo: «Se quiser tome, um cravo oferece-se a qualquer pessoa». O soldado aceitou e pôs a flor no cano da espingarda. Celeste foi dando cravos aos soldados que ia encontrando, desde o Chiado até ao pé da Igreja dos Mártires.

Depois do seu gesto, Celeste foi chamada a “Celeste dos cravos”. Em 1999, a poetisa Rosa Guerreiro Dias dedicou-lhe o poema “Celeste em Flor”.

Vive actualmente com uma pequena pensão, numa casita a poucos metros da Avenida da Liberdade.

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