sexta-feira, 28 de junho de 2024

28 DE JUNHO - YVONNE SYLVAIN

EFEMÉRIDE - Yvonne Sylvain, primeira mulher a tornar-se médica no Haiti, nasceu em Porto Príncipe no dia 28 de Junho de 1907. Morreu em 3 de Outubro de 1989.

Ela foi a primeira mulher a ser aceite na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Haiti, formando-se em 1940. Após o final da graduação, trabalhou como especialista em ginecologia e obstetrícia no Hospital Geral de Porto Príncipe.

Por ser a primeira médica do país, Sylvain desempenhou um importante papel em providenciar acesso aprimorado à saúde aos cidadãos haitianos. Entre outras realizações, Yvonne Sylvain também foi uma das vozes que lutaram pela igualdade física, económica e social das mulheres do Haiti.

Yvonne Sylvain era filha de Eugénie Mallebranche e Georges Sylvain, activista haitiano e importante figura de resistência à ocupação americana do Haiti. O casal teve ao todo sete filhos, uma deles sendo Suzanne Comhaire-Sylvain, a primeira mulher antropóloga do país.

Muito influenciada pelo seu pai, ela frequentou a École Normale d’institutrices, na qual se formou e começou a trabalhar como professora.

Aos 28 anos, tornou-se a primeira mulher a ser admitida na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Haiti, concluindo os seus estudos em 1940.

Sylvain recebeu uma bolsa de estudos para estudar na Faculdade de Medicina da Universidade Columbia. Três anos após o seu estágio, continuou em Nova Iorque trabalhando e estudando em importantes hospitais.

Sylvain deu inúmeras contribuições à área da saúde no Haiti e inspirou outras haitianas a seguirem os seus passos.

Em 1953, treze anos após a sua formatura, oito mulheres haitianas já possuíam diplomas de medicina e já trabalhavam na área. Na época, a Universidade do Estado do Haiti contava com 241 estudantes de medicina matriculados; destes, dezassete eram mulheres.

Após a sua graduação, Sylvain trabalhou durante muitos anos no Hospital Geral de Porto Príncipe, actuando na área de ginecologia e obstetrícia. A alta taxa de mortalidade no Haiti inspirou-a a tornar-se médica; ela investiu o seu tempo e habilidades para tratar haitianos com doenças variadas. Sylvain tinha interesse nos problemas de saúde imediatos que assolavam a população haitiana na época: esterilidade, superpopulação e cancro. Ela também se tornou professora da Universidade do Estado do Haiti.

Sylvain publicou inúmeros artigos em revistas médicas e continuou a pesquisar sobre os principais e mais letais problemas de saúde que ocorriam no país.

Sylvain tornou-se vice-presidente da Fundação Haitiana para a Saúde e Educação. Frustrada com os métodos precários de tratamento do cancro no Haiti, tornou-se inflexível quanto a investir em raios X e outros equipamentos médicos para o diagnóstico da doença, já que desejava que mais avanços médicos chegassem ao Haiti a fim de diminuir o número de pessoas que morriam de cancro.

Sylvain fez parte da Liga Haitiana Contra o Cancro e ajudou a introduzir no país o teste de papanicolau, método de prevenção ao cancro cervical.

Ela criou um comité especial que ajudou a arrecadar fundos da França e da diáspora haitiana para um hospital que ela queria construir em Frères, cidade a dez minutos de Pétion-Ville, a fim de fornecer acesso médico a uma comunidade de mais de 100 000 pessoas. Ao mostrar comprometimento com a causa, Sylvain permaneceu no cargo de vice-presidente da Fundação Haitiana para a Saúde e Educação até à sua morte, aos 82 anos.

Com a sua organização melhorando os hospitais haitianos, ela começou a trabalhar com saúde pública, especialmente na área de saúde reprodutiva e pesquisa, para a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sylvain também levou o seu conhecimento científico a países africanos como Nigéria e Senegal e trabalhou na Costa Rica.

Ela participou activamente na promoção da cultura haitiana através da arte. Sylvain foi tutorada por Normil Charles e também influenciada por Petion Savain. Ela trabalhou nos campos da arte, pintura, escrita, crítica de arte, teatro e até mesmo animação de rádio, sendo uma importante operadora cultural para a sua comunidade.

Arte, pintura e teatro eram interesses muito importantes para Yvonne Sylvain durante a sua juventude, pois ela estava profundamente inserida numa comunidade muito cultural.

Em 1932, ela tinha exibido mais de trinta pinturas a óleo e desenhos. No entanto, o desamparo que sentiu após a morte de sua mãe inspirou a sua devoção às ciências médicas.

Sylvain também esteve envolvida em movimentos a favor do sufrágio feminino, principalmente na Ligue Féminine d’Action Sociale (Liga Feminina de Acção Social), que ajudou as mulheres haitianas a ganharem o direito ao voto em 1950. Ela também publicou artigos sobre saúde pública no veículo de notícias da Liga, La Voix des Femmes.

A Associação Médica Haitiana (AMH) fez uma homenagem póstuma a Sylvain, reconhecendo-a como a primeira médica do país.

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