EFEMÉRIDE - António Augusto da Silva Martins,
médico-cirurgião e médico-militar, grande desportista e mestre de tiro
português, nasceu em Abrantes no dia 4 de Abril de 1892. Morreu
em Lisboa, Pedrouços, em 3 de Outubro de 1930.
Era
filho de João Augusto da Silva Martins e de sua mulher Esperança Augusta,
naturais de São Miguel do Rio Torto, tendo três irmãos: Henrique Augusto da
Silva Martins, Joaquim Augusto da Silva Martins e João Augusto da Silva Martins
Júnior, mais conhecido por Martins Júnior, todos estes também naturais da
Freguesia de São Miguel do Rio Torto, pois nasceram no lugar de Carvalhal,
junto da antiga moagem.
Fez
os estudos primários em Santarém com o prof. António Pereira do Nascimento e,
em 1904, ingressou no Liceu Sá da Bandeira da mesma cidade, do qual se
transferiu, porém, em 1905, por vontade dos pais, para o Liceu de Coimbra
(hoje Liceu José Falcão), onde foi um distinto aluno.
Em
1911, teria começado a frequentar o Curso de Filosofia, então na Faculdade
de Ciências, hoje na Faculdade de Letras, da Universidade de
Coimbra, que eram os preparatórios para o Curso de Medicina, tal
como quatro cadeiras na Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra a iniciar o Curso de Medicina tendo, porém, pedido
transferência para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa,
embora os Anuários da Universidade de Coimbra daqueles anos e a
documentação no Arquivo da Universidade de Coimbra, nomeadamente os
requerimentos de matrícula do Curso de Filosofia e do Curso de
Medicina, respectivamente das Faculdades de Ciências e de
Medicina, tal como os Livros de Matrículas e termos de Exames
não o mencionem.
Em
1913, começou a frequentar o Curso de Medicina na Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa. Nesse mesmo ano, foi, numa
viagem de estudo, a Cabo Verde, e obteve a classificação de 19 valores em Anatomia,
facto que lhe valeu ser assistente da cadeira de Anatomia, tendo
terminado o Curso de Medicina com elevada distinção em 1917, tornando-se
Médico-Cirurgião.
Foi
em 1917, que Portugal entrou na Primeira Guerra Mundial, razão pela
qual, no ano de 1918, foi incorporado como Tenente-Médico no Batalhão de
Infantaria Nº 14 (Viseu), 3ª Brigada, 1ª Divisão, do Corpo
Expedicionário Português, com o qual embarcou para França, a caminho das
trincheiras da Flandres. Chegado a França, como o seu Batalhão era da
retaguarda, requereu de imediato transferência para o Batalhão de Infantaria
Nº 23 (Coimbra), 2ª Brigada, 1ª Divisão, sob o comando do major
Hélder, e que ia para a frente de batalha. Aí, como tenente-médico, demonstrou
ser um bravo combatente, tendo sido condecorado com a Medalha de 1ª Classe
da Cruz de Guerra e a fourragère da Ordem Militar da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, e tendo participado nas
ofensivas contra os alemães no final da guerra.
Ainda
em França, pois não voltou logo a Portugal em 1918, participou em torneios de Corrida
e de Tiro, tendo ficado em 1º lugar no Torneio Pershing e
recebido o prémio das mãos do general John J. Pershing, comandante da Força
Expedicionária dos Estados Unidos da América que participou na Primeira
Guerra Mundial.
Regressou
posteriormente a Portugal e conta-se que, após o seu regresso, terá trazido de
França o carvalho que hoje se encontra no pátio mesmo junto à antiga moagem, em
São Miguel do Rio Torto.
Em
28 de Junho de 1919, foi feito cavaleiro da Ordem Militar de Cristo.
Foi
mestre de Tiro, participou em muitos torneios de Tiro e de Atletismo,
tendo ganho muitos destes, destacando-se a sua participação nos torneios de
Roma (1927), Amesterdão (1928) e Estocolmo (1929), em que foi campeão de Tiro.
Participou
em duas edições dos Jogos Olímpicos, em 1920, de Antuérpia onde
competiu nas provas de Tiro desportivo e, em 1924, de Paris,
onde, além de novamente participar nas provas de tiro, e também fez lançamento
de disco do atletismo.
Exerceu
Medicina em Lisboa, onde conviveu de perto com o professor António
Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, futuro Prémio Nobel da Medicina em
1949, e com o professor Francisco Soares Branco Gentil que, aliás, viria a ser
o seu sogro, já que casou em Cascais, em 8 de Março de 1926, com a sua filha,
Maria Madalena Mascarenhas Gentil, união da qual nasceram uma filha, Alice
Gentil da Silva Martins (1928), licenciada em Psicologia e casada em
Lisboa, em 6 de Outubro de 1955, com Horácio Paulo Rey Colaço Menano, de ascendência
italiana, francesa, espanhola e alemã, sobrinho materno de Amélia Rey Colaço,
primo-irmão de Mariana Rey Monteiro e parente do 1º barão de Colaço e
Macnamara, licenciado em Medicina e médico pediatra, do qual foi
primeira mulher, divorciados, com geração feminina, e dois filhos, os dois
conhecidos clínicos António Gentil da Silva Martins e Francisco Gentil da Silva
Martins, o primeiro o cirurgião plástico e cirurgião pediatra que chegou a ser
8º bastonário da Ordem dos Médicos de 1977 a 1986, actualmente famoso
pelas operações aos gémeos siameses, este último oncologista.
Faleceu
em finais de 1930, durante uma prova de tiro em Pedrouços. A sua morte,
aparentemente, foi acidente, pois refere-se que a arma disparou acidentalmente.
Aquando do seu falecimento, decerto que se tratava de uma pessoa importante, já
que foi notícia em todos os jornais nacionais de 1930, desde “O Século”
ao “Diário de Notícias”, entre outros, sem falar duma missa que, uma
semana depois, foi realizada na Igreja Paroquial de São Miguel do Rio Torto,
e à qual ocorreu gente de praticamente todo o Concelho de Abrantes, tendo a
referida igreja ficado superlotada com mais de 3 000 pessoas a quererem
assistir, segundo afirma o “Diário de Notícias” de 12 de Outubro de
1930.
Em
sua homenagem, a avenida principal do Rossio ao Sul do Tejo, a Avenida Dr.
António Augusto da Silva Martins, recebeu o seu nome, e existe um busto seu
no Jardim do Castelo de Abrantes.
Em 12 de Dezembro de 1930,
foi feito cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
Mérito, a título póstumo