
Nascido numa família camponesa rica, começou por estudar numa escola católica e, depois, prosseguiu os seus estudos em França numa escola técnica particular (1949/1953). Fez parte de um grupo de estudantes cambojanos que se opunha ao poder do futuro rei Norodom Sihanouk. Por essa razão, perderam as suas bolsas de estudo e sentiram-se atraídos pelo leninismo, seguindo o exemplo de Ho Chi Minh, que lutava contra a ocupação francesa no Vietname.
Em 1953 voltou ao Camboja, sem ter terminado os estudos. Após a independência do país e a instauração da monarquia, ocorridas nesse mesmo ano, juntou-se ao Partido Comunista Indochinês, que possuía poucos quadros cambojanos. Em 1960 foi fundado o Partido dos Trabalhadores Khmers, no qual Saloth Sar se filiou, mudando o seu nome para Pol Pot. Em 1963 tornou-se chefe do partido. Entretanto, para escapar às perseguições políticas, entrou na clandestinidade.
Em 1966, fez uma viagem a Pequim. Atraído pelo maoísmo e irritado pela dominação vietnamita sobre o seu partido, recebeu apoio da China que viu nele um aliado para expandir o comunismo anti-soviético e pró chinês naquela zona.
Em 1970 o general Lon Nol, com a cumplicidade da CIA, derrubou Norodom Sihanouk. Foi o início da guerra civil.
Os monárquicos aliaram-se então aos Khmers vermelhos contra o novo governo. Em Abril de 1975, Pnom Penh foi tomada pelos revoltosos, que ocuparam o poder e mudaram o nome do país para Kampuchéa Democrática (1976). Os Khmers tardaram a dotar-se de um governo. Pol Pot foi finalmente nomeado Primeiro-Ministro e uma nova constituição, uma nova bandeira e um novo hino nacional foram adoptados.
Teve início o genocídio cambojano. Cerca de um milhão e meio de pessoas foram massacradas segundo ordens de Pol Pot. Durante perto de quatro anos, os Khmers vermelhos fizeram reinar o terror no país, encarniçando-se sobretudo sobre a população urbana e os intelectuais. Tudo o que pudesse lembrar a modernidade ocidental era também sistematicamente destruído. A moeda, a família, a religião e a propriedade privada foram abolidas. O Camboja ficou isolado do mundo.
A partir de 1977, após ter sobrevivido a três tentativas de assassinato, Pol Pot multiplicou purgas no seio do partido, fez colocar minas anti-pessoais ao longo das fronteiras e tornou-se ameaçador para com o Vietname, a quem culpava por todos os seus males.
No fim de 1978, o Vietname invadiu o Camboja. Um novo governo tomou o poder, sendo composto por antigos Khmers vermelhos oponentes de Pol Pot. O país passou a denominar-se República Popular do Kampuchéa. Pol Pot e os seus fiéis fugiram para a floresta, onde organizaram uma guerrilha contra o novo regime.
Em 1985 Pol Pot deixou de ocupar qualquer função oficial, mas continuou a ser uma figura emblemática dos Khmers vermelhos. Em 1989 o Vietname retirou-se do Camboja e Pol Pot recusou-se a cooperar num processo de paz. As suas tropas, desmoralizadas, começaram a desertar. Vários líderes importantes também o abandonaram e Pol Pot mandou executar o seu braço direito, Son Sen, em Junho de 1997, por ele querer fazer um acordo com o governo.
Condenado à morte à revelia pelas autoridades, Pol Pot desapareceu no fim dos anos 1990, dizendo-se que estaria a viver luxuosamente na Tailândia, fazendo tráfico de madeiras e de pedras preciosas. Acabou por ser preso pelo seu próprio chefe militar, Ta Mok, e sentenciado a prisão domiciliar perpétua, algemado a uma coluna, em virtude da execução de Son Sem. Em Abril de 1998, Ta Mok fugiu para a floresta após novo ataque do governo, levando Pol Pot consigo. Alguns dias depois, em 15 de Abril de 1998, Pol Pot morreu, oficialmente de ataque cardíaco. O seu corpo foi cremado numa zona rural do Camboja, juntamente com lixo e pneus velhos.
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