terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

16 DE FEVEREIRO - VALENTIN BONDARENKO

EFEMÉRIDE - Valentin Vasilyevich Bondarenko, cosmonauta soviético, nasceu em Kharkov no dia 16 de Fevereiro de 1937. Morreu em Moscovo, em 23 de Março de 1961.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o pai apresentou-se como voluntário para combater os alemães, que tinham invadido o território soviético. Desta forma, Valentin teve uma fase difícil na sua infância, com a ausência do pai e obrigado a interromper os estudos durante o período da ocupação alemã.

No entanto, após a libertação da Kharkov pelo Exército Vermelho, regressou aos estudos. Após o conflito, Valentin Bondarenko desenvolveu ainda uma predilecção por histórias da aviação militar, considerando vários pilotos soviéticos, que se haviam destacado na guerra, como os seus heróis.

Antes mesmo de ser adulto, começou a ter aulas de voo num aeroclube. Posteriormente, ingressou na Força Aérea Soviética. A sua carreira na aviação militar foi promissora e atingiu o posto de tenente, aos 19 anos de idade, depois de se casar com uma estudante de enfermagem chamada Galina Semenovna Rykova, com quem teve um filho, Aleksandr, no mesmo ano.

Em 28 de Abril de 1960, logo após chegar ao posto de tenente sénior da Força Aérea, foi escolhido para fazer parte da primeira turma de cosmonautas do seu país. Era então o mais jovem integrante do grupo e o mais jovem ser humano do sexo masculino a ser escolhido para ir ao espaço (o recorde para o ser humano mais jovem escolhido para viajar ao espaço cabia à soviética Tatyana Kuznetsova, que na época de sua selecção contava apenas 20 anos de idade; porém, ela retirou-se da turma de cosmonautas, em 1969, sem nunca ter participado num voo espacial).

Logo que foi escolhido como cosmonauta-candidato, Bondarenko passou a realizar os todos e exames da praxe. Um deles consistia em encerrar o cosmonauta numa câmara à prova de som, por um período de vários dias. A finalidade era observar as reacções físicas e psicológicas do futuro cosmonauta na situação de isolamento, enquanto vários testes eram efectuados. Para reproduzir com a maior realidade possível as situações encontradas num voo espacial, a atmosfera interna da câmara era de oxigénio puro sob alta pressão.

No dia 13 de Março de 1961, Bondarenko entrou na câmara e iniciaram-se os seus testes e exames. Depois de completar dez dias de isolamento, no dia 23, foi anunciado que ele seria finalmente retirado do interior da câmara, concluindo com êxito os seus testes.

Cerca de uma hora antes do horário estipulado para a sua saída da câmara, Bondarenko retirou, - por conta própria - alguns eléctrodos afixados na sua pele, destinados à obtenção de dados. Em seguida, tomou a iniciativa de limpar do resto a substância adesiva dos eléctrodos, esfregando algodão humedecido com álcool sobre a sua pele. Ao acabar de se limpar, inadvertidamente lançou o algodão utilizado numa direcção qualquer e ele caíra sobre uma chapa eléctrica. O algodão incendiou-se e, sob o efeito da atmosfera de oxigénio puro sob alta pressão, as chamas imediatamente alastraram no ambiente, atingindo as roupas de Bondarenko. Ele não conseguiu apagar o fogo a tempo e foi engolfado por chamas de grandes proporções. Uma equipa veio imediatamente em seu socorro, mas somente conseguiram abrir a escotilha da câmara após vários minutos. Bondarenko foi levado ainda com vida para um hospital, mas faleceu algumas horas depois.

O governo impediu que qualquer notícia a respeito do acidente de Valentin Bondarenko fosse divulgada. O jovem cosmonauta foi sepultado alguns dias depois, na sua cidade natal, mas foi dito apenas que era um oficial da força aérea que morrera num acidente.

Na década de 1980, quando começaram a surgir rumores da sua morte, o governo ainda a negou durante algum tempo. Somente em 1986, por ocasião do aniversário do voo espacial pioneiro de Iuri Gagarin, é que, finalmente, um artigo foi publicado, no jornal “Izvestia”, descrevendo com detalhes o acidente que o vitimara. Imediatamente, o nome de Bondarenko foi elevado, em todo o mundo, à categoria de cosmonauta, sendo considerado um herói por todo o povo soviético e o primeiro mártir da Era Espacial. Foi ainda homenageado, com o seu nome dado a uma cratera lunar.

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