
Kurosawa começou por tentar ser pintor, mas não prosseguiu os estudos por falta de dinheiro. Continuou no entanto apaixonado pelas artes, principalmente pela literatura, de onde se inspirou para a grande maioria das suas obras cinematográficas. Um seu irmão era narrador de filmes no tempo do cinema mudo mas, com o advento dos filmes sonoros, viu-se desempregado e de tal modo deprimido que se suicidou aos 27 anos. A Kurosawa custou muito aceitar esta tragédia e só alguns anos depois é que ingressou na carreira cinematográfica, como assistente de realizador. Nunca mais parou de trabalhar no cinema e, de 1943 a 1965, dirigiu vinte e quatro filmes seus.
Foi o introdutor dos “filmes sobre samurais”, em que o importante era a honra acima de tudo. Sofrendo de fadiga mental, tentou suicidar-se também em 1971, golpeando os pulsos mais de trinta vezes. Em 1985, no Festival de Cinema de Cannes foi homenageado pelo seu filme "Ran" que ele próprio considerava a "obra da sua vida". Era baseado em adaptações do livro “Rei Lear” de William Shakespeare. Kurosawa adaptou igualmente ao cinema, obras dos escritores russos Dostoievski e Gorki.
Ganhou o “Leão de Ouro “ no Festival de Veneza em 1950, o “Leão de Prata” no mesmo Festival em 1954, o “Urso de Prata” do Festival de Berlim em 1958, um “César” em 1980 e a Palma de Ouro do Festival de Cannes no mesmo ano. Recebeu igualmente um Óscar do Melhor Filme Estrangeiro em 1975 e um Óscar Honorário.
Nas suas obras, Kurosawa descreveu a pobreza, a violência urbana, as destruições ambientais, a doença e a velhice.
Rashōmon foi o filme da sua consagração e, através dele, veio o reconhecimento do cinema japonês na Europa. Nos seus últimos filmes foi ajudado pelos ocidentais Serge Silberman, Francis Ford Coppola e George Lucas, o que lhe permitiu realizar filmes grandiosos, que reconstituíram o “Japão dos Shoguns” e que são verdadeiras obras de arte.
Kurosawa distinguiu-se igualmente pelo uso de teleobjectivas que lhe permitia filmar os actores de longe sem os perturbar. Era um perfeccionista que despendia toda a sua energia e tempo para atingir os efeitos desejados.
Apesar de alguns críticos japoneses o considerarem demasiado ocidentalizado, ele inspirou-se profundamente na cultura japonesa e nomeadamente no “Teatro Kabuki”.
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