
Era tido por bom estudante, beneficiou de várias bolsas de estudo, mas trabalhava pouco, tornando-se progressivamente num aluno medíocre. Era rebelde e tinha duas ambições: tornar-se um escritor célebre e voltar ao Oriente, que conhecia sobretudo através dos relatos de sua mãe.
A partir de 1922, foi sargento da polícia na Birmânia. Decidiu pedir a demissão alegando problemas de saúde, após cerca de cinco anos de serviço, mas a verdadeira razão seria a de se sentir mal ao contribuir para a opressão de um povo estrangeiro. Desenvolveu então um ódio visceral ao imperialismo britânico.
Regressou a Inglaterra, onde a sua vida tomou um rumo incerto. Desempregado ou com empregos de circunstância, deixou definitivamente de ter um percurso convencional. Teria decidido por esta época consagrar-se unicamente à Literatura. Os começos não foram auspiciosos, tendo passado dezoito meses em casa de uma tia em Paris, sem se saber muito bem o que fez durante este período. Durante algumas semanas instalou-se num hotel de luxo parisiense, publicando episodicamente alguns artigos em jornais de esquerda.
Voltou a Inglaterra em Dezembro de 1929, doente, sem dinheiro e sem ter publicado nada de notável, mas a tempo de passar o Natal em família.
Ensinou numa escola privada de uma pequena cidade, onde sobreviveu, cada vez mais entediado. Foi então que adoptou o pseudónimo de George Orwell. Em 1933 escreveu um livro (“Down and out in Paris and London”) que, embora merecendo o louvor dos críticos, foi pouco vendido. Instalou-se em Londres, onde arranjou emprego numa livraria situada num bairro de intelectuais.
No fim de 1936 juntou-se ao “Partido Operário de Unificação Marxista”, uma milícia de tendência trotskista, que lutava contra Franco e os seus aliados Mussolini e Hitler, na Guerra Civil Espanhola. Foi ferido no pescoço. Uma bala danificou-lhe as cordas vocais, saindo pelas costas, e desde então a sua voz ficou ligeiramente modificada. Saiu clandestinamente de Espanha para França, de onde partiu para o seu país.
Testemunha de uma época, Orwell publicou depois da Segunda Guerra Mundial dois livros de grande sucesso: “A Quinta dos Animais” em 1944 e, sobretudo, “Mil Novecentos e Oitenta e Quatro”, romance no qual ele criou o conceito de Big Brother que passou depois para a linguagem comum, utilizado na crítica às técnicas modernas de vigilância. O adjectivo “orwelliano” é também utilizado muitas vezes, para nos referirmos ao universo totalitário imaginado pelo escritor.
As suas obras completas (20 volumes) só foram publicadas no Reino Unido em 1998. Em 2008, o jornal “Times” classificou-o em 2º lugar na lista dos "50 maiores escritores do pós-guerra".
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