quinta-feira, 16 de novembro de 2017

16 DE NOVEMBRO - JOÃO LOURENÇO REBELO


EFEMÉRIDE - João Lourenço Rebelo, cantor e compositor da corte de D. João IV de Portugal, morreu em Loures no dia 16 de Novembro de 1661. Nascera em Caminha, em 1610, sendo sem dúvida o mais genial e excêntrico compositor de música religiosa do Portugal seiscentista. Foi representante da 2ª geração de compositores ibéricos, que escreveram música poli/coral, depois de Guerrero, Garro, Lobo e outros.
Em 1624, com catorze anos, entrou como menino de coro ao serviço da capela ducal de Teodósio II, duque de Bragança, no Paço Ducal de Vila Viçosa. Nesse palácio, o duque de Bragança havia fundado o Colégio dos Santos Reis Magos, onde se formavam compositores que, por terem de apresentar os seus trabalhos perante um público (nobre) mais exigente do que os frequentadores das igrejas, produziam obras tecnicamente mais elaboradas, nomeadamente no campo vocal. A capela do palácio ducal dispunha de 24 cantores, enquanto nas igrejas não se escutavam mais do que 4 vozes.
Em 1630, foi nomeado professor de música do filho do duque, futuro rei D. João IV de Portugal. Continuou como músico e compositor, tornando-se mestre da capela ducal de Vila Viçosa.
Após a Restauração da Independência, em 1 de Dezembro de 1640, e com a aclamação do rei D. João IV de Portugal, João Lourenço Rebelo foi transferido para a capela real, onde continuou a promover o interesse do rei pela música e a desenvolver o seu próprio talento como compositor. 
A sua paixão pela música fez com que fosse um grande coleccionador de manuscritos, impressões e partituras, tendo reunido a maior biblioteca de música do seu tempo, a qual seria totalmente perdida, um século mais tarde, nos escombros do terramoto de Lisboa (1/11/1755).
Em 1646, João Lourenço Rebelo foi feito cavaleiro da Casa Real e, mais tarde, comendador da Ordem de Cristo, uma posição com significativos benefícios financeiros.
Escreveu essencialmente música sacra, compôs vilancicos, hinos, salmos, um Te Deum e missas, uma das quais para 39 vozes em homenagem ao 39º aniversário de D. João IV. Nestas composições, regala-nos com um extravagante estilo composicional semelhante ao de Gabrielli e Monteverdi, caso único na música portuguesa da época, dominada pelo modelo de Tomás Luís de Victoria. Tomando contacto, mesmo sem sair de Portugal, com técnicas e estilos de composição que floresciam noutros países, João Lourenço Rebelo valorizou o contributo de grandes coros (à maneira veneziana) e retirou ao órgão a exclusividade do acompanhamento musical, inserindo neste a presença de instrumentos de sopro.
Ao próprio rei (e ex-discípulo), era até do ponto de vista político conveniente ter na corte um compositor que transmitisse uma imagem moderna da música produzida e apresentada na capela do seu palácio, sendo curioso verificar que D. João IV levou a sua admiração e apoio ao ponto de redigir, em 1649, um tratado a que deu o nome de Defesa da música moderna contra a opinião errada do bispo Cyrilo Franco (opinião essa expressa um século antes...) e onde manifestava a intenção de patrocinar a impressão tipográfica da obra sacra de Lourenço Rebelo.
O compositor não parecia, todavia, compreender a importância que tal facto teria e levou anos a organizar todas as suas partituras, para que pudessem ser impressas. Dois dias antes de morrer, em Novembro de 1656, o rei deixou-lhe - em testamento - a negociação de um contrato para que parte da sua obra (em especial a adaptação musical de salmos) fosse dada à estampa em Itália, o que viria a acontecer.
Um retrato de João Lourenço Rebelo encontra-se exposto no Palácio Ducal e Vila Viçosa.

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