EFEMÉRIDE
– Mário Anacleto Pereira Dias, tenor português, conferencista, escritor
e professor, faleceu em Ermesinde no dia 9 de Novembro de 2010, vítima de
ataque cardíaco fulminante. Nascera em Santa Maria da Feira,
onde foi sepultado.
Diplomado
com o Curso Superior de Canto do Conservatório de Música do Porto,
na classe de Fernanda Correia, também trabalhou com Mark Brown (Música
Antiga), Montsserrat Figueras (Técnica e Interpretação de Música Ibérica),
Rudolf Knoll (Técnica e Interpretação da Ópera), Ré Koster (Interpretação
do Lied) e José de Oliveira Lopes (Lied e Ópera).
Licenciou-se
em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
tendo feito o mestrado em História da Arte na mesma universidade. Era mestre
de Comunicação Organizacional pela Universidade Complutense de
Madrid e doutor em Musicologia e Interpretação pela Universidade
Nacional de Música de Bucareste.
Realizou
numerosos recitais a solo, com piano, guitarra, órgão e orquestra, tendo
participado – como artista convidado – em muitas récitas, a convite do Círculo
Portuense de Ópera. Desempenhou também papéis nas óperas “La Traviata ”, “Madame
Butterfly” e “Cármen”, entre outras.
Foi
co-fundador em 1974 e solista (até 1981) do Grupo de Música Vocal
Contemporânea, actuando em numerosos Festivais
Internacionais de Música, nomeadamente em Cascais,
Lisboa, Coimbra, Braga, Madeira, Berlim, Dresden, Leipzig, Bratislava, Vigo e
Córdoba.
Gravou
para a Tribuna Europeia de Compositores Contemporâneos obras de Joly
Braga Santos e para a etiqueta EMI-Valentim de Carvalho obras de
Fernando Lopes Graça. Gravou igualmente dois CD a solo, com obras para canto e piano
de compositores portugueses.
Colaborou
com a RTP e a RDP em diversos programas, quer como artista
convidado quer como divulgador da cultura musical.
Em
2008, apresentou-se em quatro concertos no Brasil, em São Paulo (Instituto
Baccarelli de Heliópolis, Espaço Cachuera, Casa das Rosas e Beneficência
Portuguesa). Actuou também em Bucareste e Pitesti, na Roménia, e ainda no Concerto
de Ano Novo, na Ilha Terceira nos Açores, onde cantou o “Dichterliebe”
de Schumann e várias canções de Serge Rachmaninoff. Participou no XVI
Festival Internacional de Teatro de Sibiu (Roménia), em Junho de 2009. Realizou
uma tournée de 7 concertos na Venezuela e participou noutros concertos em
Florença, Roma, Nápoles, Ourense e Vigo, no segundo semestre de 2009.
Na
sua carreira, desenvolveu uma técnica precisa e de grande equilíbrio com a
expressão. No seu reportório incluiu óperas, composições de autores portugueses,
fados, serenatas napolitanas e canções de diversas escolas. Brahms, Strauss,
Tchaikovsky, Rachmaninoff, Fernando Lopes Graça, Schubert e Schumann eram
alguns dos seus compositores favoritos.
Foi
director do Conservatório de Música do Porto entre 1994 e 1996, período
durante o qual introduziu a Classe de Jazz e promoveu a criação da Banda
de Jazz, da Banda Sinfónica, do Grupo de Música Antiga e do Quarteto
de Saxofones. Foi professor da mesma instituição e do Conservatório de
Música da Maia, até à sua morte.
Publicou
dois livros: “Fado, itinerários de uma cultura viva” e “Crónica dos
dias bons”. Preparou um ‘romance histórico sobre detalhes ocultos da vida
do Padre António Vieira’ e um ‘ensaio sobre o expressionismo português nas
obras de Fernando Pessoa e de Fernando Lopes Graça’, que foram publicados
postumamente em 2010.
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