Era
filha de Clara Brüheim Abranches de Sousa, de uma família de comerciantes com
origens germânicas, moçambicanas e goesas, e de António Paulo Abranches de Gama
e Sousa, de ascendência goesa, portuguesa e africana, que era alto funcionário
do Governo colonial, empregado no Banco Ultramarino.
Quando
Noémia de Sousa tinha 6 anos, a família mudou-se para Lourenço Marques (actual
Maputo). Depois da morte do pai em 1932, Noémia de Sousa começou a estudar no
curso pós-laboral de comércio na Escola Técnica e publicou os primeiros
poemas no jornal da escola.
Noémia
de Sousa estudou também no Brasil e começou a publicar no jornal “O Brado
Africano”.
Na
década de 1940, viveu numa casa de madeira e zinco no bairro da
Mafalala, em Lourenço Marques. Ali escreveu poemas que se tornariam símbolos
nacionalistas africanos como “Deixa passar o meu povo”. Só saiu do
bairro por motivos políticos, em 1949.
Entre
1951 e 1964, viveu em Lisboa, onde trabalhou como tradutora, mas, em
consequência da sua posição política de oposição ao Estado Novo, teve de
exilar-se em Paris, onde trabalhou no consulado de Marrocos. Começa nesta
altura a adoptar o pseudónimo de Vera Micaia.
A
sua obra está dispersa por muitos jornais e revistas. Colaborou em publicações
como “Mensagem” (CEI), “Mensagem” (Luanda), “Itinerário,
Notícias do Bloqueio” (Porto, 1959), “O Brado Africano” (Moçambique,
1958), “Vértice” (Coimbra) e “Sul” (Brasil).
Poeta,
jornalista de agências de notícias internacionais, viajou por toda a África
durante as lutas pela independência de vários países.
Em
1975, regressou a Lisboa, onde trabalhou na Agência Noticiosa Portuguesa.
Em
2001, a Associação dos Escritores Moçambicanos publicou o livro “Sangue
Negro”, que reúne a poesia de Noémia de Sousa escrita entre 1949 e 1951.
A
sua poesia está representada na antologia de poesia moçambicana “Nunca mais
é Sábado”, organizada por Nelson Saúte.
Sem comentários:
Enviar um comentário