Durante
a 2ª Guerra Mundial, foi comandante do histórico Ataque Doolittle,
o primeiro bombardeamento a Tóquio na guerra, em Abril de 1942, pelo qual foi
condecorado com a Medalha de Honra, a mais alta e rara condecoração
militar dos EUA.
Californiano
de nascimento, que passou a juventude no Alasca, onde conseguiu reputação como
jovem pugilista, Doolittle cursou a Universidade de Berkeley, que
abandonou para se alistar como cadete voador na reserva do Corpo de
Sinaleiros dos Estados Unidos, em 1917, durante a 1ª Guerra Mundial,
e trabalhou como caixeiro viajante para ajudar nas despesas.
Em
1918, após treinos na Escola Militar de Aeronáutica da Universidade
da Califórnia (UCLA), foi integrado, como segundo-tenente, no grupo
de aviadores do Corpo de Sinaleiros, tornando-se instrutor de voo
durante a guerra. Após o conflito, voltou a Berkeley, onde se formou com o grau
de bacharel em Artes.
No
período entre guerras, ‘Jimmy’ Doolittle veio a tornar-se um dos mais
famosos pilotos americanos, fazendo um voo pioneiro costa a costa dos Estados
Unidos, em 1922, da Flórida até San Diego, na Califórnia, e realizando vários
voos de demonstração e testes, nos Estados Unidos e na América do Sul onde, num
acidente, fracturou os dois tornozelos, no Chile.
A
sua maior contribuição para a Aeronáutica, porém, veio através do
desenvolvimento de equipamentos de voo. Em 1929, foi o primeiro aviador a fazer
um voo a solo baseado apenas em instrumentos, sem visão do que ocorria fora da
cabina, levantando voo, voando por alguns minutos e aterrando em seguida.
Desenvolveu,
também, dois dos mais precisos e úteis instrumentos de navegação aérea, hoje
comuns, o horizonte artificial e o giroscópio direccional,
atraindo a atenção mundial ao realizar o primeiro “voo cego” completo.
Nos
anos 1930, bateu o recorde de velocidade em aviões e conquistou vitórias
em importantes e populares corridas aéreas no seu país. Em 1940, com a patente
de major, foi enviado a Inglaterra, como membro de uma missão especial da
aeronáutica, trazendo de volta novas informações sobre o avanço da tecnologia
aérea noutros países e sobre a composição de diversas forças aéreas europeias.
Promovido
a tenente-coronel em Janeiro de 1942, Doolittle foi ao quartel-general da Força
Aérea planear o que seria o primeiro e histórico ataque aéreo
norte-americano ao Japão, num momento da guerra em que as vitórias e a
iniciativa ainda eram todas japonesas.
Partindo
de um porta-aviões no meio do Pacífico, o “USS Hornet”, dezasseis
bombardeiros norte-americanos B-25, deveriam bombardear as cidades de
Tóquio, Kobe, Osaka e Nagoia, como uma resposta ao ataque a Pearl Harbor, que
acontecera meses antes, dando um grande golpe moral ao inimigo, mostrando que o
seu território não estava livre de ataques. A missão, conhecida como Ataque
Doolittle, tinha o alto risco de fazer descolar grandes bombardeiros do
pequeno convés de um porta-aviões - algo nunca tentado antes - e que após os
bombardeamentos, na impossibilidade de voltar por falta de combustível,
deveriam tentar pousar na China, país então aliado dos EUA, invadido e em
guerra com o Japão, ou se não conseguissem, cair no mar, sem esperança de
resgate.
Doolittle
apresentou-se como voluntário e pessoalmente treinou e liderou os tripulantes -
todos também voluntários - da missão, conseguindo pousar o seu avião num campo
chinês, onde foi ajudado por guerrilheiros locais e missionários ocidentais,
sendo escondido junto com a tripulação do seu avião até poder voltar aos
Estados Unidos, onde, pelo planeamento e liderança da missão considerada quase
impossível, recebeu a Medalha de Honra do Congresso das mãos do
presidente Franklin Roosevelt.
De
volta à pátria e promovido a brigadeiro-general, Doolittle passou os dois anos
seguintes da 2ª Guerra Mundial em comandos no norte de África e no
Mediterrâneo.
De
1944 a 1945, como major-general, assumiu o seu maior comando, a 8ª Força
Aérea dos Estados Unidos, baseada na Inglaterra, de grande actuação no
teatro europeu da guerra. Transferida para Okinawa após o final da guerra na
Europa, a 8ª Força preparava-se para participar na invasão do Japão
quando as bombas de Hiroshima e Nagasaki encerram o conflito mundial.
Doolittle
passou à reserva inactiva em 1946 - de onde tinha vindo antes da 2ª Guerra
Mundial - e assumiu um posto de direcção na vida civil, na Shell,
como vice-presidente da empresa.
Em
1951, como reservista da Aeronáutica, assumiu o cargo de assistente
técnico do chefe do estado-maior da Força Aérea, colaborando no
desenvolvimento científico de mísseis e tecnologia de uso futuro no programa
espacial americano.
Em
4 de Abril de 1985, o Congresso dos Estados Unidos promoveu
honorariamente Doolittle a general de quatro estrelas da reserva da Aeronáutica,
tendo a sua nova estrela no uniforme sido colocada pelas mãos do presidente
Ronald Reagan.
Casado
desde 1917 e pai de dois filhos, dois pilotos que combateram na 2ª Guerra
- um deles suicidou-se em 1958 -, herói nacional condecorado por mais de cinco
países diferentes, James Doolittle faleceu na Califórnia em 1993, sendo
sepultado no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, ao lado da
esposa e de grandes personagens da história militar e civil dos Estados Unidos.
Durante
o seu funeral, aviões B-25 remanescentes da 2ª Guerra, iguais aos
usados no Ataque Doolittle, fizeram voos rasantes sobre o cemitério,
junto a caças supersónicos da 8ª Força Aérea, comandada por ele nos
últimos anos da guerra.
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