
Era oriundo de uma família russo-polaca de Narodniks. O pai, um oficial da Guarda Imperial, abandonara a Rússia a seguir ao atentado em que Alexandre II perdeu a vida em 1881.
Desde a idade de quinze anos demonstrou o seu anti-militarismo e opôs-se à política colonial belga. Em 1906 começou a frequentar os meios anarquistas de Bruxelas. Viveu de vários ofícios, tais como: técnico-desenhador, fotógrafo e tipógrafo.
Publicou o seu primeiro artigo em 1908. Escreveu para várias publicações, sobretudo anarquistas, por vezes com o pseudónimo de “Le Rétif” (O Agitador).
Em 1909 deixou a Bélgica e foi para Paris.
Estava preso quando a Primeira Guerra Mundial começou e logo anteviu que o conflito iria encaminhar a Rússia para uma revolução: «Os revolucionários sabiam que o Império autocrático, com os seus carrascos, os seus massacres organizados, os seus requintes formais, a sua fome, as suas cadeias siberianas e a sua iniquidade antiga, não poderia sobreviver à guerra».
Após a sua libertação em 1915, foi viver para Barcelona, voltando depois para França até que, após a queda de Nicolau II em Fevereiro de 1917 na Rússia, tentou ir para o seu país a fim de aderir à Revolução em andamento, o que só conseguiu em 1918, com a ajuda da Cruz Vermelha Dinamarquesa.
Quando Serge chegou à Rússia, aderiu aos Bolcheviques e trabalhou durante algum tempo com Máximo Gorki, numa editora. Foi um activo participante no processo revolucionário russo, trabalhando como jornalista, editor e tradutor.
Crítico do estalinismo, viu-se obrigado mais tarde a abandonar a União Soviética para fugir à repressão, exilando-se no México
Apesar de ser grande admirador de Lenine e da Revolução, Victor Serge não poupou críticas aos aspectos que julgava serem menos bons da actuação do Governo soviético. Em 1923, Serge incorporou-se na Oposição de Esquerda, liderada por Leon Trotsky. Crítico acérrimo do caminho ditatorial tomado por Estaline, teria sido ele o primeiro a descrever o Governo soviético posterior a Lenine como “totalitário”.
Em 1925 escreveu “O que todo revolucionário deve saber sobre a repressão”. Em 1928 Serge foi expulso do Partido Comunista e impossibilitado de trabalhar para o Governo. Nos anos seguintes, escreveu “O ano I da Revolução Russa” e dois romances: “Homens em Prisão” e “O nascimento do nosso poder”. Todas estas obras foram proibidas na União Soviética, sendo publicadas em França e em Espanha.
Serge foi detido e preso em 1933. Conseguiu abandonar o país graças às pressões e protestos de sectores políticos em França, Bélgica e Espanha. Exilou-se então em França, onde publicou dois livros sobre a Revolução Russa e a sua degeneração: “De Lenine a Estaline” e “Destino de uma Revolução” (1937). Escreveu ainda vários romances e um livro de poesia (“Resistência”) sobre as suas experiências na Rússia.
Quando a França foi invadida pela Alemanha em 1940, Serge conseguiu fugir para o México, onde continuou a escrever. A sua autobiografia “Memórias de um revolucionário” foi publicada nos Estados Unidos em 1945. Em 1947, pouco antes de morrer, escreveu “Trinta anos depois da Revolução Russa”, considerado o seu testamento político. Nele mantém as suas convicções revolucionárias e socialistas, ao mesmo tempo que reconhece os erros cometidos pelo Partido Bolchevique, os quais, aliados ao assédio capitalista, à derrota das expectativas revolucionárias na Europa e aos precedentes de revoluções massacradas, poderiam explicar a deriva totalitária estalinista. Nunca hesitou em apoiar a experiência revolucionária russa e o partido de Lenine, se bem que afirmasse que as lutas anti-capitalistas deveriam assumir novas formas no futuro.
A saúde de Serge foi piorando em consequência dos seus largos períodos de prisão em França e na Rússia, mas continuou a escrever até ao ataque cardíaco que o vitimou. Foi reconhecido internacionalmente como um escritor e romancista de grande talento.
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