EFEMÉRIDE
– Hattie McDaniel, actriz e cantora norte-americana, morreu em Los Angeles no dia 26
de Outubro de 1952. Nascera em Wichita, em 10 de Junho de 1895. Em 1940,
tornou-se a primeira artista negra a receber um Oscar.
O
pai era pastor baptista e a mãe cantora gospel. A sua avó paterna tinha
sido escrava num grande latifúndio da Virgínia e o pai nasceu sob a condição de
escravo. Hattie era a mais nova de treze irmãos.
Em
1910, foi a única afro-americana a participar no evento Women's Christian
Temperance Movement, onde veio a ganhar uma medalha de ouro por recitar um
poema que ela mesma escrevera, intitulado “Convict Joe”. Ao ganhar o prémio,
percebeu que queria mesmo tornar-se artista na área de entretenimento.
Abandonou
a escola secundária no 2º ano, para viajar pelo país com um grupo de músicos
formado pelo pai e por dois irmãos. Além de ser a cantora principal da banda,
Hattie também escrevia algumas das canções. Após a morte de um destes irmãos em
1916, o grupo começou a desestrutura-se e Hattie teve de esperar até 1920 para ter
outra grande oportunidade como cantora. Naquele ano, juntou-se ao elenco da
peça teatral “Melody Hounds” de George Morrison e foi alvo de óptimas
críticas.
Hattie
foi uma das primeiras mulheres afro-americanas a cantar na rádio. Em 1925,
começou a cantar na KOA, uma estação em Denver. O seu trabalho
como cantora de rádio levou-a a gravar várias canções, das quais a maioria era
escrita por ela mesma. Fez tournées por várias cidades norte-americanas.
Estava
ela a interpretar o papel de Queenie, em “Showboat”, quando ocorreu o
colapso na bolsa de valores de Nova Iorque e a Theatrical Owners Booking
Association, onde ele actuava, teve de fechar as portas. A partir desse
momento, o único trabalho que ela conseguiu arranjar foi o de recepcionista num
WC do Club Madrid, em Milwaukee, um cabaret frequentado só por brancos.
Apesar de saber que McDaniel era uma boa cantora, o dono do cabaret temia
deixá-la cantar. Certo dia, porém, foi convidada a subir ao palco e tornou-se
uma das principais atracções.
Em
1931, mudou-se para Los Angeles com três dos irmãos. Quando não conseguia papéis
em filmes, trabalhava como empregada doméstica ou cozinheira. Sam, um dos irmãos,
colaborava num programa de rádio chamado The Optimistic Do-Nut Hour e conseguiu
uma audição para ela. Hattie tornou-se extremamente popular, afirmando-se como
uma estrela da rádio, mas o salário era tão pequeno que ela tinha de continuar na
anterior ocupação. No início da década de 1930, conseguiu actuar em
diversos filmes. No entanto, o seu nome não aparecia sequer nos créditos da
maioria deles.
No decurso
da sua carreira, entrou em mais de 300 filmes, tendo o seu nome aparecido
apenas em 80 deles. Por causa dos preconceitos daquela época, passou muitos dos
vinte anos da sua carreira a interpretar o papel de empregada doméstica. Certa
vez ela disse: «Porque hei-de reclamar, se ganho 700 dólares por semana no
cinema, se ganharia apenas sete dólares semanais como empregada na vida real?».
O
filme de 1934 “Judge Priest”, dirigido por John Ford e estrelado por
Will Rogers, foi o primeiro filme (e um dos únicos) no qual ela interpretou o
papel de personagem principal.
Em
meados da década de 1930, tornou-se amiga de várias celebridades de
Hollywood, incluindo Joan Crawford, Bette Davis, Shirley Temple, Henry Fonda,
Ronald Reagan, Olivia de Havilland e Clark Gable. Com os dois últimos, faria “E
Tudo o Vento Levou” (1939). Foi pelo seu papel de Mammy, neste último
filme, que recebeu o Oscar de Melhor Actriz Secundária, em Fevereiro de
1940.
Hattie
McDaniel tem duas estrelas na Calçada da Fama em Hollywood: uma pela sua
contribuição para a rádio e outra pela actuação no cinema. Em Janeiro de 2006,
foi lançado um selo postal em sua homenagem.
Pessoalmente,
teve uma vida agitada, tendo-se casado quatro vezes. Em 1945, informou o jornalista
Hedda Hopper que tinha engravidado e começou a comprar coisas para o bebé.
Contudo, um médico informou-a depois que, afinal, ela não estava grávida e McDaniel
caiu em depressão.
Hattie
McDaniel morreu aos 57 anos de idade, no hospital da Casa para os Artistas
de Cinema e Televisão, em Woodland Hills. O seu desejo era ser sepultada no
Cemitério de Hollywood, perto de alguns dos seus parceiros do cinema,
mas o proprietário recusou-se a permitir que uma negra fosse ali enterrada. Acabou
por ser inumada no Cemitério Angelus Rosedale, em Los Angeles.
Em
1999, Tyler Cassity, o novo dono do Cemitério de Hollywood, que mudou o
nome deste para Cemitério Hollywood Forever, quis emendar os erros do
passado e propôs à família que os seus restos mortais fossem para ali trasladados.
Os parentes recusaram a oferta. Então, o Hollywood Forever decidiu
construir um grande memorial, dedicando-o à artista. É um dos lugares mais
populares para os visitantes do célebre cemitério.
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