EFEMÉRIDE
– D. Luís I, cognominado “o Popular”, rei de Portugal de 1861 até à sua
morte, nasceu em Lisboa no dia 31 de Outubro de 1838. Morreu em Cascais, em
19 de Outubro de 1889. Era o segundo filho da rainha D. Maria II e do seu
marido o rei D. Fernando II, tendo ascendido ao trono após a morte prematura do
seu irmão mais velho o rei D.Pedro V.
Embora
a condição de segundo filho não fizesse prever que ele ascenderia ao trono
português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o
irmão mais velho, o Príncipe Real D. Pedro.
D.
Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de Mafra, de Sintra e de
Vila Viçosa, para além de estadias esporádicas no palácio de Belém.
D.
Luís enveredou pela carreira naval, tendo sido nomeado praça da Companhia
dos Guardas Marinhas e reconhecido em cerimónia no Arsenal da Marinha
em Outubro de 1846, contando apenas 8 anos de idade. Viria a ser sucessivamente
promovido a segundo-tenente (1851), capitão-tenente (1854), capitão-de-fragata
(1858) e capitão-de-mar-e-guerra (1859).
Teve
o primeiro comando naval em Setembro de 1857, no brigue “Pedro Nunes”,
no qual efectuou um cruzeiro na costa de Portugal e uma viagem a Gibraltar. Foi
nomeado depois, pelo irmão D. Pedro V, comandante da corveta “Bartolomeu Dias”,
em Junho de 1858. Ao comando da “Bartolomeu Dias”, veio a cumprir nove
missões de serviço entre os anos de 1858 e 1860.
D. Luís
herdou a coroa em Novembro de 1861, sucedendo ao irmão D. Pedro V, por este não
ter deixado descendência. Foi aclamado rei em Dezembro do mesmo ano. Em Setembro
do ano seguinte, casou-se – por procuração – com D. Maria Pia de Sabóia, filha
do rei Vitor Emanuel II de Itália.
De
grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano.
Poliglota, falava correctamente diversas línguas europeias. Fez traduções de
obras de William Shakespeare.
Durante
o seu reinado, em consequência da criação do imposto geral de consumo,
que a opinião pública recebeu mal, houve um motim a que se chamou a Janeirinha
(em finais de 1867). Em Maio de 1870, verificou-se também uma revolta militar,
promovida pelo marechal duque de Saldanha, que pretendia a demissão do governo.
À revolta, respondeu o monarca com a demissão do ministério de Saldanha,
chamando ao poder Sá da Bandeira.
Em Setembro
de 1871, subiu ao poder Fontes Pereira de Melo, que organizou um gabinete regenerador,
o qual se conservou até 1877. Seguiu-se o duque de Ávila, que não se aguentou
durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois de um conflito
parlamentar ocorrido em 1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir
gabinete. Consequentemente, os progressistas atacaram o rei, acusando-o
de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constituiu
um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em 1879, D. Luís chamou
então os progressistas para formarem governo.
No
seu tempo, surgiu também a Questão Coimbrã (1865/66) e ocorreu a
iniciativa das Conferências do Casino (1871), a que andavam ligados os
nomes de Antero de Quental e Eça de Queiroz, os expoentes de uma geração que se
notabilizou na vida intelectual portuguesa.
De
temperamento calmo e conciliador, D. Luís foi um modelo de monarca
constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado
merecem especial destaque o início das obras dos portos de Lisboa e de Leixões,
o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do Palácio
de Cristal, no Porto, a abolição da pena de morte para os crimes civis, a
abolição da escravatura no reino de Portugal e a publicação do primeiro Código
Civil.
Em
1884, efectuou-se a Conferência de Berlim, de que resultou o chamado Mapa
Cor-de-Rosa, que definia a partilha de África entre as grandes potências
coloniais: Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Portugal.
Fértil
em acontecimentos, foi no seu reinado que foram fundados alguns dos partidos
políticos portugueses: o Partido Reformista (1865), que ascendeu ao
poder em 1868, o Partido Socialista Português (1875), com o nome de Partido
Operário Socialista, e o Partido Progressista (1876), que chegou ao
poder em 1879. Em 1883, realizou-se o Congresso da Comissão Organizadora do Partido
Republicano. No final do seu reinado, o Partido Republicano
apresentava-se já como uma força política perfeitamente estruturada.
D. Luís
era também um homem das ciências, com uma paixão pela oceanografia. Investiu
grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de
barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos oceanos em busca de
espécimes marinhos.
Seguindo
os passos da mãe – Maria II – mandou construir e fundar associações culturais.
Em Junho de 1871, esteve no Seixal (uma vila fundada pela sua mãe), para
testemunhar a fundação da Sociedade Filarmónica União Seixalense.
Faleceu
subitamente no seu palácio de verão na cidadela de Cascais. Sucedeu-lhe o seu
filho Carlos, sob o nome de D. Carlos I de Portugal. Os seus restos mortais
jazem no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São
Vicente de Fora, em Lisboa.
Foi
durante o seu reinado que foi fundado o primeiro banco público português, a Caixa
Geral de Depósitos, e que foram inauguradas as pontes Maria Pia e D. Luís, ambas
no Porto.
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