EFEMÉRIDE
– Carlos Barretto, de seu verdadeiro nome Carlos António Barreto de
Andrade Amaro, contrabaixista de jazz e artista plástico português, nasceu no Estoril
em 18 de Julho de 1957.
Carlos
Barretto teve contacto com a música desde criança, através do pai que tocava
guitarra e harmónica cromática. Além disso, era frequente em sua casa a audição
de discos de espectros musicais variados, desde os clássicos aos mais modernos
músicos de jazz da época. Aos seis anos, iniciou a aprendizagem da guitarra,
mas foi aos dez que começou o estudo no Conservatório Nacional de Lisboa
(piano e solfejo), passando posteriormente para o contrabaixo, por influência
das sonoridades ouvidas no Festival de Jazz de Cascais. Nesta fase, e
paralelamente, frequentou a escola do Hot Club de Portugal, onde
estabeleceu as bases da sua relação com o jazz e fez as primeiras experiências
regulares com músicos deste género musical.
Mais
tarde, em 1982, prosseguiu os estudos do contrabaixo, na Academia Superior
de Música de Viena, em Viena de Áustria, onde residiu entre 1982 e 1984.
Nesta cidade, teve oportunidade de continuar o seu envolvimento com o jazz,
tocando com músicos como Fritz Pauer (músico regular de Art Farmer),
Joris Dudli e Christian Radovan (ambos da Vienna Art Orchestra).
No
seu regresso a Lisboa, tocou profissionalmente na Orquestra Sinfónica da RDP
e em vários projectos de música popular portuguesa. Iniciou a
profissionalização na área jazz, tocando com Mário Laginha, Bernardo Sassetti,
e Mário Barreiros, entre outros.
A pequena
dimensão e as limitações do meio musical do jazz profissional em Portugal,
nessa altura, levaram-no em 1984 a fixar-se em Paris, onde optou
definitivamente pela carreira profissional no jazz e na música improvisada. Com
base nesta cidade, actuou em diversos clubes de jazz, em conjunto com músicos
de primeiro plano, e percorreu vários dos festivais do circuito francês.
Em
1990, gravou na Bélgica um CD ao vivo com Mal Waldron, ao qual se seguiu uma
série de concertos em várias cidades europeias. São de destacar os concertos
para a rádio e televisão. A sua estadia em França proporcionou-lhe ainda a
oportunidade de participar em vários grupos e formações de jazz noutros países,
como Suíça, Holanda, Alemanha, Bélgica, Espanha, Andorra, Itália, Hungria e Áustria.
Em
1993, regressou a Portugal, formando o seu próprio grupo Carlos Barretto
Quintet, que incluía Perico Sambeat, François Théberge, Bernardo Sassetti e
Mário Barreiros, e começou a leccionar na escola de jazz do Hot Club de
Portugal, base a partir da qual actuou em vários concertos e festivais de jazz.
Com o
seu grupo, gravou o CD “Impressões” em 1993, daí resultando vários
concertos em Portugal, Espanha, França e Suíça. No ano seguinte, gravou “Alone
Together” com o George Cables Trio. Nesta fase, esteve presente em
Espanha, Angola, Cabo Verde, Argentina e Marrocos, com o seu quinteto ou
integrando formações de outros músicos.
Em
1996, gravou “Going Up”, com um quinteto renovado (Bob Sands, Perico
Sambeat, Albert Bover e Philippe Soirat). O disco foi considerado o melhor CD
do ano em Portugal e foi distinguido com o Prémio Villas-Boas da Câmara
Municipal de Cascais, dando origem a concertos em diversos festivais. No
mesmo ano, Carlos Barretto ainda participou na gravação de “Passagem”.
Em
1997, acompanhou outros músicos em Espanha, França e Inglaterra, onde também actuou
em nome próprio. É deste ano, o álbum “Jumpstart”, que gravou com o Quarteto
de Bob Sands.
Ainda
em 1997 e com o objectivo de experimentar outras sonoridades, juntou-se a José
Salgueiro e Mário Delgado, formando o grupo Suite da Terra, que perdura
até à actualidade. Este trio ganhou mais tarde o nome Lokomotiv, pelo
qual é conhecido hoje. Em 1998, gravaram “Suite da Terra”, um CD
experimental, de fusão entre vários estilos, desde a música tradicional
portuguesa, ao jazz e ao rock, sendo ainda permeável às influências africanas e
orientais. Fez parte de uma tournée e de vários espectáculos na Expo 98 e
em Macau.
Aproveitando
o seu gosto pela pintura, que até aí tinha cultivado não profissionalmente,
Carlos Barretto apresentou o projecto “Solo Pictórico”, que une a sua
música e pintura originais, em vários espectáculos e gravou um CD com o mesmo
nome (2002). Continua até agora a apresentar espectáculos em que incorpora a
sua pintura e a sua música, num produto único e coerente.
Na
vertente pedagógica, Barretto tem dirigido vários workshops, nos quais leva a
cabo um programa de descoberta de novos instrumentistas. Entretanto, continua a
sua actividade criativa, com a produção de obras originais para ensembles
de contrabaixo.
Em
2014, no âmbito das comemorações do Mandela International Day, promovidas
pela Embaixada da África do Sul em Portugal, coordenou a construção de
um retrato de Mandela, feito com tampas de plástico e com a participação da
população.
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