EFEMÉRIDE
– Fernanda Baptista, de seu verdadeiro nome Fernanda Gil Ferreira
Martins, actriz e fadista portuguesa, morreu em Cascais no dia 25 de Julho de
2008. Nascera em Lisboa, em 7 de Maio de 1919. Ao longo da sua longa
carreira, actuou em cerca de 50 revistas e operetas e realizou variadíssimas
digressões.
Fernanda
Baptista era vizinha do actor Vasco Santana que, em virtude dela em criança já
gostar muito de cantar, lhe chamava “o papagaio das cantorias”. Aos 10
anos, participou pela primeira vez numa peça de teatro infantil, mas estava ainda
longe de enveredar por uma carreira artística.
Com
apenas 19 anos, casou-se com um funcionário da Companhia Colonial de
Navegação e abraçou a profissão de modista. Foi no atelier onde trabalhava
e em festas particulares das suas clientes que começou por brilhar na
interpretação do fado.
Em
1945, as suas colegas inscreveram-na no Concurso de Outono do jornal “Canção
do Sul”, cujas eliminatórias decorreram no Retiro dos Marialvas e no
Café Latino. Neste concurso, conquistou o 2º lugar, representando o
Bairro Alto. A partir desse momento, tornou-se intérprete profissional, foi
contratada pelo empresário José Miguel e passou a integrar o elenco do Retiro
dos Marialvas.
As
interpretações genuínas de Fernanda Baptista eram muito apreciadas pelos
críticos e, ainda não tinha decorrido um ano da sua profissionalização, já o
jornal a “Guitarra de Portugal” a considerava «um dos valores mais
sólidos da moderna geração».
Em
1946, passou a cantar no Café Luso e, nesse mesmo ano, foi convidada
para actuar no Teatro Maria Vitória. Assim, substituiu Luísa Satanela na
revista “Banhos de Sol”, estreando-se no espectáculo com a interpretação
da “Ronda Fadista”.
Até
ao final da década, participou em quadros musicais de muitas das revistas do Teatro
Maria Vitória, caso de “Canções Unidas”, em 1946, com o tema “Trapeiras
de Lisboa”, que foi premiado pelo SNI como o Melhor Quadro de
Revista. Saliente-se ainda: “Ó ai ó linda” e “Salada de Alface”,
em 1947; e “Disto é que eu gosto” e “O Tico-tico”, em 1948. Nesta
última revista, interpretou o seu maior êxito, o “Fado da Carta”.
Com
a Companhia de Eugénio Salvador, Fernanda Baptista apresentou-se nas
revistas “Saias Curtas”, “Cala o Bico” e “Festa é Festa”,
entre 1953 e 1955.
Ainda
no âmbito do teatro, é de destacar a revista “Ena Já Fala”, levada à
cena em 1969, no Teatro ABC, onde ela interpretou com tal sucesso o tema
“Saudades de Júlia Mendes” que se tornou um fado incontornável do seu
repertório.
Protagonizou
também uma película realizada por José Buchs, em 1949, “Sol e Toiros”.
Neste filme, participaram – para além de Fernanda Baptista – Manuel dos Santos,
Amália Rodrigues e Eugénio Salvador, entre outros. O “Fado Toureiro”,
que integra a banda sonora deste filme, tornou-se depois num dos seus fados
mais famosos, a que se juntam os temas “Fado da Carta” e “Saudades de
Júlia Mendes”, já referidos.
As
suas saídas de Portugal para diversas actuações iniciaram-se na década de 1950,
com a digressão a África da revista “Saias Curtas”. A esta, somaram-se
espectáculos de fado em cidades angolanas como Luanda, Lobito e Nova Lisboa.
Posteriormente,
Fernanda Baptista fez numerosas viagens ao Brasil (país onde - numa das vezes -
permaneceu mais de ano e meio), à Argentina, a África e aos Estados Unidos e Canadá.
No interior destes dois últimos países, fez mais de 17 tournées.
Em
televisão, foi também requisitada para diversos programas, como o “Zip Zip”
ou o “Fado Fadinho”. Integrou – como artista convidada – as séries
televisivas de Filipe la Féria
“Grande Noite” e “Cabaret”.
Fernanda
Baptista voltou ao teatro de revista em 1990, para participar na peça “Ai
Cavaquinho” no Teatro Capitólio e, em 1994, foi homenageada num
outro teatro do Parque Mayer, o Variedades, no decurso da
apresentação da revista “Vivó Velho”, a última em que participou, ao
lado de Artur Garcia, Mariette Pessanha e Joel Branco.
Em
Abril de 1996, em homenagem aos seus 50 anos de carreira, realizou-se um
concerto no Teatro São Luís, onde participaram Anita Guerreiro, Deolinda
Rodrigues, Maria Valejo, Maria José Valério, Fernando Maurício e Carlos Zel
que, entre muitos outros colegas e amigos, do fado e do teatro de revista, lhe testemunharam
o seu carinho e admiração.
Gravou
muitos discos, mas só na década de 1970 editou o primeiro LP. Em 2005, a
Movieplay lançou a antologia “Fernanda Baptista – a Maior Voz do
Teatro de Revista”, reunindo em
duplo CD os seus maiores êxitos.
Apesar
de várias vezes se ter afastado dos palcos e de ter pensado retirar-se
definitivamente da vida artística quando completou 87 anos, em Maio de 2006,
Fernanda Baptista ainda integrou o elenco musical do espectáculo de Filipe la Féria “A Canção de Lisboa”,
exibido no Teatro Politeama.
Em
2003, o então presidente da República Jorge Sampaio condecorou-a com o grau de Comendadora
da Ordem de Mérito.
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