EFEMÉRIDE
– Álvaro Carlos Dinis Lapa, pintor e escritor português, nasceu em Évora
no dia 31 de Julho de 1939. Morreu no Porto em 11 de Fevereiro de 2006. Em
1947, após a prisão do pai por razões políticas e o afastamento da mãe, que se
viu obrigada a ir trabalhar para o Barreiro levando consigo os dois filhos mais
novos, Álvaro Lapa ficou entregue aos cuidados dos padrinhos.
Durante
a sua formação académica, recebeu lições de António Charrua, para melhorar a
sua classificação na disciplina de Desenho (1950). Foi aluno de Vergílio
Ferreira nos 6º e 7º anos (1951/52), o que o levou a iniciar-se na poesia.
Concluído
o liceu em 1956, veio continuar os estudos em Lisboa, na Faculdade de
Direito. Publicou durante este período um texto sobre Kafka no “Boletim
da Associação de Estudantes da Faculdade” e participou na “Missão
Internacional de Arte” em Évora (1958), promovida por Júlio Resende e
apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Foi neste evento que contactou
com o expressionismo abstracto, através do artista convidado Theo
Appleby.
Acabou
por abandonar o curso de Direito (1960) para ingressar em Filosofia,
tendo neste período (1962) viajado até Paris, onde contactou com artistas
próximos do surrealismo e com a emergente arte americana. Foi
também em 1962 que começou a pintar.
Ainda
em 1962, leccionou a disciplina de Português no Ensino Técnico de
Estremoz e casou com uma colega da faculdade, Maria Helena Azevedo. Foi
afastado da função pública em 1963, por suspeita de ser um activista de
esquerda.
Em
1964, expôs pela primeira vez individualmente, na Galeria 111, em Lisboa. No ano seguinte,
nasceu o seu segundo filho e mudou-se para Lagos, onde viveu até 1970,
retomando a convivência com o escultor e amigo João Cutileiro.
Em
1968, nasceu mais uma filha e recebeu o seu primeiro prémio de pintura na Exposição
da Queima das Fitas de Coimbra. No ano seguinte, nasceu o seu quarto filho.
Com uma
viagem à Escandinávia em 1970, teve a oportunidade de experimentar novas formas
de arte. Um ano depois, viajou pela Europa e Norte de África. Foi neste ano
também que se mudou para Lisboa e se separou de Maria Helena Azevedo.
Deambulando
entre Lagos e Évora, escreveu o texto “Um pato?” para o catálogo da
exposição individual de Joaquim Bravo, na Galeria Quadrante, em Lisboa
(1972). No ano seguinte, teve uma crise psíquica grave com internamento em
Coimbra, tendo encontrado apoio no amigo João Cutileiro. Conheceu a pintora
Maria José Aguiar que, juntamente com Cutileiro, o incentivaram a mudar-se para
o Porto onde passou a viver com a pintora.
Em
1974, escreveu “Raso como o chão”, que foi publicado em 1977 pela Editorial
Estampa. No ano seguinte, concluiu – na Faculdade de Letras da
Universidade do Porto – o curso de Filosofia e, em 1976, obteve uma
bolsa da Fundação Gulbenkian. Voltou ao ensino, com uma passagem fugaz
pelo Ciclo Preparatório, na Póvoa do Varzim, entrando depois como
professor assistente na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde leccionou
a disciplina de Estética.
Fruto
da sua relação com Maria José Aguiar, nasceu em 1980 uma filha, casando-se com
a pintora um ano depois.
Conheceu
em 1983 José-Augusto França, que o orientou na sua tese de doutoramento sobre o
Surrealismo em Portugal.
Em
1998, os Artistas Unidos estreiam no Seixal o espectáculo “Mikado”,
a partir de textos de Álvaro Lapa, Alberto Cinza e William Burroughs.
A
sua única obra de arte pública foi realizada em 2003, para a
decoração da estação do metro em Odivelas.
Ao
longo da sua carreira conquistou várias distinções, nomeadamente o Grande
Prémio EDP. O seu trabalho ao longo dos tempos evidenciou uma forte relação
entre a literatura e a pintura. A sua licenciatura em Filosofia talvez
justifique em parte esta ligação.
Álvaro
Lapa manteve uma actividade constante, realizando inúmeras exposições em Portugal
e no estrangeiro, afirmando-se como um dos pintores mais importantes da segunda
metade do século XX.
Raramente
deu entrevistas e às vernissages preferia o contacto directo com o
público, chegando a dizer-se que foi ele próprio, na década de 1970, que
vendeu as suas pinturas na antiga Feira da Vandoma, junto à Sé do Porto.
O
seu nome encontra-se na lista de colaboradores da publicação académica “Quadrante”
(1958/62) publicada pela Associação Académica da Faculdade de Direito de
Lisboa.
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