Desempenhou
as funções de ministro da Justiça e depois assumiu um papel de relevo
durante a primeira fase da República Portuguesa. Foi deputado às Cortes,
Conselheiro e Par do Reino.
José
de Alpoim era filho primogénito de Francisco Borges Cerqueira de Alpoim Cabral,
bacharel formado em Direito, moço-fidalgo da Casa Real e Senhor
da Casa da Rede, e de sua mulher, Amância Dulce Samora de Quevedo e Alpoim.
Em
1878, com apenas vinte anos, formou-se em Direito na Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, passando a exercer as funções de
administrador dos concelhos de Mesão Frio e de Lamego, sendo o mais jovem
administrador de concelho de que há memória.
Membro
do Partido Progressista desde 1879 e adepto de Mariano Cirilo de
Carvalho, foi depois considerado o delfim de José Luciano de Castro, tendo
disputado a direcção dos progressistas com Francisco António da Veiga
Beirão. Foi uma das figuras mais controversas e importantes daquele Partido,
ao lado de Moreira de Almeida, António Centeno, Queirós Ribeiro e do visconde
da Ribeira Brava.
Deputado,
Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima e Par do Reino, foi ministro
da Justiça nos governos de José Luciano de Castro de 18 de Agosto de
1898 a 26 de Junho de 1900 e de 20 de Outubro de 1904 e 11 de Maio de 1905.
Nesse último período, desenvolveu uma notável política reformista, preparando o
Código das Falências, a Assistência Judiciária e a reforma dos Serviços
Médico-Legais. Contudo, devido a uma disputa que se desenvolveu em torno da
questão do monopólio dos tabacos, atacou, abertamente, as medidas com que o
ministro da Fazenda, Manuel Afonso de Espregueira, pretendia solucionar
aquela importante questão financeira, tendo abandonado o Governo em
consequência da quebra de coesão.
Em
19 de Dezembro de 1904, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de
Cristo.
A
sua saída do Governo levou à cisão do Partido Progressista e,
acompanhado por outras importantes figuras prestigiosas da monarquia,
constituiu uma nova facção política denominada Dissidência Progressista,
a qual sob a sua direcção derivou lentamente para o campo republicano.
Na
sequência do golpe falhado de 28 de Janeiro de 1908, do Regicídio e
depois de se ter refugiado em casa do político regenerador António Teixeira de
Sousa, exilou-se para Salamanca. Regressou pouco depois ao país, graças à
amnistia concedida pelo governo da acalmação presidido pelo almirante Francisco
Ferreira do Amaral.
Quando
se implantou a República, dissolveu-se a Dissidência Progressista
e José de Alpoim aderiu ao novo regime, passando de procurador Geral da
Coroa a adjunto do procurador Geral da República, mas foi
inicialmente votado ao ostracismo político.
Considerado
um «revolucionário profissional» a quem é atribuída a frase: «eu quero
e desejo o poder pelo poder; nada mais», terminou a vida activa como
delegado do governo na Companhia do Niassa. Nessa fase, afirmava-se
afastado da política, mas os seus amigos verificavam que só ela o interessava.
Além
de orador fluente e espontâneo, foi um dos mais brilhantes jornalistas do seu
tempo (as suas crónicas em “O Primeiro de Janeiro” são notáveis), sendo
um dos fundadores do “Correio Português”, dirigiu “O Dia” e
colaborou assiduamente no “Correio da Noite”, “Novidades”, “O
Repórter” e outros jornais.
Casou
com Maria do Carmo de Tovar Pereira Coutinho de Vilhena e Menezes, de cujo
casamento nasceram Bernardo de Alpoim e Egas de Alpoim, ambos notáveis oficiais
de Marinha que morreram solteiros e sem geração.
Faleceu
em Lisboa, tendo sido, até aos seus últimos momentos, um vigoroso adversário da
participação de Portugal na Grande Guerra.
No
Jardim Público da vila de Mesão Frio, na avenida que lhe tomou o nome (Avenida
Conselheiro José Maria Alpoim), mesmo em frente aos Paços do Concelho,
foi erguida uma estátua, com o seu busto, em 1923, homenageando-se um dos
maiores vultos da história deste concelho.
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