EFEMÉERIDE
– Luís de Almeida Cabral, primeiro presidente da Guiné-Bissau,
morreu em Torres Vedras ,
Portugal, em 30 de Maio de 2009. Nascera em Bissau no dia 11 de Abril de
1931. Ocupou o cargo de 1973 até 1980, ano em que foi deposto por um golpe
militar.
No
início dos anos 1960, o Partido Africano para a Independência da
Guiné e Cabo Verde (PAIGC) iniciou uma guerra de guerrilha
anticolonial contra as autoridades portuguesas. A subida de Luís Cabral à
liderança do partido começou em 1973, após o assassinato na Guiné-Conakri do
seu meio-irmão Amílcar Cabral, conhecido intelectual e fundador do PAIGC.
A
liderança do partido, que estava então envolvido na luta pela independência
tanto para a Guiné-Bissau (então conhecida como Guiné Portuguesa) como para
Cabo Verde, foi assumida por Aristides Pereira, que mais tarde viria a
tornar-se presidente de Cabo Verde. O ramo do partido da Guiné-Bissau, no
entanto, seguiu Luís Cabral.
Após
a Revolução dos Cravos em Lisboa, o governo revolucionário que dirigia
Portugal reconheceu a independência da Guiné-Bissau, em 10 de Setembro de 1975,
embora o PAIGC já a tivesse proclamado unilateralmente no ano anterior,
sendo reconhecida por muitos Estados e pelas próprias Nações Unidas. Luís
Cabral tornou-se então o primeiro presidente da República do novo país.
Foi
dado início a um programa de reconstrução nacional e desenvolvimento, de
inspiração socialista (com o apoio da União Soviética, da China e também dos
países nórdicos). No entanto, desde a morte de Amílcar Cabral e da independência,
tinha-se instalado no partido alguma suspeita e instabilidade. Luís Cabral e
outros membros com raízes cabo-verdianas eram acusados por algumas facções de
dominarem o partido. Usando esta justificação, João Bernardo Vieira (Nino
Vieira), primeiro-ministro de Cabral e antigo comandante das forças
armadas, organizou o seu derrube através dum golpe militar, em Novembro de
1980.
Luís
Cabral foi acusado do fuzilamento dos comandos africanos (que tinham lutado do
lado português) e de milhares de outros africanos que de alguma forma tinham
colaborado com os portugueses. A acusação veio a ser provada com a abertura das
valas comuns, por ordem de Nino Vieira, nas matas de Cumeré, Portogole e
Mansaba. Luís Cabral foi preso e ficou detido durante treze meses, partindo
depois para o exílio, primeiro em Cuba, que se ofereceu para o receber, e
seguidamente – a partir de 1984 – em Portugal, onde o governo o recebeu e
providenciou as condições necessárias à sua subsistência e à da família, até à
sua morte.
Pouco
depois de ter sido nomeado primeiro-ministro, no seguimento da Guerra Civil na
Guiné-Bissau, Francisco Fadul apelou ao regresso de Cabral ao seu país em
Dezembro de 1998. Cabral disse, em resposta, que gostaria de voltar, mas que
não o faria enquanto Vieira continuasse no poder, pois temia pela sua vida.
Em
Outubro de 1999, após o derrube de Vieira, Ansumane Mané, que liderou o golpe
de estado, convidou Cabral a regressar, oferecendo-lhe um passaporte que o
designava como “Presidente do Conselho de Estado da Guiné-Bissau”. Luís Cabral regressou
então, em meados de Novembro de 1999, afirmando no entanto que não tinha
intenção de voltar a ter um papel activo na política. Com uma doença grave, voltou
depois a Portugal, onde faleceu aos 78 anos.
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