EFEMÉRIDE
– Édouard Glissant, poeta, romancista, dramaturgo e ensaísta francês, nasceu
em Sainte-Marie, na Martinica, em 21 de Setembro de 1928. Morreu em Paris
no dia 3 de Fevereiro de 2011.
Estudou
no Liceu Victor-Schœlcher de Fort-de-France. Em 1946, deixou a Martinica
e rumou a Paris para estudar Etnografia no Museu do Homem e História
e Filosofia na Sorbonne.
Começou
então a publicar as suas primeiras obras. No início, foi adepto das teses de negritude,
conceito desenvolvido por Léopold Senghor em prol de um retorno às raízes
africanas. Defendeu depois o conceito de antilhanidade (valorização da
cultura própria, nascida nas Antilhas, considerando o povo das ilhas «autónomo
culturalmente» em relação a África) e de crioulização (valorização da
cultura e língua crioulas).
Aproximando-se
das ideias de Frantz Fanon, fundou – com Paul Níger – em 1959, a Frente
antilhana-guiana independentista, e mais tarde autonomista, o que
levou ao seu exílio de 1959 à 1965. Voltou à Martinica em 1965 e fundou o Instituto
de Estudos de Martinica e o periódico “Acoma” de ciências
humanas. Algumas das suas obras, como o “Discours Antillais”, são
marcadas por um engajamento político anticolonialista.
Doutorou-se
em Letras em 1980. De 1982 a 1988, foi director do periódico “Correio
da Unesco”.
Em
1989, foi nomeado Distinguished University Professor do Estado de
Luisiana, onde dirigiu o Centro de Estudos Franceses e Francófonos. Em
1992, foi finalista no Prémio Nobel de Literatura, perdendo por um voto
para o escritor Derek Walcott. Desde 1995, foi professor especial de Literatura
Francesa na Universidade Municipal de Nova Iorque.
As
suas reflexões sobre a identidade das Antilhas inspiraram toda uma geração de
escritores ao redor dos conceitos de crioulidade e antilhanidade,
entre eles Patrick Chamoiseau, Ernest Pépin, Audrey Pulvar e Raphaël Confiant.
Esta
antilhanidade seria forjada a partir da ideia da identidade múltipla ou
identidade de raiz, aberta ao mundo e colocada em contacto com outras culturas.
Foi uma terceira via que ele criou face às argumentações ao redor da ideia de negritude.
A sua influência na política da Martinica continua forte nos meios ecológicos e
independentistas.
Desde
2002, o Prémio Édouard-Glissant, criado pela Universidade Paris VIII,
com o apoio da Casa da América Latina e do Instituto de Todo o Mundo,
é destinado a «honrar uma obra artística marcante do nosso tempo, segundo os
valores de Édouard Glissant».
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