EFEMÉRIDE
– Ruy Roque Gameiro, escultor português, nasceu na Amadora no dia 27 de
Fevereiro de 1906. Morreu na estrada de Sintra em 18 de Agosto de 1935.
Cresceu
na Venteira, hoje Amadora, numa casa traçada segundo os cânones da “casa
portuguesa”, assinada a quatro mãos pelo pai e pelo arquitecto Raul Lino. Um
outro amigo, Rafael Bordalo Pinheiro, desenhara os azulejos da sala de jantar.
O futuro escultor habituara-se a ver, como visitas frequentes da casa, o
escritor Afonso Lopes Vieira, o escultor Teixeira Lopes e o pintor José Malhoa,
entre outros artistas. Ruy gostava de vaguear pelos campos e de se vestir como
um pescador. Amava os seus cães, o mar e o sol.
Apesar
de ter morrido relativamente jovem, mereceu a atenção favorável da crítica,
ocupando um lugar de destaque entre os escultores da segunda geração de
artistas modernistas portugueses.
Frequentou
o curso de mecânico de automóveis na Escola Industrial Marquês de Pombal
em Lisboa. Terminou
o curso da Escola de Belas Artes de Lisboa em 1928, com uma escultura
intitulada “Abel e Caim”. No ano seguinte, expôs pela primeira vez,
apresentando uma estilizada “Salomé” na Sociedade Nacional de Belas
Artes. Participou no I e II Salões dos Independentes (SNBA,
1930 e 1931).
Entre
as suas obras mais importantes, sobressaem os monumentos aos Mortos da
Primeira Guerra Mundial, em Abrantes e em Lourenço Marques
(actual Maputo). Datada de 1930, a estátua de Abrantes (“Monumento aos
Mortos pela Pátria, 1914/1918”) foi a primeira em Portugal a ser fundida em cimento. A de Maputo,
projectada em colaboração com o arquitecto Veloso Reis, foi primeiro prémio no
concurso para o “Monumento aos Mortos da Primeira Guerra Mundial”
(1931), tendo sido exposta em 1934 na Avenida da Liberdade em Lisboa e entregue
à cidade moçambicana no ano seguinte. A invulgar dignidade formal destas obras,
onde avulta a figura imponente da Mulher/Pátria, de vestes moldantes,
destaca-as como das mais notáveis da produção escultórica nacional do seu
tempo.
Ruy
Roque Gameiro ganhou ainda o concurso para uma estátua a “D. João II” na
Avenida da Índia, Lisboa (1930) e participou na Exposição Internacional de
Paris de 1932.
Foi
premiado postumamente no primeiro concurso para o “Monumento ao Infante D.
Henrique”, Sagres, 1936 (em colaboração com os arquitectos Carlos e
Guilherme Rebelo de Andrade), embora esse projecto vencedor não tenha sido
construído. A escultura de Gameiro que o integrava foi apresentada nos
pavilhões portugueses das Feiras Internacionais de Paris (1937) e de Nova
Iorque (1939).
Casou
em 1933, com Maria Helena Castelo Branco. Ambos morreram dois anos mais tarde,
num desastre de viação ocorrido na estrada de Sintra, em que a sua moto colidiu
com um automóvel. A morte prematura, aos 29 anos de idade, impediu-o de
realizar uma obra que, a julgar pelo espólio que deixou, seria determinante na
sua geração.
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