EFEMÉRIDE
– Yaşar Kemal, de seu verdadeiro nome Kemal Sadık Gökçeli, escritor e
jornalista turco de origem curda, morreu em Istambul no dia 28 de Fevereiro de 2015.
Nascera em Osmaniye, em 6 de
Outubro de 1923. Foi candidato ao Prémio Nobel de Literatura (1072).
Kemal
era oriundo de uma família pobre. Teve uma infância difícil, tendo perdido um
olho acidentalmente quando o pai esquartejava uma ovelha e, aos cinco anos,
assistiu ao assassinato do progenitor perpetrado por um filho adoptivo. Esta
experiência traumatizante provocou-lhe dificuldades na fala, que subsistiram
até aos doze anos. Iniciou a escolaridade aos nove. Continuou depois com os
estudos secundários, trabalhando simultaneamente como operário. Deixou os
estudos formais, quando frequentava o 3º ano.
Foi
depois contramestre, guarda campestre, escrivão público e bibliotecário. Poemas
seus começaram a ser publicados em diversas revistas, como a “Ülke”, a “Kovan”,
a “Millet” e a “Beşpinar”.
Em
1943, começou a escrever sobre assuntos da contemporaneidade, como a Segunda
Guerra Mundial e o folclore da Europa Oriental. O seu primeiro livro foi “Ağıtlar”,
no qual compilou lendas e personagens folclóricos. Mais tarde, lançaria várias
obras de grande repercussão no Modernismo do seu país e conquistou importantes
prémios e galardões literários.
Passou
um ano na prisão em 1950 por «propaganda comunista». Instalou-se em Istambul no
ano seguinte. Fez reportagens para o diário “Cumhuriyet”. Obteve o Prémio
Especial da Associação de Jornalistas pela sua reportagem “Sete dias na
maior quinta do mundo”. A polícia turca teria apreendido as suas duas
primeiras novelas.
Ainda
em 1951, quando estava de visita à ilha de Akdamar, assistiu à destruição da igreja de Santa Cruz de Aghtamar. Graças
à sua notoriedade, ajudou a parar com a destruição. A igreja ficou assim até
2005, ano em que o governo turco de então começou a restaurá-la.
Em 1955,
o seu primeiro romance (“Mèmed”)
teve grande sucesso, sucesso que foi aumentando de tal modo que o candidatou ao
Nobel de 1972. Traduzido em mais de quarenta línguas, transformou Kemal
numa figura marcante da literatura mundial. Recebeu a Legião de Honra
Francesa em 1984 (comendador) e 2011 (oficial).
A
sua militância contra a brutalidade do poder turco para com a minoria curda
valeu-lhe vários processos judiciais. Em 1996, foi mesmo condenado a vinte
meses de prisão por um artigo publicado em 1995, em que denunciava o modo como
o Estado turco tratava a questão curda.
O ministério
da Cultura Arménio concedeu-lhe – em 2013 – a Medalha Krikor Narégatsi pelo seu respeito pela cultura e pela
identidade arménia. Yaşar Kemal foi, ao longo da sua carreira literária, doutorado
honoris causa por seis universidades.
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