EFEMÉRIDE
– Francisco António de Vasconcelos Nicholson, actor, argumentista
televisivo, dramaturgo e encenador português, morreu em Lisboa no dia 12 de
Abril de 2016. Nascera na mesma cidade em 26 de Junho de 1938.
O
pai era filho de um inglês e a mãe era artista do Teatro Mariana Carlota
Lodi. Um dos avôs era de ascendência italiana.
Começou
a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direcção do
encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a
pertencer ao Grupo da Mocidade, que integrava outros jovens que se viriam
a destacar igualmente no teatro português, como Rui Mendes, Morais e Castro,
Catarina Avelar, Mário
Pereira , etc. Estudou em Paris, onde frequentou a Academia
Charles Dullin do Théâtre Nacional Populaire, privando com grandes
nomes do teatro francês, como Jean Vilar e Gérard Philipe.
Estreou-se
profissionalmente, como autor e actor, com a peça infantil “Misterioso Até
Mais Não”, no Teatro do Gerifalto. Viu representadas mais cinco
peças suas, para crianças, entre as quais: “O Cavaleiro Sem Medo”, “Boingue-boingue”
e “O Indiozinho Raio de Luar”.
Fez
parte dos elencos da Companhia Nacional de Teatro e do Teatro Estúdio
de Lisboa, onde representou textos de autores como Strindberg, Kleist,
Bernard Shaw, Arnold Wesker, Davis Storey, Apollinaire e outros.
Raul
Solnado convidou-o para inaugurar o Teatro Villaret, integrando o núcleo
de actores da peça “O Inspector Geral” de Nicolau Gogol. Permaneceu no
elenco mais de dois anos, tendo interpretado várias comédias e encenado “Quando
é que tu casas com a minha mulher?”.
Foi
no Teatro ABC que se popularizou com o teatro de revista, tendo-se
estreado com “O gesto é tudo” ao lado de Eugénio Salvador, Camilo de
Oliveira e a brasileira Berta Loran.
Com
a peça “Gente Nova em Bikini” afirmou-se como autor (em conjunto com
César de Oliveira e Rogério Bracinha), actor (ao lado dum elenco muito jovem
com nomes como Ivone Silva, Manuela Maria, Irene Cruz, Henriqueta Maya, António
Anjos, Iola e o consagrado João Maria Tudela) e também encenador. Ao enorme
êxito deste projecto inovador, seguiram-se outros como “Chapéu Alto” e “Lábios
Pintados”.
No Teatro
Monumental, dirigiu (com Alfredo Alaria) e interpretou o musical “Férias
em Lisboa”.
Na
televisão, deu-se a conhecer com “Riso e Ritmo” (1964), programa em que
foi autor, actor e produtor (em conjunto com Armando Cortez e José Mensurado).
É um dos autores da canção “Oração”, com que António Calvário venceu, em
1964, o 1º Festival RTP da Canção.
Paula
Ribas esteve no Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro, com
“Canção de Paz para todos nós” de sua autoria e de Jorge Costa Pinto.
Vitória Maria participou nas Olimpíadas da Canção, em Atenas, com uma canção
da mesma dupla, que também escreveu para Madalena Iglésias as canções “Amar
é vencer”, apresentada no III Festival Internacional da Canção
(1968), e “Tu Vais Voltar” que obteve o 4.º lugar nas Olimpíadas da Canção
na Grécia (1968). Ainda como autor, conquistou por duas vezes o Festival da
Canção da Figueira da Foz.
Nesta
fase, foi muito produtiva a sua actividade como letrista, tendo escrito para
nomes como António Calvário, Madalena Iglésias, Tony de Matos, Simone de
Oliveira, Paula Ribas, Marco Paulo, Fernanda Batista, Fernanda Maria, Maria da
Fé, Maria Armanda, Ada de Castro, Lenita Gentil, Florbela Queirós, Anabela,
Natércia Maria, Mariema, José Bravo, Vitória Maria, Maria Lisboa, João Braga, Os
Três de Portugal e Conjunto Sem Nome.
Em
cinema, assinou os guiões dos filmes “Operação Dinamite” (1967) e “Bonança
& Cª” (1969) de Pedro Martins.
Com
o empresário Sérgio de Azevedo, regressou ao Teatro ABC com “É o fim
da macacada” (1972), que escreveu com Gonçalves Preto e Rolo Duarte, e
também encenou “Pró menino e prá menina” e “Tudo a Nu”, em que foi
um dos autores e intérprete.
“Tudo
a Nu” estava em cena, com grande êxito, no Teatro ABC, no dia 25
de Abril de 1974. Com o final da censura, foram repostos os cortes
efectuados pelos censores e modificado o nome para “Tudo a Nu com Parra Nova”.
Com
a participação de nomes importantes do nosso espectáculo, como a bailarina
Magda Cardoso, o coreógrafo Fernando Lima e o cenógrafo e figurinista Mário
Alberto, foi um dos fundadores do Teatro Adoque, que provocou uma grande
alteração no teatro de revista pós 25 de Abril.
Venceu
a Grande Marcha de Lisboa, em 1981, com “Cantar Lisboa”, em
colaboração com Gonçalves Preto, Braga Santos e Fernando Correia
Martins. Foi o autor de “Vila Faia”, a primeira telenovela portuguesa, a
que se seguiu “Origens” em 1983.
Regressou
ao Parque Mayer, escrevendo – com Henrique Santana, Mário Zambujal,
Rogério Bracinha e Augusto Fraga – a revista “Não batam mais no Zezinho”,
no Teatro Maria Vitória (1985), que permaneceu dois anos em cena. Seguiu-se
uma sucessão de revistas em que foi figura de topo.
Dirigiu
e interpretou vários programas de televisão, como “Clubíssimo” (1988), “O
canto alegre” (1989) e “Euronico” (1990). Em 1992, escreveu a
telenovela “Cinzas” para a RTP. Em 1995, voltou a vencer a Grande
Marcha de Lisboa, desta vez com música de Rui Serôdio.
Foi
também autor de outras novelas e séries para televisão, como “Os Lobos”
(1998), “Ajuste de Contas” (2000), “Ganância” (2001) e “O
Olhar da Serpente” (2002).
Colaborou
com a revista “Já Viram Isto?!...”, estreada em Outubro de 2006, onde
apareceu uma nova equipa de criadores, cabendo-lhe a direcção, coordenação e
encenação.
Em
2007, entrou na telenovela “Fascínios” da TVI, onde desempenhou o
papel de João Andrade. Tem participações em episódios de “Casos da Vida”
e “Bem Vindos A Beirais”.
Entre
vários prémios conquistados, foi distinguido com a Medalha de Ouro de Mérito
Cultural, atribuída pela Câmara Municipal de Lisboa. Também foi
galardoado pela autarquia de Oeiras.
Na
imprensa, colaborou no suplemento “A Mosca” do “Diário de Lisboa”
e em “A Bola”, “Diário Popular”, “Capital”, “Jornal de
Notícias”, “Norte Desportivo” e “Revista R&T”.
Casou
a primeira vez em Março de 1969 com Colette Liliane Dubois, de quem se
divorciou e de quem teve a sua única filha, a também actriz Sofia Nicholson.
Casou pela segunda vez com a bailarina e igualmente actriz Magda Cardoso, de
quem não teve descendência. Faleceu aos 77 anos de idade, no Hospital Curry
Cabral.
Sem comentários:
Enviar um comentário