EFEMÉRIDE - Domingos Monteiro Pereira Júnior,
advogado, poeta e um dos mais reconhecidos escritores portugueses entre os anos
1940 e 1960, nasceu em Barqueiros, Mesão Frio, no dia 6 de Novembro de 1903.
Morreu em Lisboa, em 17 de Agosto de 1980. E provavelmente o mais importante
novelista português do século XX.
Era filho de um lavrador abastado. Entre 1918 e 1920, foi aluno
interno do Liceu Central de Camilo Castelo Branco, em Vila Real. Veio
para Lisboa e concluiu a licenciatura em Direito na Universidade de
Lisboa, em 1927, com a classificação de 18 valores.
Em 1938 casou com Maria Palmira de Aguilar Queimado, de quem se divorciou
em 1946. Deste casamento, nasceu a sua única filha, que viria a ser professora
da Faculdade de Medicina de Lisboa. Em 1971 contraiu segundo matrimónio,
com Ana Maria de Castro e Mello Trovisqueira, que o iria auxiliar na edição dos
seus livros, nomeadamente na última fase da existência do escritor. Era
conhecido como exímio caçador e um grande admirador da natureza, da qual tinha
um conhecimento profundo.
Domingos Monteiro, que exerceu a advocacia, foi no início da sua
carreira defensor de diversos opositores ao regime político então vigente. A
sua preocupação democrática levou-o também a fundar, ainda muito jovem, o Partido
da Renovação Democrática, bem como, mais tarde, o “Diário Liberal”.
A vocação literária acabou por se sobrepor à actividade forense e
política, e foi como escritor que ganhou projecção e reconhecimento. Exerceu
também algumas actividades afins, como as de jornalista, crítico, editor e foi
ainda responsável pelo Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação
Calouste Gulbenkian. Em 1948, fundou a Sociedade de Expansão Cultural,
que veio a ter uma acção notável na divulgação dos autores portugueses.
Ainda durante o ensino liceal em Trás-os-Montes, publicou alguns
poemas em “O Dilúculo”, um jornal local de jovens, que se publicou entre
Dezembro de 1918 e o primeiro trimestre de 1921, dirigido por Joaquim Rodrigues
Grande. Com apenas dezasseis anos, estreou-se nas letras com a edição do seu
primeiro livro de versos, “Orações do Crepúsculo”. Este livro foi
elogiosamente prefaciado por Teixeira de Pascoaes, a quem Domingos Monteiro
dedicou o seu segundo livro, também de poesia, “Nau Errante”, em 1921.
Três décadas mais tarde, voltaria a publicar poesia, com “Evasão” (1953)
e, em 1978, publicou o seu último livro de versos, “Sonetos”.
Domingos Monteiro fez também algumas incursões no domínio da história
(de que se destaca uma “História da Civilização” em três volumes), do
ensaio, da crítica e do teatro. Foi sobretudo como ficcionista que alcançou
renome. Dentro da ficção, a sua forma preferida de criação era a novela, género
intermédio entre o conto e o romance, em matéria de complexidade de enredo e
extensão.
Escritor realista, a que todavia não era estranho o fantástico,
muito influenciado pelo naturalismo francês e russo, publicou mais de
uma quinzena de títulos, de que se destacam, entre outros, “O Mal e o Bem”,
“O Primeiro Crime de Simão Bolandas”, com o qual obteve o Prémio
Nacional de Novelística e o Prémio “Diário de Notícias”, e ainda “Letícia
e o Lobo Júpiter”, agraciado também com o Prémio Nacional de Novelística.
Vários livros e contos foram traduzidos em castelhano, catalão, inglês, alemão,
polaco e russo, e outros foram incluídos em diversas antologias nacionais e
estrangeiras.
Em 2003, o concelho de Mesão Frio, fez-lhe uma homenagem, dando o seu
nome a uma rua. Há igualmente uma rua com o seu nome, em Lisboa, uma
perpendicular à Avenida da República.
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