EFEMÉRIDE - José Álvaro
Morais, realizador português, morreu em Lisboa no dia 30 de Janeiro de 2004. Nascera
em Coimbra, em 2 de Setembro de 1943. No momento em que começava a adquirir
visibilidade internacional, a morte interrompeu-lhe a carreira.
Ainda criança, a família mudou-se
para a Covilhã, onde estudou no liceu. Frequentou depois a Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa, embora não tenha concluído os
estudos porque fugiu para a Bélgica em 1969, para não ser recrutado para a Guerra
Colonial. Em Bruxelas, foi-lhe atribuído o estatuto de refugiado político e
frequentou o Institut national supérieur des arts du spectacle et des
techniques de diffusion, onde se licenciou como realizador, montador e
argumentista.
Iniciou a sua carreira, com a
produção de duas curtas-metragens, “Belgica - The Upper Room” e “El
dia que me Quieras”, que se estrearam em Bruxelas em 1972.
Voltou a Portugal em 1974, após a
Revolução de 25 de Abril, e apresentou o filme “Cantigamente n.º 3”
na televisão, em 1975. Realizou os documentários “Domus Bragança” e “Ma
Femme Chamada Bicho” (1976), este último sobre o casal de pintores Arpad
Szenes e Maria Helena Vieira da Silva.
Em 1987, realizou a longa-metragem
“O Bobo”, inspirado na adaptação teatral de uma obra de Alexandre
Herculano e protagonizada por Paula Guedes e Luís Miguel Cintra. O filme foi
apresentado no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde foi
premiado com um Leopardo de Ouro, embora só tenha sido lançado de forma
comercial em Portugal em 1991.
Durante alguns anos, trabalhou na
zona Sul de Portugal, especialmente na Margem Sul do Tejo, tendo sido
responsável pelos filmes “Margem Sul” para a Rádio Televisão
Portuguesa, e “Zéfiro”. Este último foi apresentado no Festival
de Cinema de Locarno em 1994. Em 2000, o seu filme “Peixe Lua”, com
Beatriz Batarda, foi escolhido para o Festival de Cinema de Montreal, no
Canadá. A sua obra “Quaresma” foi escolhida para o Festival de Cannes
em 2003.
José Álvaro Morais não conseguiu
realizar alguns dos seus filmes planeados, como “A Corte do Norte” e “Teatro
da Cornucópia - a Louca Jornada”, devido a problemas financeiros.
Faleceu de forma repentina aos 60
anos. Sofria de doença cancerosa. Foi homenageado no âmbito do programa
cultural Faro - Capital da Cultura 2004 e, em Agosto de 2005, foram exibidas
algumas das suas principais obras no Teatro Municipal de Faro e nos
cinemas do Fórum Algarve.
Em 2005, o Festival de Cinema
Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira editou a obra “Reinos
Desencantados - A Obra de José Álvaro Morais”, da autoria de Serge
Abramovici.
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