EFEMÉRIDE - Mussum,
de seu nome António Carlos Bernardes Gomes, humorista, actor, músico, cantor e
compositor brasileiro, morreu em São Paulo no dia 29 de Julho de 1994.
Nascera no Rio de Janeiro em 7 de Abril de 1941.
Na indústria musical, integrou o
grupo de samba Os Originais do Samba, em meados da década de 1960.
Como humorista, fez parte do célebre quarteto Os Trapalhões, tendo sido
o 3° mais antigo integrante da trupe e o segundo a falecer (quatro anos depois
do Zacarias).
Filho de uma empregada doméstica,
Mussum focalizou-se nos estudos, repassando os ensinamentos para sua mãe, concluindo
o ensino primário em 1954. Não desejando interromper a sua educação, ingressou
na Fundação Abrigo Cristo Redentor.
No Instituto Profissional
Getúlio Vargas, uma das instituições pertencentes à Fundação Abrigo
Cristo Redentor, Mussum foi aprovado numa prova selectiva para o programa “Nutrição
Boa”. Em 1957, obteve o diploma de ajustador mecânico, junto com uma
recomendação de trabalho. O recém-formado começou a trabalhar como aprendiz numa
oficina na Zona Norte do Rio de Janeiro. Serviu na Força Aérea Brasileira
durante oito anos, ao mesmo tempo que aproveitava para participar na Caravana
Cultural de Música Brasileira de Carlos Machado. Mussum iniciou a sua
carreira artística tocando reco-reco no grupo Os Modernos do Samba.
Fundou depois o grupo Os Sete
Modernos, posteriormente chamado Os Originais do Samba. Com este
grupo, gravou no total 13 álbuns e obteve vários sucessos. As coreografias e
roupas coloridas tornaram-nos muito populares na televisão, nos anos 1970,
tendo o grupo actuado em diversos países. Antes, nos anos 1960, foi
convidado a participar num show de televisão, como humorista. De início,
recusou o convite, justificando-se com a afirmação de que pintar a cara, como é
costume dos actores, não era coisa de homem… Finalmente, estreou-se no programa
humorístico “Bairro Feliz” (TV Globo, 1965). Consta que foi nos
bastidores deste show que Grande Otelo lhe deu a alcunha de ‘Mussum’,
que tem por origem, um peixe teleósteo sul-americano: - como o peixe, Mussum
era escorregadio e liso, já que conseguia facilmente sair de situações
estranhas.
Mussum participou, com Os
Originais do Samba, num show realizado no Teatro Bela Vista, em São
Paulo, ao lado de Baden Powell e Márcia. A gravação do show foi lançada em LP pela
Philips, em 1968.
Em 1978, lançou o seu primeiro
disco a solo “Água benta”. Em 1980 e 1983, foram lançados pela RCA
Victor, dois LP intitulados “Mussum”. Também pela RCA Victor,
lançou em 1981 um single e um compacto e, em 1982, um single com as músicas “O
amigo da criança” e “Camisa 10”.
Em 1983, lançou, com a etiqueta EMI-Odeon,
um compacto simples com Dedé Santana e Zacarias, que incluiu as faixas “Todo
mundo deve ser mais criança” e “Vamos à luta”. Em 1987, lançou mais
um LP intitulado “Mussum”.
Em 2014, foi lançada a biografia “Mussum
forévis – Samba, mé e Trapalhões”, escrita pelo jornalista Juliano Barreto,
para a editora Leya.
Mussum começara na TV em 1966,
quando trabalhou em vários musicais da TV Globo e Excelsior, e onde
conheceu Dedé Santana.
Em 1969, o director de Os
Trapalhões, Wilton Franco, viu-o numa apresentação de cabaret com o seu
conjunto musical e convidou-o para integrar o grupo humorístico, na época a
actuar na TV Excelsior. Recusou. Entretanto, o amigo Dedé Santana
conseguiu convencê-lo e Mussum passou a integrar a trupe em 1972. Antes de
entrar para o grupo, porém, Mussum trabalhou na “Escolinha do Professor
Raimundo”, com Chico Anysio.
Só quando Os Trapalhões já
estavam na TV Globo e o sucesso o impedia de cumprir outros
compromissos, é que Mussum deixou os Originais do Samba. Mas não se
afastou da indústria musical, tendo gravado discos com Os Trapalhões e
até três álbuns a solo dedicados ao samba.
Uma das suas paixões era a escola
de samba Estação Primeira de Mangueira: todos os anos, a sua figura
pontificava durante os desfiles da escola, no meio da Ala de baianas, da
qual era director de harmonia.
Durante o casamento de um amigo
em Riachuelo, no Grande Méier, conheceu a sua futura esposa, Leny Castro dos
Santos, moça da Mangueira, com quem foi casado de 1965 a 1969. O seu
segundo casamento foi com Neila da Costa Bernardes Gomes, que conheceu em 1972
e com quem permaneceu até ao fim da vida. Teve um filho de cada casamento.
Mussum, dedicou-se também às causas
sociais: - a favor dos portadores de
deficiência visual, promovendo a doação de córneas em 1981, durante o especial “Os
Trapalhões - 15 anos”; a favor dos
desabrigados da seca do Nordeste, de 1983 até 1985, nos especiais “SOS Nordeste”; e também,
a favor das crianças e dos adolescentes em todo o Brasil, promovendo o
lançamento do show “Criança Esperança” em Dezembro de 1986, durante o
especial “20 Anos Trapalhões - Criança Esperança”.
Mussum foi considerado, por
muitos, o mais engraçado dos Trapalhões. No programa, popularizou um
modo peculiar de falar. A personagem que vivia no programa Os Trapalhões
tinha, como característica principal, o consumo constante de bebidas
alcoólicas, em especial a cachaça.
Mussum faleceu aos 53 anos,
vítima de complicações ocorridas após um transplante de coração. Foi sepultado
no Cemitério Congonhas, em São Paulo. A escola de samba Mangueira
decretou luto e relembrou que o humorista tocava samba com as crianças da Mangueira
do Amanhã, nos seus dias de folga.
Nos anos 1970 e 1980,
Mussum era um dos poucos artistas negros na TV brasileira. O humorista nunca
foi esquecido pelo grande público que conquistou, permanecendo, até hoje, muito
vivo e presente na memória dos seus admiradores, principalmente no Rio de
Janeiro, tendo sido lembrado numa série de t-shirts lançadas na cidade com a
imagem estilizada de Mussum e a inscrição «Mussum Forévis».
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