quarta-feira, 8 de julho de 2020

8 DE JULHOI - CHARLES CONRAD


EFEMÉRIDE - CharlesPeteConrad Jr., astronauta norte-americano, com quatro missões espaciais e terceiro homem a pisar na Lua, morreu em Ojai no dia 8 de Julho de 1999. Nascera em Filadélfia, em 2 de Junho de 1930.  
Sofria de dislexia desde a infância, uma condição ainda pouco conhecida na época. Considerado uma criança esperta e inteligente, Charles nasceu numa família rica, que perdeu quase todas a fortuna durante a Grande Depressão. O pai acabou por deixar a família. Ele cursou a Harverford School para o ensino básico, mas a dislexia fez com que tivesse grandes dificuldades nos estudos e acabou por ser expulso por repetição de ano.
A mãe recusou-se a admitir que o filho não tinha capacidades e matriculou-o numa escola mais apropriada para lidar com o seu problema, a Darrow School, no distrito de Columbia, onde ele aprendeu uma maneira de lidar melhor com a doença e se formou com louvores, sendo admitido na Universidade de Princeton, para os estudos superiores e ainda conseguindo uma bolsa de estudos completa para o Naval Reserve Officers Training Corps.
O seu contacto com a aviação começou aos 15 anos, quando trabalhou durante as férias de Verão no Aeroporto de Paoli, na Pensilvânia, aparando relva, varrendo o chão e fazendo outros pequenos serviços, tendo horários ocasionais de instrução. Foi aprendendo mais sobre a mecânica e o funcionamento de aeronaves e dos seus motores. Em seguida, graduou-se em pequenos trabalhos de manutenção. Aos 16 anos, Conrad dirigiu quase 60 km, para ajudar um instrutor de voo, cujo avião tinha sido forçado a fazer uma aterragem de emergência. Consertou o avião sozinho. Depois disso, o instrutor deu-lhe as lições de voo de que ele precisava para obter o brevet de piloto. Conseguiu a qualificação, antes mesmo de se formar no ensino médio.
Continuou a voar durante o tempo na universidade e formou-se em Wngenharia Aeronáutica em 1953. Foi enviado para treinos na Estação Aeronaval de Pensacola, na Flórida, onde se qualificou como aviador naval em 1954. Serviu em porta-aviões e como instrutor de voo de caças da marinha, em bases no Golfo do México.
Em 1957 inscreveu-se e foi aceite pela reputada Escola de Pilotos de Teste Navais dos Estados Unidos, em Patuxent River, Maryland, onde conheceu e teve como colegas de classe os seus futuros companheiros astronautas Walter Schirra e Jim Lovell.
Mo ano seguinte, tornou-se piloto de testes da marinha. Durante o seu período na escola de pilotos, foi convidado para fazer parte do primeiro grupo de selecção de astronautas para a recém-criada NASA – o “Mercury Seven” – e como os demais candidatos, passou por vários dias do que eles consideraram ser testes médicos e psicológicos invasivos, humilhantes e desnecessários e, ao contrário dos demais, ele rebelou-se contra o regime. Ao fim do processo de selecção, foi recusado com a anotação de «não-adequado para voos de longa duração».
Após este episódio no seu primeiro contacto com a NASA, Conrad voltou para a Marinha e serviu no USS Ranger, como piloto de F-4 Phantom. Tempos depois, a NASA iniciou um segundo processo de selecção de astronautas e Conrad foi procurado pelo seu amigo Alan Shepard, um veterano do projecto Mercury, que o reputava como grande piloto naval e de testes, e que o convenceu a reinscrever-se. Desta vez, Conrad achou os testes médicos menos invasivos e, em Julho de 1962, passou a fazer parte do corpo de astronautas da agência espacial. No momento da sua admissão, ele tinha acumulado mais de 6 500 horas de voo, 5 000 delas em caças a jacto.
Conrad entrou para a equipa de astronautas da NASA em 1962 e logo foi considerado um dos melhores pilotos do grupo, o que o levaria a ser seleccionado para integrar o projecto Gemini, sucessor do Mercury e onde cada nave espacial levaria dois homens ao espaço.
Foi ao espaço pela primeira vez em Agosto de 1965, na Gemini V, junto com o comandante Gordon Cooper, outro veterano do Mercury, e onde estabeleceram o então recorde de permanência no espaço, num total de oito dias, suplantando em cinco dias o recorde soviético e chegando ao tempo considerado necessário para uma viagem de ida-e-volta à Lua.
Em Setembro de 1966, voltou ao espaço comandando a Gemini XI, que se acoplou em órbita com o foguetão Agena, em treino para um futuro acoplamento entre o módulo de comando das Apollo com o módulo lunar. Nesta missão, ele também estabeleceu outro recorde, o de maior apogeu em órbita terrestre, com um total de 1 369 km.
Em Dezembro de 1966, Conrad foi designado para comandar a tripulação-reserva do primeiro voo em órbita terrestre do projecto Apollo completo, incluindo o módulo lunar. Com os atrasos na finalização do módulo, esta missão tornou-se a Apollo 8, a primeira a entrar em órbita lunar, sem módulo acoplado. Com isso, ele passou a comandar a tripulação-reserva da Apollo 9, cuja tripulação principal faria o voo orbital com o módulo. A prática de Donald Slayton, chefe do Departamento de Astronautas e responsável pela escalação e rodízio de tripulações, determinava que a tripulação-reserva de um voo fosse a tripulação titular do voo seguinte. Não houvesse o atraso anterior e a mudança de tribulações-reservas entre as Apollo 8 e Apollo 9 e Conrad teria sido o primeiro homem a pisar na Lua, comandando a Apollo 11 no lugar de Neil Armstrong.
Em 14 de Novembro 1969, no comando da Apollo 12, junto com os astronautas Alan Bean e Richard Gordon, foi lançado em direcção à Lua e, cinco dias depois, realizou a primeira alunagem num local pré-determinado pela NASA, a cratera onde havia descido anos antes a sonda espacial não-tripulada Surveyor 3, para recolher os seus equipamentos expostos há dois anos às condições lunares, e trazê-los de volta para estudo na Terra. A sua frase ao pisar na Lua é a mais divertida da saga espacial. Baixo, com 1,69 de altura, em contraste com a solenidade de Neil Armstrong no voo anterior, Conrad exclamou: «Este pode ter sido um pequeno passo para Neil, mas para mim é enorme».
Mais tarde, ele revelaria que disse aquilo para ganhar uma aposta de 500 dólares com a jornalista italiana Oriana Fallaci, que acreditava que as palavras ditas pelos astronautas naqueles momentos não eram próprias, mas parte de um guião pré-escrito pela NASA. Fallaci nunca pagou a aposta.
Após a saga lunar, Conrad voltou ao espaço pela quarta vez para comandar a tripulação da Skylab 2, a primeira estação espacial tripulada em órbita dos Estados Unidos. A estação lançada antes sem tripulação havia sido danificada quando um escudo contra micrometeoritos se partiu, levando dois painéis solares com ele e danificando o restante que não conseguiu abrir. Ele e a sua tripulação consertaram o dano em duas caminhadas espaciais. Eles também ergueram um “pára-sol” no escudo, de maneira a proteger a estação da intensa radiação solar, função que era do escudo perdido. Sem isso, a estação não teria condições de operar. Por este feito, em 1978 o presidente Jimmy Carter condecorou-o com a Medalha de Honra Espacial do Congresso.
Conrad aposentou-se da NASA e da Marinha e foi trabalhar na iniciativa privada, como vice-presidente de operações da American Television and Communications Company, que desenvolvia um novo sistema de operações de TV por cabo. Em 1976, aceitou o convite para trabalhar na McDonnell Douglas, onde chegou ao cargo de vice-presidente executivo. Em 1996, com o seu espírito de aventura ainda presente, fez parte da tripulação de um Learjet, que bateu o recorde de tempo de voo ao redor do mundo (49 h 26 min 8 s).
Menos de três semanas antes das comemorações do trigésimo aniversário do primeiro pouso na Lua, em Julho de 1999, Conrad que - aos 69 anos - ainda pilotava motocicletas em viagens com amigos, sofreu um acidente fatal, caindo de uma delas, numa estrada da Califórnia, e morreu de hemorragia interna seis horas depois. Foi sepultado, com honras oficiais, no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, com a presença de vários astronautas da era Apollo.

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
- Lisboa, Portugal
Aposentado da Aviação Comercial, gosto de escrever nas horas livres que - agora - são muitas mais...