EFEMÉRIDE
– José Agostinho, militar que se distinguiu como meteorologista e
naturalista de renome internacional, nasceu em Angra do Heroísmo no dia 1 de
Março de 1888. Morreu na mesma cidade em 17 de Agosto de 1978. Publicou
algumas centenas de artigos sobre meteorologia, sismologia e biologia, para
além de ter realizado mais de uma centena e meia de palestras radiofónicas
sobre as mesmas matérias.
Fez
os estudos preparatórios no Liceu de Angra do Heroísmo, terminando-os em Lisboa. Destinado
a seguir a carreira militar, ingressou na Escola Politécnica em 1904,
tendo terminado o respectivo curso em 1908. Frequentou depois a Escola do
Exército onde se graduou, ingressando na arma de Artilharia.
Na
sua carreira militar, integrou o Corpo Expedicionário Português enviado
para França durante a Primeira Grande Guerra, tendo ali comandando um
grupo de artilharia. Pelo seu desempenho na frente de batalha, foi condecorado
com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe e com o grau de cavaleiro da Ordem
da Torre e Espada.
Terminada
a guerra, regressou aos Açores, sendo colocado – em 1918 – como observador no Observatório
Meteorológico de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, trabalhando em
estreita colaboração com o naturalista (e coronel do exército) Francisco Afonso
Chaves, então director do Serviço Meteorológico dos Açores.
Quando
o coronel Afonso Chaves faleceu, em 1926, sucedeu-lhe no cargo de director do
serviço que, sob a sua direcção, alcançou grande expansão. Passou a dedicar-se
também a observações do campo magnético terrestre e a estudos de aerologia.
Paralelamente, foi-se afirmando como sismólogo e naturalista, passando a
corresponder-se com alguns dos principais naturalistas da época e recolhendo
espécimes da fauna e flora dos Açores, que enviou aos principais centros de investigação
e museus naturais.
Nesta
fase, publicou numerosos trabalhos científicos de diversos países e integrou
diversas comissões internacionais nas áreas do geomagnetismo e da geoelectricidade,
do estudo da alta atmosfera e da meteorologia sinóptica.
Com
a extinção do Serviço Meteorológico dos Açores em Outubro de 1946, por
integração no Serviço Meteorológico Nacional, passou a meteorologista/chefe
daquela instituição, chefiando a delegação dos Açores.
Reformou-se,
por atingir o limite de idade, em Maio de 1958. Era então tenente-coronel de artilharia.
Para
além da sua actividade como meteorologista profissional e como naturalista,
exerceu uma extensa actividade de divulgação científica, tendo realizado
centenas de palestras, incluindo uma longa série que foi transmitida pelo Rádio
Clube de Angra, o que fez dele uma das personalidades açorianas mais
conhecidas nas décadas de 1950 e 1960.
Era
membro de múltiplas sociedades científicas internacionais e sócio
correspondente do Instituto de Coimbra e da Sociedade Broteriana.
Foi
sócio fundador e presidente da Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves
e de várias associações açorianas, entre as quais o Instituto Histórico da
Ilha Terceira, a que presidiu de 1955 a 1957. Para além do seu labor como
naturalista, também se interessou por assuntos de história e de etnologia,
publicando diversos artigos sobre estas temáticas.
Foi grande
oficial da Ordem de Santiago da Espada, comendador da Ordem Militar de
Avis, oficial da Ordem de Cristo e oficial da Ordem do Império
Britânico. Esta última condecoração foi-lhe atribuída pelos serviços
prestados às forças britânicas estacionadas na ilha Terceira durante a Segunda
Guerra Mundial.
Em
sua homenagem, o Observatório Meteorológico de Angra do Heroísmo é hoje
denominado Observatório José Agostinho e uma das principais artérias da
cidade de Angra do Heroísmo denomina-se Avenida tenente-coronel José Agostinho.
Sem comentários:
Enviar um comentário