EFEMÉRIDE
– Francisco José Freire, que adoptou o pseudónimo de Cândido Lusitano,
frade oratoriano que inspirou o movimento estético/literário da Arcádia
Lusitana, morreu em Mafra no dia 5 de Julho de 1773. Nascera em Lisboa,
em 3 de Janeiro de 1719.
Depois
de concluir os estudos de humanidades no colégio de Santo Antão da Companhia
de Jesus e na casa de S. Caetano dos clérigos Teatinos, esteve
durante alguns anos como familiar em casa do cardeal patriarca de Lisboa, D.
Thomás de Almeida. Por causas desconhecidas, resolveu deixar o serviço daquele
prelado e juntou-se aos Congregados de S. Filipe Nery na casa do
Espírito Santo de Lisboa (1751).
A
sua obra “Arte Poética”, publicada em 1748, marcou em Portugal a
afirmação da estética neoclássica, que ficaria conhecida na literatura
portuguesa pelo nome de arcadismo.
A “Arte
Poética” de Cândido Lusitano acabou por constituir o verdadeiro código
estético dos árcades, o que fez dele uma das figuras mais influentes na
introdução das ideias estéticas e da poética e retórica neoclássicas na
literatura portuguesa.
Com
fortes ligações ao humanismo da fase inicial do Renascimento Europeu,
Cândido Lusitano era um defensor acérrimo dos cânones literários e estéticos da
Antiguidade Clássica, tomando como modelos Aristóteles, Cícero, Horácio
e Quintiliano. Em consequência, a sua obra centra-se na divulgação do
pensamento estético/literário dos clássicos, através da sua tradução para a
língua portuguesa, e na defesa de uma concepção da poesia como imitação da
natureza, na esteira da “Poética” de Aristóteles.
Na
mesma senda, Cândido Lusitano – seguindo intelectuais como Ludovico Antonio
Muratori e Ignacio de Luzán – explorou as relações entre a fantasia e o
entendimento na elaboração da obra poética, defendendo a visão aristotélica de
uma arte em que estejam presentes o verosímil e uma relação equilibrada entre o
útil e o deleitável e entre a natureza e o exercício.
Manteve
uma acesa polémica contra o pensamento de Luís António Verney, expresso no “Verdadeiro
Método de Estudar”, defendendo que é na proporção, na ordem e na unidade
que consiste a beleza poética e que a fantasia e a imaginação eram a alma da
poesia, embora devessem ser refreadas através da adopção de cânones que
regulassem a relação entre a arte e o juízo. Neste contexto, e
alinhando com as ideias de Nicolas Boileau, defendia o predomínio da lógica
sobre a estética, afirmando que os antigos chamavam-lhe Juízo e isto é
propriamente o bom gosto – é proceder com juízo e discernimento nas obras que
compomos e também nas que lemos. Estas ideias assentam nos princípios da
estética e filosofia platónica e augustiniana.
Seguindo
o pensamento de Ludovico Antonio Muratori e os preceitos do neoclassicismo,
Francisco José Freire introduziu na literatura de língua portuguesa a primeira
definição canónica de bom gosto, negando a legitimidade da liberdade criativa
do barroco defendida, entre outros, pelo filósofo Benito Jerónimo Feijoo.
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