terça-feira, 13 de novembro de 2018

13 DE NOVEMBRO - MESTRE PASTINHA


EFEMÉRIDE - Mestre Pastinha, de seu nome Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, um dos principais mestres brasileiros de Capoeira da história, morreu em Salvador no dia 13 de Novembro de 1981. Nascera na mesma cidade em 5 de Abril de 1889.  
Pastinha dizia «não ter aprendido a Capoeira na escola, mas sim com a sorte». Foi o destino o responsável pela sua iniciação no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no Museu da Imagem e do Som, mestre Pastinha relatou a história da sua vida: «Quando eu tinha uns dez anos, era franzino. Um outro menino, mais forte do que eu, tornou-se meu rival. Era só eu sair à rua e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava sempre por apanhar dele. Então, eu ia chorar, escondido de vergonha e de tristeza». A vida iria dar-lhe a oportunidade de uma aprendizagem, que marcaria todos os anos da sua longa existência.
«Um dia, da janela da sua casa, um velho africano assistiu a uma das nossas lutas. - Vem cá, meu filho, disse-me ele, ao ver que eu chorava de raiva. Você não pode com ele, porque ele é maior e tem mais idade. Vais passar a vir aqui, no meu “cazuá”, que eu vou ensinar-te uma coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui».
Começava, então, a formação do novo mestre, que dedicaria a sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Seguindo-o a partir daquele momento, o aprendizado era diário, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o seu professor africano. «Ele costumava dizer: - não provoque, menino. Devagarinho, ele verá o que você aprendeu.  Na última vez que o menino me atacou, mostrei-lhe com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se a nossa rivalidade, o rapaz ficou até meu amigo, com admiração e respeito».
Foi na actividade de ensinar a Capoeira. que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a sua competência maior foi demonstrada pelo seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e pela sua capacidade de comunicação. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo o Brasil. A originalidade do método de ensino e a prática do jogo, enquanto expressão artística, formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental, para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagandista da Capoeira Angola, modalidade “tradicional” do desporto no Brasil.
Em 1941, fundou a segunda escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o mestre Pastinha transformou a capoeira numa arte. Em 1964, publicou o livro “Capoeira Angola”, em que defendia a natureza desportiva e não-violenta do jogo.
Entre os seus alunos estão muitos mestres, como Bola Sete (presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre outros que ainda estão em actividade. A sua escola ganhou notoriedade com o tempo, sendo frequentada por personalidades como Jorge Amado e cantada por Caetano Veloso, no disco “Transa” (1972). Apesar da fama, o “velho mestre” terminou os seus dias quase esquecido. Expulso pela prefeitura, do local onde ensinava, sofreu dois derrames cerebrais seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Faleceu aos 92 anos de idade.

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