EFEMÉRIDE - Joel Silveira, jornalista e escritor brasileiro, morreu no Rio de
Janeiro em 15 de Agosto de 2007. Nascera em Lagarto no dia 23 de Setembro
de 1918.
Tido
como militante de esquerda e tendo divergências com o pai, mudou-se de Aracaju
para o Rio de Janeiro em 1937, a pretexto de ir estudar Direito. De facto, cursou até ao segundo ano da faculdade, mas
confessou nas suas memórias, ter sido um estudante relapso. Estava mais
interessado em ser jornalista. Embora possa parecer paradoxal, o período do Estado Novo permitiu que ele, “anti
getulista” convicto, e mais um grupo de jovens jornalistas, como David Nasser,
Edmar Morel e Samuel Wainer, viessem a ser notabilizados pelas “grandes
reportagens” dos anos 1940, forma
encontrada pelos jornais para sobreviver à censura imposta pela ditadura de Vargas.
O seu
primeiro emprego foi no semanário “Dom
Casmurro”, que era um jornal esquerdista. Um irmão começou a mandar-lhe de
São Paulo material político para que ele distribuísse no Rio.
Foi depois
repórter e secretário da revista “Diretrizes”,
semanário de Samuel Wainer, onde permaneceu até a Redacção ser fechada pelo polícia
política, em 1944. Escreveu também para: “Diários
Associados”, “Última Hora”, “O Estado de S. Paulo”, “Diário de Notícias”, “Correio da Manhã” e “Manchete”.
Nos seus
mais de 60 anos de carreira, passou por diversas redacções de jornais, nas
quais ocupou inúmeros cargos. Foi escolhido por Assis Chateaubriand, dos “Diários Associados”, para ser
correspondente de guerra, apesar de haver outros candidatos de peso, como David
Nasser e Carlos Lacerda.
Após
o golpe de 1964, foi preso por duas vezes, durante o governo de Castelo Branco.
No governo Médici, foi preso mais cinco vezes: «Três pelo Exército, uma pela Marinha e outra pela Aeronáutica. A
pergunta era sempre a mesma: «Você é comunista?», o que ele negava porque efectivamente
não era verdade.
É
reconhecido por ser um dos precursores do jornalismo internacional e do
jornalismo literário no Brasil. Ganhou de Assis Chateaubriand a alcunha de “a víbora” pelo
seu estilo agressivo.
As suas
reportagens “Eram Assim os Grã-Finos em
São Paulo ” e “A
Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista” consagraram-no como
profissional e hoje são tidas como verdadeiros clássicos do género.
Publicou
cerca de 40 livros. Foi agraciado em 1998 com o Prémio Machado de Assis, o mais importante da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da sua obra. Entre outros
galardões, recebeu também o prémio Líbero
Badaró, Esso Especial, Jabuti e Golfinho de Ouro.
Pouco
antes de falecer, Joel Silveira foi homenageado no 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Por razões de
saúde, foi representado na cerimónia pela sua filha.
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