EFEMÉRIDE
– Cyro dos Santos Martins, escritor e psicanalista brasileiro, nasceu
em Quaraí no dia 5 de Agosto de 1908. Morreu em Porto Alegre , em 15
de Dezembro de 1995.
Integrou
o grupo dos romancistas da chamada Geração de 30, relacionado com o neo-realismo,
tanto pela temática como pela linguagem. Foi responsável pela introdução, na
literatura regional do seu estado, do tipo gaúcho já influenciado por novos
costumes. O seu livro de estreia, “Campo Fora” (1934), já versava a
temática que o autor desenvolveria posteriormente. As suas três obras básicas, “Sem
rumo” (1937), “Porteira fechada” (1944) e “Estrada nova”
(1954), compõem a “Trilogia do gaúcho a pé” e retratam o homem das
pampas, marginalizado pela nova ordem económica, social e cultural gerada pelo processo
de industrialização e concentração urbana.
Cyro
Martins iniciou os estudos aos nove anos, no Colégio Municipal de Quaraí.
Aos 20, continuou a estudar num colégio interno de Porto Alegre, o Ginásio
Anchieta. O seu primeiro professor, Lucílio Caravaca, é lembrado no
personagem homónimo em “Rodeio (contos e estampas)” de 1976. Em 1942, em
“Um menino vai para o colégio (novela)” tinha revivido a sua vida no
internato.
Escreveu
os seus primeiros artigos e contos aos quinze anos. Em 1928, com dezanove, ingressou
na Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Voltou a Quaraí em 1934, já
formado, para «fazer a prática da medicina», como dizia, sobretudo nos
bairros e vilas da cidade.
Em
1935, casou-se com Suely de Souza e utilizou, numa conferência, pela primeira
vez, o termo «gaúcho a pé», origem e leitmotiv da
trilogia já referida. Em 1937, foi estudar Neurologia no Rio de Janeiro,
onde publicou “Sem rumo pela Ariel”. Em 1938, já em Porto Alegre , prestou
concurso para Psiquiatria no Hospital São Pedro e, no ano
seguinte, participou na fundação da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e
Medicina Legal no mesmo hospital. Publicou entretanto o romance “Enquanto
as águas correm”. Abriu o seu primeiro consultório. “Mensagem errante”
surge em 1942, em
plena Segunda Guerra Mundial.
Em
1949, segundo casamento, com Zaira Meneghello. Dois anos depois, foi fazer a sua
formação psicanalítica em Buenos Aires. Regressou ao Brasil em 1955, quando
já era membro da Associação Psicanalítica Argentina. Convida, entre
outros, o analista argentino Arnaldo Rascovsky, de quem se tornara amigo, para
debates sobre psicoterapia analítica de grupo. Em 1957, foi eleito presidente
da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Neurocirurgia, quando iniciou
a sua actividade como professor no Instituto de Psicanálise. Ainda nesse
ano, publicou “Paz nos campos”, que reúne diversos contos e novelas.
De
1958 a 1964, teve vários trabalhos científicos traduzidos para espanhol e
alemão.
Em
1990, escreveu o seu livro de memórias, em parceria com Abrão Slavutzky, “Para
início de conversa”. No ano seguinte, publicou o seu último livro de
ficção, a novela “Um sorriso para o destino”. Ainda publicaria uma série
de ensaios psicanalíticos (1993) e, quando seria de esperar que falasse de si
mesmo, surpreendeu tudo e todos discorrendo sobre os seus amigos poetas,
pintores e ficcionistas, em “Páginas soltas” (1994).
Faleceu
aos 87 anos. Familiares e amigos criaram em 1997 o Centro de Estudos de
Literatura e Psicanálise Cyro Martins – CELPCYRO, com o propósito de
cuidar do seu vasto espólio e promover estudos a partir da sua obra.
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