EFEMÉRIDE
– Alberto da Cunha Sampaio, historiador português, morreu em Vila Nova de Famalicão
no dia 1 de Dezembro de 1908. Nascera em Guimarães, em 15 de Novembro de
1841. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, é
especialmente conhecido pelos seus trabalhos no domínio da história económica
Entre as suas principais obras, contam-se as consagradas às póvoas
marítimas medievais e às vilas do Norte de Portugal. Integrou-se no movimento
designado por Portugália.
Passou
a infância entre Guimarães e Famalicão, onde a família possuía a Quinta de
Boamense. Aprendeu as primeiras letras em Landim e completou os estudos em
Braga, o que lhe permitiu partir para Coimbra aos 15 anos de idade. Em 1863,
licenciou-se em Direito.
Enquanto esteve em Coimbra, participou activamente na vida
académica, colaborando em jornais e convivendo com alguns dos jovens mais
notáveis da sua geração, como Antero de Quental com quem fez uma viagem aos
Estados Unidos. Envolveu-se activamente num movimento que deixou marcas
profundas no imaginário académico coimbrão, a Sociedade do Raio, que se
bateu pela renovação da Universidade.
De
Coimbra, mudou-se para Lisboa, onde ensaiou o exercício da advocacia, mas por
pouco tempo. Não tardou muito para estar de volta à sua terra natal onde, apesar
da sua personalidade avessa à exposição pública, manteve uma intervenção cívica
constante.
Em
1869, integrou a filial de Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa.
Em 1873, fez parte do núcleo dos fundadores da Companhia dos Banhos de
Vizela, subscrevendo – no ano seguinte – o contrato para o aproveitamento
das nascentes das águas medicinais de Vizela e para a construção de um
estabelecimento de banhos. Entre 1874 e 1876, esteve ligado ao Banco de
Guimarães, onde exerceu funções de guarda-livros. Em Março de 1881,
integrou a comissão incumbida pelas Câmara de Guimarães de avaliar as
vantagens da introdução no concelho de vides americanas resistentes à filoxera,
como forma de prevenção daquela praga das vinhas. A agricultura e a
vitivinicultura em particular incluíam-se entre as suas paixões, sendo famosos
os vinhos que produzia na Quinta de Boamense. Em 1883, integrou o grupo de três
vimaranenses a quem a Câmara encarregou de seleccionar os produtos que
seriam levados à Exposição Agrícola de Lisboa, que se realizou em Maio
desse ano.
Por
essa época, já tinha ajudado a fundar a Sociedade Martins Sarmento, à
qual o seu nome ficaria ligado para sempre. Foi proclamado sócio honorário
desta Instituição em 1891.
Alberto
Sampaio foi o grande impulsionador da grande Exposição Industrial de
Guimarães de 1884, promovida pela Sociedade Martins Sarmento.
Enquanto decorria aquele certame, teve a sua primeira experiência de
participação política activa, ao apresentar-se como candidato a deputado pelo
círculo de Guimarães. Receberia pouco mais de 3% dos votos, naquela que foi a
primeira eleição de João Franco como deputado por aquele círculo. Não repetiu a
experiência, apesar de – em 1887 – ter colaborado com Oliveira Martins no Projecto
de Lei de Fomento Rural. O único cargo público que desempenhou ao longo da
sua vida foi o de procurador à Junta Geral do Distrito de Braga, em
representação de Guimarães. «Céptico, excêntrico, cada vez mais separado do
mundo, nada tenho que fazer em Lisboa, como representante de quaisquer
eleitores» escreveu ele numa carta a um amigo em 1892. Os amigos
descreviam-no «como alguém que quase pedia desculpa do seu saber e do seu
valor às pessoas com quem convivia».
Entretanto,
afirmou-se progressivamente como pioneiro da história económica e social, dando
início aos estudos de história agrária em Portugal, com a publicação na “Revista
de Guimarães”, em 1885, do primeiro artigo “A propriedade e a cultura do
Minho”, a que daria continuidade com a sua obra mais conhecida, “As
vilas do Norte de Portugal”. Com os textos sobre o “Norte marítimo”
e “As póvoas marítimas”, Alberto Sampaio deu também um forte impulso
inicial aos estudos sobre a problemática do desenvolvimento marítimo.
No
princípio de 1900, mudou-se definitivamente para Boamense, onde se dedicou à
agricultura e, de modo cada vez mais intermitente, aos estudos históricos.
Após
a sua morte, Alberto Sampaio não caiu no esquecimento. Um dos primeiros actos
da República foi atribuir o seu nome a uma das avenidas mais emblemáticas d e
Guimarães. Em 1928, foi criado o Museu de Alberto Sampaio. Em 1956,
inaugurou-se o monumento a Alberto Sampaio, no largo dos Laranjais, em Guimarães. Em 1972,
foi criada a Escola Comercial Alberto Sampaio (hoje Escola Secundária
Alberto Sampaio), em Braga.
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