EFEMÉRIDE
– Amadeu José Meireles da Costa, homem da rádio e do teatro
português, nasceu no Porto em 31 de Dezembro de 1928. Morreu na mesma
cidade em 2 de Julho de 2004.
Com
21 anos, partiu para Coimbra, onde cumpriu o serviço militar. Nesta cidade,
conheceu José Afonso, quando a repulsa pelo regime político que dominava então
o país levava os estudantes universitários, noite após noite, a realizar
debates e tertúlias.
Amigo
pessoal de António Pedro, com ele fundou o Teatro Experimental do Porto
em 1953. Em Junho desse ano, participou como actor na estreia desta companhia,
no Teatro Sá da Bandeira, com a peça “A Nau Catrineta”, uma
história tradicional adaptada ao teatro por Egito Gonçalves.
A
passagem pela representação foi ligeira, pois o seu jeito para ensaiar era mais
forte, tornando-se o braço direito do mestre António Pedro. Com talento notável
para declamar, participou igualmente em muitas tertúlias culturais na Cooperativa
do Povo Portuense, um dos seus locais preferidos e onde tinha grandes
admiradores.
Em
1963, Monique Solal criou o primeiro e único curso de ballet no Conservatório
de Música do Porto e Amadeu Meireles foi o seu encenador.
Foi
apresentador do programa “Festival” da autoria do empresário Domingos
Parker, exibido no Palácio de Cristal no Porto, onde foram lançadas as
cantoras Maria da Fé e Lenita Gentil, entre outros.
As
tardes de domingo eram passadas na Rádio Emissores do Norte Reunidos,
onde fazia teatro radiofónico e participava no programa da tarde desportiva.
No
final de 1963, tornou-se locutor residente da Rádio Renascença. Foi
autor e locutor de um dos mais conhecidos programas radiofónicos da época, “Clube
da Juventude”, com forte pendor cultural, divulgando literatura e música
ligeira internacional. Nesta emissora, foi também autor e locutor da aplaudida
rubrica diária “Peço a Palavra”, dedicada a personalidades que de algum
modo se notabilizavam, por acontecimentos de cariz cultural, social ou
político, e a acontecimentos dignos de relevo, que muitas vezes passavam
despercebidos nas edições dos jornais.
A
arte da sua escrita permitia camuflar nos seus textos a abordagem política,
fintando o regime da época e os seus censores. Com fortes ideologias políticas
de esquerda, Amadeu Meireles entrou em confronto com o então director da Rádio
Renascença, Arala Pinto, e decidiu deixar aquela emissora, transferindo-se
para o Rádio Clube Português, levando consigo o programa “Clube da
Juventude”, que manteve o nível de audiência.
Escreveu
alguns textos satíricos para os Parodiantes de Lisboa, programa de rádio
muito popular. Em 1966, fundou – juntamente com Ofélia Diogo Costa – o Círculo
Portuense de Ópera.
Nas
décadas 1960/70, colaborou com Resende Dias e Roger Sarbib escrevendo
letras para várias composições de música ligeira. Em 1972, foi convidado pela RDP
– Antena 1 para fazer a locução radiofónica do Festival Eurovisão da
Canção, em simultâneo com a transmissão televisiva da RTP. O mesmo
aconteceria em 1973 e de 1975
a 1978.
Apesar
destas colaborações, foi-se afastando progressivamente da rádio, para se
dedicar ao ramo da química industrial até 1985, como técnico e empresário.
Regressou
à rádio em 1986. Até 1990, foi autor e realizador de vários programas na Rádio
Placard do Porto, na altura uma rádio cultural. Colaborava ainda no trabalho
técnico dos estúdios de gravação e apoiava os novos locutores.
Entre
1991 e 1992, colaborou com a Companhia Seiva Trupe na peça “O
Comissário de Policia” de Gervásio Lobato, no Teatro Carlos Alberto.
Em
2000, por doença, isolou-se em Tábua, na Fundação Sarah Beirão. Veio a
falecer no Porto quatro anos mais tarde.
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