EFEMÉRIDE
– Francisco de Asís Tárrega Eixea, guitarrista espanhol
que revolucionou a composição para guitarra, morreu em Barcelona no dia 15 de
Dezembro de 1909. Nascera em Vila-real,
em 21 de Novembro de 1852. É considerado um dos guitarristas mais influentes do
mundo, sendo considerado a pai da guitarra clássica moderna.
Durante
a juventude, sofreu uma queda grave num canal de irrigação que lhe veio a
afectar a visão de modo definitivo. A família mudou-se para Castellón e
inscreveu-o em aulas de música. Os seus dois primeiros professores eram
cegos.
Em
1862, o concertista Julián Arcas, em tournée pela região e ouvindo falar no
jovem talento, aconselhou o pai de Tárrega a deixá-lo ir para Barcelona estudar
com ele. O pai aceitou, mas insistiu para que o filho tivesse também lições de
piano. O violão e a guitarra eram, na época, considerados como instrumentos de
acompanhamento para cantores, enquanto o piano estava mais em voga na Europa.
No
entanto, Francisco teve de parar com as lições pouco tempo depois, porque Arcas
partiu para o estrangeiro, onde ia dar vários concertos. Apesar da sua idade
(10 anos), Tárrega fugiu e tentou começar uma carreira musical autónoma,
actuando em cafés e restaurantes da capital catalã. Em breve, porém, foi
encontrado e levado para junto do pai, que teve de fazer sacrifícios enormes
para assegurar o prosseguimento da sua educação musical.
Três
anos mais tarde, em 1865, nova fuga então para Valência, onde se juntou a um
grupo de boémios. O pai procurou-o e levou-o para casa. Ele fugiria ainda uma
terceira vez, novamente para Valência.
No
começo da adolescência, Francisco era já um bom músico, tanto na guitarra como
no piano. Para ganhar dinheiro, tocava com outros músicos em eventos locais. Em
breve voltou para o lar, para ajudar a família.
Entrou
para o Conservatório de Madrid em 1874, graças ao mecenato de um rico
mercador da região. Utilizava uma guitarra recentemente adquirida, fabricada em
Sevilha por António de Torres. Estudou composição e foi aconselhado a
abandonar o piano e a dedicar-se exclusivamente à guitarra.
No
fim dos anos 1870, já ensinava alguns alunos, dando também – com
regularidade – concertos em várias regiões espanholas. Começou a tocar
igualmente as suas próprias composições.
Em
1881, actuou na Ópera de Lyon, no Teatro Odéon em Paris e em Londres. Casou-se
no Natal de 1885 com María José Rizo, fixando-se em Barcelona, onde teve como
amigos Isaac lbéniz e Pablo Casals, entre outros músicos célebres.
Conheceu
mais tarde uma viúva rica, Conxa Martinez, que se tornou sua mecenas. Ela
autorizou toda a família a ocupar o seu casarão de Barcelona, onde ele veio a
escrever a maioria das suas melhores obras.
Em
1900, visitou Alger, onde ouviu o ritmo repetitivo de um tambor árabe. Na manhã
seguinte, compôs a sua famosa “Danza Mora”. Em 1902, cortou as unhas e
criou uma sonoridade que se iria tornar típica nos guitarristas associados à
sua escola. Fez uma tournée por Itália, actuando em Roma, Nápoles e
Milão.
Tárrega
teve as suas habilitações musicais questionadas, quando defendeu uma
metodologia diferente da que era usada na época. Segundo ele, o toque realizado
pela mão direita na guitarra deveria ser feito num ângulo de 90º e com a parte
«macia» do dedo, ou seja, sem utilização da unha. Tárrega justificava a
metodologia, afirmando que o toque do dedo causava assim uma sensação de maior
«controlo emocional e técnico» das obras em execução.
Uma
das suas mais famosas composições não é conhecida integralmente pela maioria
das pessoas que, no entanto, já ouviram algum fragmento. Trata-se da “Gran
Vals” (“Grande Valsa”), que é um dos toques padrão da empresa de
telemóveis Nokia.
Em
Janeiro de 1906, foi afectado por uma paralisia do lado direito e nunca
recuperou completamente. Fez o seu último trabalho em Dezembro de 1909 (“Oremus”),
falecendo treze dias mais tarde.
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