EFEMÉRIDE
– Compay Segundo, de seu verdadeiro nome Máximo Francisco Repilado
Muñoz, cantor, guitarrista, violonista, clarinetista e compositor cubano,
nasceu em Siboney, Santiago de Cuba, no dia 18 de Novembro de 1907. Morreu
em Havana, em 14 de Julho de 2003.
Aos
nove anos, após o falecimento de sua avó, mudou-se com a família para a sede da
municipalidade de Santiago de Cuba.
Em
Santiago, fez o que grande parte da população cubana fazia – aprendeu o ofício
de enrolador de charutos. Ao mesmo tempo, tinha aulas com a jovem Noemí Toro.
Por sua influência, aos 14 anos, aprendeu solfejo e optou pelo clarinete. Um
ano depois, compôs a sua primeira canção “Yo vengo aquí” e tornou-se
muito conhecido dos aficionados pelos sons cubanos.
Foi a
tocar aquele instrumento que Repilado fez a sua primeira viagem a Havana, em
1929, com a Banda Municipal de Música, por ocasião da inauguração do Capitólio
Nacional.
Em
1935, com Ñico Saquito e a banda Cuban Star, viajou novamente para
capital cubana, desta feita para ali residir definitivamente.
Autodidacta
do violão, criou um novo instrumento com sete cordas, o armónico. Muitas
das suas composições musicais caracterizam-se pelo seu conteúdo imaginativo e
grande senso de humor. Na década de 1930, com o quarteto Hatuey, foi
ao México, onde participou em dois filmes: “México Lindo” e “Tierra
Brava”.
Também
foi no México que integrou – como clarinetista – o grupo Matamoros e
teve a oportunidade de trabalhar com o músico Benny Moré. Ali co-fundou, em
1942, a dupla Los Compadres, cantando com o cubano Lorenzo Hierrezuelo.
Lorenzo era a primeira voz e era conhecido por Compay Primo (primeiro
compadre), enquanto Repilado era a segunda voz, o Compay Segundo, nome
que o acompanharia até ao fim dos seus dias e pelo qual ficou conhecido mundialmente.
Sobre
o facto das segundas vozes na música passarem a perder-se, sobretudo após as
décadas de 1940/50, Compay Segundo declarou «Os jovens não querem
acompanhar nenhum cantor. Todos querem ser estrelas do dia para a noite. Vejam
quantos anos eu tive de esperar, quantos caminhos tive de percorrer, em quantos
eventos tive de participar. E aqui estou pronto a começar tudo de novo».
Integrou
o sexteto Los Seis Ases, o Cuarteto Cubanacán e foi clarinetista
da Banda Municipal de Santiago de Cuba. Em 1956, criou o grupo Compay
Segundo y sus Muchachos, com quem trabalhou até à sua morte.
Compay
Segundo foi um artista único. A maneira como produzia o som ajustava-se ao
modelo da zona oriental de Cuba, pelo que ficou reconhecido como um grande
representante da cubanía.
A sua
voz grave e redonda acompanhou célebres cantores de fama internacional. Com o
seu grupo, fez dançar multidões de todos os continentes. Realizou tournées pela
América Latina e Europa, particularmente Espanha, onde gravou vários discos.
Compay
participou activamente no ambicioso projecto Buena Vista Social Club, um
disco produzido por Ry Cooder, em 1996, no qual se reuniram grandes nomes da
música cubana. O disco foi premiado com um Grammy e promoveu o ressurgimento
de músicos que, em alguns casos, estavam no ostracismo há mais de dez anos.
Em
18 de Novembro de 1997, por ocasião do seu 90º aniversário, foi condecorado com
a Ordem Félix Varela, a mais alta distinção honorífica das artes
cubanas.
Aos
94 anos, estreou-se nos palcos como actor, numa peça intitulada “Se secó el
arroyto”, baseada numa das suas canções e que narra os amores frustrados de
um casal de jovens nos anos anteriores à Revolução Cubana (1959).
Entre
as canções mais conhecidas interpretadas por Compay Segundo, encontramos “Sarandonga”,
“Saludos, Compay”, “¿Y tú, qué has hecho?”, “Amor de la loca
juventud”, “Juramento” e “Veinte años”. Certamente a mais
famosa de todas é “Chan Chan”, que – segundo dizem – foi até ouvida no
Vaticano.
Compay
morreu próximo da família, com o respeito e a consideração dos seus patrícios.
Deixou cinco filhos. Nonagenário e sempre bem-humorado, disse que ainda não
havia esquecido como era o amor e que queria ter mais um filho.
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