EFEMÉRIDE
– Ahmadou Kourouma, escritor da Costa do Marfim, nasceu em Boundiali no dia
24 Novembro 1927. Morreu em Lyon (França), em 11 de Dezembro de 2003.
Ahmadou
era de origem malinké, uma das várias etnias existentes em diferentes
países do oeste de África. Ahmadou significa “guerreiro” no dialecto malinké.
Educado por um tio, deu sequencia aos seus estudos em Bamako, no Mali. De 1950
a 1954 (durante a colonização francesa), foi “tirailleur” senegalês (corporação
do exército francês composta por soldados recrutados nas colónias francesas
oeste/africanas) na Indochina, antes de se mudar para França, onde estudou Matemática
em Lyon.
Em
1960, após a independência da Costa do Marfim, voltou a viver no seu país natal.
Começou porém, rapidamente, a ficar descontente com o regime do presidente
Félix Houphouët-Boigny. Esteve preso, antes de partir para o exílio em diversos
países como: Argélia (1964/69, Camarões (1974/84) e Togo (1984/94, antes de regressar
à Costa do Marfim.
Em
1970, publicou o seu primeiro romance “Les soleils des indépendances”,
que trouxe um olhar bastante crítico sobre os governos posteriores ao fim da
colonização. Em 1988, publicou o seu segundo livro “Monnè, outrages et défis”,
onde retratou um século da história colonial. Em 1998, lançou “En attendant
le vote des bêtes sauvages”, narrando a história de um caçador da “tribo
dos homens nus” que se torna ditador (neste livro pode reconhecer-se facilmente
a figura do presidente do Togo, Gnassingbé Eyadéma, e de várias personalidades
políticas africanas contemporâneas). Com este livro, venceu o Prix du Livre
Inter (prémio criado em 1975 e concedido anualmente pela Rádio France
Inter a obras escritas em francês).
Em
2000, foi publicado “Allah n’est pas obligé”, que conta a história de
uma criança órfã do Mali que, após a morte da mãe, parte para a Libéria em
busca de uma tia e, no meio do caminho, acaba por se tornar uma criança
soldado. Com este livro, Kourouma ganhou os Prémios Renaudot e Goncourt
dos Estudantes Liceais.
Em Setembro
de 2002, a guerra civil eclodiu na Costa do Marfim e ele tomou posição contra
os Ivoirité (cerca de um terço da população do país, com uma identidade
cultural comum, formada essencialmente por estrangeiros) e em favor da
restauração da paz no seu país. «A guerra é ma extravagância que nos
conduzirá ao caos» – disse na ocasião. Foi acusado pelos jornais
partidários do presidente Laurent Gbagbo de apoiar os rebeldes do norte.
Ahmadou
Kourouma faleceu em 2003, quando estava trabalhar no romance “Quand on refuse
on dit non”, uma sequência de “Allah n'est pas obligé”, que narra a
volta de Birahima, a criança/soldado do romance anterior. O livro foi publicado
postumamente em 2004.
Em
2004, o Salão Internacional do Livro de Genebra instituiu o Prémio
Ahmadou Kourouma para laurear romances ou ensaios sobre a África negra.
Kourouma
era casado e pai de quatro crianças. Onze anos após a sua morte, os seus restos
mortais foram trasladados de Lyon para a Costa do Marfim.
Sem comentários:
Enviar um comentário