EFEMÉRIDE
– José Pinto de Carvalho Santos Águas, futebolista português, avançado
de centro, nasceu em Luanda no dia 9 de Novembro de 1930. Morreu em Lisboa,
em 10 de Dezembro de 2000. Entre outros troféus, conquistou – em 1961 e 1962 –
a Taça dos Campeões da UEFA, como capitão de equipa, em
representação do SL e Benfica. Casado com Maria Helena de Jesus Lopes,
falecida em 2003, teve três filhos: Lena d’Água (cantora), Cristina Maria e Rui
Águas (também jogador de futebol).
Com
apenas 15 anos, foi dactilógrafo na Robert Hudson, uma empresa
concessionário da Ford. Tornou-se jogador da equipa da firma. Tendo em
conta o talento revelado, passou depois a representar o Lusitano do Lobito.
Por influência paterna, “nasceu” benfiquista. Um poster, já amarelecido pela
idade, devotadamente colocado no seu quarto, dava-lhe inspiração. Em 1950,
chegaram notícias da então metrópole anunciando a conquista da Taça
Latina pelo Benfica, o que o entusiasmou ainda mais.
No
entanto, ele nem sequer sonhava ou imaginava a hipótese de alguma vez defrontar
semelhante naipe de campeões. Foi porém o que aconteceu. Depois da aludida
vitória, a equipa do Benfica foi a Angola e, num dos jogos disputados,
no Lobito, defrontou uma selecção local de que fazia parte José Águas. Ao saber
que tinha sido seleccionado, José Águas sentiu um frémito e levou tempo a
recompor-se. Custa até imaginar como deve ter ficado depois do jogo, que venceu
por 3-1, com dois tentos de sua autoria. Os dirigentes benfiquistas pediram-lhe
para passar no hotel onde a equipa estava alojada...
Naquela
noite, olhou vezes sem conta, sempre de soslaio, por timidez até na intimidade,
o velho poster que dava vida ao seu quarto. Contrato rubricado e, com os novos
companheiros, partiu à conquista de outras paragens africanas. Chegou a Lisboa
no dia 18 de Setembro de 1950, tendo se estreado mais tarde frente ao Atlético
CP. Nunca tinha visto um campo relvado nem botas de pitões. Com apenas um
treino realizado, a estreia nada teve de auspicioso. Empate a duas bolas com o Atlético,
sem que os seus créditos de goleador fossem exibidos. Mas, antes que as
criticas subissem de tom, na jornada imediata, com o SC de Braga, marcou
quatro golos, terminando o jogo com um invejável 8-2.
Com
o Benfica, José Águas viveu momentos em que a fábula e a realidade
pareceram caminhar de mãos dadas. Quase se cansou de vencer, de marcar, de
contagiar. Foi ele a papoila mais saltitante do hino de Piçarra e o
melhor intérprete do jogo aéreo que o Benfica alguma vez teve (e
Portugal também). É o segundo melhor marcador da história encarnada, depois de
Eusébio.
Atravessou
toda a década de 1950 com uma sistemática marcação de golos, tendo sido
o melhor dos marcadores em cinco ocasiões. Levantou, triunfante, na qualidade
de capitão, as duas Taças dos Campeões Europeus, sendo o artilheiro mor
na primeira competição, com 11 golos, e o melhor marcador do Benfica na
segunda, com 7.
Nos Campeonatos
Nacionais, apontou mais golos (290) do que os jogos efectuados (282). Já
não esteve presente na terceira final europeia, por opção do treinador chileno
Fernando Riera. «Algum tempo depois, pediu-me desculpa por não me ter
colocado a jogar. Disse-lhe que até ficara satisfeito com a actuação de Torres.
Era a verdade, era a voz do meu coração de benfiquista, mas Fernando Riera
parece não ter ficado muito convencido.».
Pela
equipa nacional, teve 25 internacionalizações, entre Novembro de 1952 e Maio de
1962, tendo marcado 11 golos.
Ainda
no apogeu da sua carreira, José Águas fez uma revelação fora do comum, confessando
que vestia o equipamento de futebolista com o mesmo espírito com que o operário
veste o seu fato-macaco.
Foi Campeão
Nacional em 1955, 1957, 1959 e 1962 e venceu quatro Taças de Portugal
(1955, 1957,1959 e 1962).
Como
curiosidade, diga-se que há colaboração de sua autoria na coluna futebolística
da revista de banda desenhada “Foguetão” (1961), dirigida por Adolfo
Simões Müller.
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