EFEMÉRIDE
– Louise-Victorine (Choquet) Ackermann, contista e poetisa francesa,
nasceu em Paris no dia 30 de Novembro de 1813. Morreu nos arredores de Nice
em 2 de Agosto de 1890.
O
pai – um apaixonado pelas Letras – proporcionou-lhe uma educação afastada
do ensino religioso. Com ele iniciou as primeiras leituras. O progenitor, de carácter
muito independente, deixou Paris aos 33 anos com a esposa e as três filhas, para
viver na solidão do campo.
Louise
Choquet viveu uma infância solitária. O seu temperamento estudioso e meditativo
manifestou-se desde muito cedo, mantendo-a afastada das crianças da sua idade e
das próprias irmãs. A mãe, que não se adaptava à vida campestre, vivia
aborrecida e era pouco conciliadora para a filha mais velha. Exigiu que ela fizesse
a primeira comunhão para respeitar as convenções em voga. Louise descobriu
assim a religião e entrou num internato em Montdidier, demonstrando uma adesão
fervorosa o que alarmou o pai que, durante as férias, lhe deu a ler Voltaire. O
espírito do filósofo provocou o divórcio entre Louise e o catolicismo.
De
regresso a casa, prosseguiu as suas leituras e estudos na biblioteca paterna e
descobriu Platon e Buffon. Por essa época, começou a fazer os primeiros versos.
A mãe inquietou-se porque estava sempre “de pé atrás” com as pessoas das Letras.
Aconselhou-se com uma prima parisiense, que lhe recomendou – pelo contrário – para
não contrariar a filha mas sim encorajá-la.
Louise
foi então para um colégio interno em Paris. Tornou-se
rapidamente notada pela sua capacidade de estudo, sendo a favorita do professor
de Literatura, que era amigo íntimo de Victor Hugo. Descobrindo que
Louise compunha poesias, chegou a levar alguns desses trabalhos ao célebre
escritor que lhe mandou conselhos.
Félix
Biscarrat, o professor, alargou o leque de leituras da sua aluna, emprestando-lhe
obras de autores contemporâneos. Louise descobriu igualmente autores ingleses e
alemães, como Byron, Shakespeare, Goethe e Schiller.
Ao
fim de três anos de colégio, voltou ao seio familiar onde continuou o estudo e
a escrita solitária. Simultaneamente, fez descobrir aos seus próximos alguns autores
modernos – Hugo, Vigny, Musset, Sénancour…
O
falecimento do pai veio privá-la do seu apoio, que muito valorizava as suas
competências literárias. A mãe proibiu-a de conviver com autores e Louise
renunciou durante um certo tempo à poesia. Em 1838, conseguiu que a deixassem
partir para Berlim durante um ano para ingressar numa “instituição modelo de
raparigas” dirigida por Schubart. Este último ajudou-a no aperfeiçoamento da
língua alemã.
Voltou
a Berlim três anos mais tarde, após a morte da mãe. Encontrou o linguista
francês Paul Ackermann, amigo de Proudhon. Apaixonaram-se e casaram. Foi um
casamento feliz mas breve, pois o marido morreu em Julho de 1946, vítima de
doença, aos 34 anos de idade.
Muito
fragilizada pela viuvez, juntou-se a uma das suas irmãs que vivia em Nice, onde
comprou um pequeno domínio isolado. Consagrou-se durante alguns anos a
trabalhos agrícolas, até lhe voltar a vontade de escrever poesia.
As
primeiras publicações não suscitaram grande interesse, mas despertaram a atenção
de alguns críticos, que gostavam do que liam mas lamentavam o seu pessimismo,
que atribuíam à influência da literatura alemã. Ela própria negaria essa influência,
reclamando para si a parte negativista dos seus pensamentos, que apareciam já
nas suas poesias juvenis.
Entre as obras que nos legou, saliente-se:
“Contes” (1855), “Contes et Poésies” (1863), “Poésies
philosophiques” (1861), “Poésies. Premières Poésies. Poésies
philosophiques” (1874) e “ Œuvres de Louise Ackermann : Ma vie,
Premières Poésies, Poésies philosophiques” (1885).
Sem comentários:
Enviar um comentário