Foi co-fundador, líder e inspirador dos Panteras
Negras, uma organização política negra voltada para a luta pela igualdade
racial nos Estados Unidos (fundada em 1966, na Califórnia).
Ainda estudante, Newton envolveu-se com a política,
filiando-se na Organização Afro-Americana e foi uma figura-chave na
introdução do primeiro curso de História Afro-Americana no currículo do Merritt
College, onde estudava.
Inspirado em Malcolm X e outros pensadores de
esquerda, Huey juntou-se ao colega Bobby Seale em Outubro de 1966, a fim de
fundar o Partido Pantera Negra para Autodefesa, no qual ele
assumiu as funções de «ministro da Defesa», enquanto Seale era o
presidente.
A primeira iniciativa de Huey e Seale foi acabar com o
abuso de poder cometido pela polícia branca contra os cidadãos da comunidade
negra de Oakland. Newton conhecia o Código Penal da Califórnia e os seus
artigos relativos ao uso de armas de fogo, e começou a persuadir os cidadãos
negros da cidade a exercerem o seu direito legal de porte de armas em público,
para defesa própria. Membros dos Panteras Negras carregando rifles
e revólveres passaram a patrulhar locais onde a polícia era acusada de cometer
crimes de motivação racial contra a comunidade negra, de maneira a acabar com
os abusos policiais, e foram fortemente apoiados pela comunidade negra. Além
das patrulhas armadas, Newton cuidou do lado social, criando um programa de
alimentação matinal diária para as crianças negras pobres da região.
Na madrugada de 28 de Outubro de 1967, Newton foi
parado, na sua patrulha pelos bairros negros de Oakland, pelo polícia John
Frey, que tentava desarmar e desencorajar a utilização dessas patrulhas. Com a
chegada do seu parceiro de ronda, Herbert Heanes, tiros foram disparados no
local, com os três envolvidos caídos feridos no chão. Frey foi atingido por
quatro tiros e morreu logo a seguir, enquanto Huey e o outro polícia foram
feridos. Levado ao hospital, versões testemunhais afirmaram que ele foi
espancado no leito até ficar inconsciente, por diversos polícias, mesmo ferido
à bala.
Levado a julgamento pela morte de Frey, Huey Newton
foi condenado por crime culposo, isto é, não intencional, cometido no calor de
uma discussão, passível de pena entre dois e quinze anos de cadeia.
Em Maio de 1970, foi libertado após a Corte de Apelação
da Califórnia ter ordenado outro julgamento, uma vez retiradas as acusações
contra ele pela Promotoria do Estado da Califórnia.
Durante o início da década de 1970, desenvolveu
uma estreita amizade com David Horowitz, na sua fase de militância à esquerda.
Horowitz, mais tarde, retratou Newton como «um pouco de gangster, terrorista,
intelectual e celebridade da imprensa». Como parte de seu trabalho em
conjunto com Newton e os Panteras, Horowitz
ajudou a arrecadar dinheiro e financiar uma escola para crianças pobres em
Oakland.
Horowitz recomendou que Newton contratasse Betty Van
Patter como contabilista dos Panteras e os seus serviços foram aceites pela
organização. Porém, em Dezembro de 1974, o corpo de Van Patter foi encontrado a
flutuar no porto de São Francisco. Horowitz concluiu que os Panteras Negras
estavam por detrás do seu assassinato e a sequência de factos levou-o a romper
com a militância esquerdista e a tornar-se um ícone do conservadorismo
americano.
Formado em Direito pela Universidade da
Califórnia em 1974, Newton foi acusado neste mesmo ano do assassinato de
uma prostituta de 17 anos, Kathleen Smith. Caçado pelo FBI - que durante
os anos de apogeu dos Panteras foi sempre o grande inimigo da
organização - ele fugiu para Cuba, onde passou três anos em exílio. Voltou aos
EUA em 1977 para enfrentar as acusações, segundo ele porque o clima político no
país havia mudado e ele agora acreditava ser possível ter um julgamento justo.
Como as provas da acusação contra ele eram apenas circunstanciais, Huey foi
absolvido do assassinato da adolescente.
Em 1980, doutorou-se em Filosofia pela Universidade
da Califórnia em Santa Cruz. Em 1984, foi internado por problemas
relacionados com abuso de drogas.
Em 22 de Agosto de 1989, Huey Newton foi assassinado a
tiros em Oakland. A versão policial é de que ele teria sido morto por um
traficante de 25 anos, Tyrone Robinson, membro de um gang
de rua chamado Black Guerrilla Family, com quem se envolvera durante
a década de 1980, depois de deixar um ponto de drogas em Lower Bottoms,
em West Oakland.
Ele foi transformado num ícone da cultura negra
americana e de rappers mais combativos, que o homenageiam em diversas
músicas e consideram a sua morte o resultado de um assassinato político,
praticado pelas autoridades, contra o seu activismo.
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